domingo, outubro 30, 2005

A CÉU ABERTO (2003), de Kevin Costner



Embora sendo um género nunca antes abordado neste espaço, e sobre o qual não me sinto totalmente confortável em escrever, o filme-western, queiramos ou não, é fundamental para a nossa compreensão e conhecimento da história do Cinema.

Na última década, e após anos de negligência, assistiu-se ao renascimento das obras passadas nas grandes pradarias, onde as cidades são pequenas, sujas, violentas e locais onde a honra de um homem só era limpa através da lei da bala. O primeiro sinal de novo vigor do western americano surgiu em 1992, com IMPERDOÁVEL, de Clint Eastwood. A partir deste marco do cinema dos anos 90, constatou-se que não só o género estava de volta, como também se principiou a reinventá-lo, tendo sido vestígios deste facto obras como WYATT EARP (1994), HOMEM MORTO (1995) e, até certa medida, RÁPIDA E MORTAL (1995). Quanto tudo parecia não ser capaz de inverter esta tendência, eis que surge A CÉU ABERTO (OPEN RANGE, no original), a mais recente incursão de Kevin Costner na cadeira de realizador, 13 anos depois de DANÇAS COM LOBOS, sem dúvida o filme que terá iniciado este novo ciclo para as películas do Oeste Selvagem e que impulsionou o sucesso do já referido IMPERDOÁVEL.



Desde o primeiro frame, é possível perceber que a expressão "homenagem épica" é a que melhor se adequa para descrever A CÉU ABERTO. A exploração das belezas naturais do great american outdoors, onde a manada de Boss Spearman (Robert Duvall) e Charley Waite (Costner) pasta tranquilamente, reverte-nos imediatamente para obras incontornáveis como A CAVALGADA HERÓICA (1939) e A DESAPARECIDA (1956); o carácter incorruptível dos protagonistas traz-nos à memória o xerife de Gary Cooper em O COMBOIO APITOU TRÊS VEZES (1952); e a busca de justiça culminada no tiroteio final é reminescente às apresentadas em GUNFIGHT AT THE O.K. CORRAL (1957) ou no próprio IMPERDOÁVEL (1992).

Todas estas referências estão patentes em A CÉU ABERTO, e de forma bastante competente. Este título não só revitaliza o western épico, como possui créditos suficientes para devolver a Kevin Costner o seu estatuto "estelar" perdido em WATERWORLD (1995). Ou, pelo menos, era o que eu gostaria de advogar...



Para além dos seus valores técnicos (a direcção de fotografia de James Muro é de uma profundidade raramente conseguida com êxito), tenho de realçar favoravelmente as interpretações dos papéis secundários, composições com a devida profundidade psicológica, nomeadamente Annette Bening (excelente no seu retrato de uma mulher desenquadrada com o espaço físico e temporal em que habita), Diego Luna, Michael Jeter e Michael Gambon — sobretudo, este último: habituado a ser secundário de luxo, para quando um filme idealizado a pensar só nele?

2 comentários:

Anónimo disse...

Também não sou a melhor pessoa para falar de westerns mas a verdade é que vi este filme no seu ano de estreia e lembro-me de ter gostado :).

Cumps.

Francisco Mendes disse...

Sem dúvida que o género western é fundamental para o conhecimento da história do Cinema. O filme é bom e Costner sucedeu modestamente, pois não reinventou o género, limitando-se a prestar-lhe a devida vénia. Boa película!

Cumprimentos.

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