segunda-feira, maio 30, 2011

Críticas da Semana

Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana.

A OITAVA COR DO ARCO-ÍRIS (2004), de Amauri Tangará



Na pequena vila de Nossa Senhora da Guia, Joãzinho (Diego Borges) toma uma importante decisão: viajar para Cuiabá, vender a sua cabrita de estimação e, com esse dinheiro, comprar os remédios que aliviem a enfermidade da sua avó.

Elaborando um óbvio contraste entre a vida da cidade e do campo, a viagem de Joãozinho à capital do estado de Mato Grosso mais não é do que um pretexto para Amauri Tangará sublinhar a ingenuidade e emocionalidade que ainda determinam a existência de muitos indivíduos num planeta demasiado racional e globalizado. Formal e narrativamente simples, destaca-se a banda sonora apelativa e uma interessante mise-en-scène, sobretudo nas sequências situadas em Cuiabá que salientam o deslocamento do protagonista face à urbe que o envolve.

THE TUNNEL (2011), de Carlo Ledesma



Uma equipa de jornalistas, investigando suspeitas de ingerência e encobrimento governamentais, infiltram-se clandestinamente no sistema de esgotos de Sydney em busca de provas que sustentem aquelas teses. Contudo, irão encontrar, e confrontar, uma inusitada ameaça que colocará às suas vidas em risco.

A mais recente entrada do género found footage proporciona adequados calafrios para as massas, constituindo-se como interessante exercício sobre o engenho que, em cinema, a escassez de recursos económicos obriga. Acima de tudo, THE TUNNEL prende a atenção pelo seu revolucionário sistema de financiamento (a venda literal de cada fotograma do filme por um dólar) e distribuição (legalmente disponibilizado nas plataformas de torrents) que, forçosamente, influenciará o futuro de produções independentes.

INOCENTE OU CULPADO? (2003), de Alan Parker



David Gale (Kevin Spacey), professor universitário e activista dos direitos humanos, é sentenciado à pena de morte, acusado pela violação e homicídio de uma colega (Laura Linney) da associação onde militava. A três dias da execução, vende a sua história à jornalista Bitsey Bloom (Kate Winslet) com a promessa de revelar a sua história e surpreendentes motivos pessoais.

Indeciso entre o "panfleto anti-pena de morte" e o drama cujos detalhes vão-nos sendo revelados através de flashbacks, INOCENTE OU CULPADO? não convence por forçar a envolvência do espectador a um tema que, pela sua natureza, necessita sempre da presença de convicções pessoais. Essa sensação é mais do que notória no seu escusado twist final, o qual revela-se desajeitado e quase previsível. Spacey, Winslet e Linney estão, como lhes é habitual, seguros em papéis pouco exigentes.

NORWEGIAN WOOD (2010), de Anh Hung Tran



A vida pessoal de Toru Watanabe (Ken'ichi Matsuyama), um pacato e solitário estudante universitário, muda completamente após o inesperado suicídio do seu melhor amigo, Kizuki. Enquanto recupera, inicia uma relação amorosa com Naoko (Rinko Kikuchi), a antiga namorada de Kizuki. Partilhando com ela o seu luto e dor, a súbita entrada de outra mulher no quotidiano de Toru obriga-lo-à a reflectir sobre o seu passado e futuro.

Desinspirada adaptação do romance homónimo de Haruki Murakami, fortifica a noção da incerta qualidade cinematográfica dos seus livros e revela-se uma mediana balada visual (óptima direcção de fotografia, lânguida e melancólica) para o espectador que, pacientemente, aguarda um desfecho à altura do imenso potencial psicológico aqui demonstrado mas que nunca surge. Típico projecto que beneficiaria de uma "atmosfera" mais dinâmica, merece, contudo, atenta visualização.

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