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domingo, janeiro 22, 2012

Críticas da Semana

Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana:

. ONCE UPON A TIME IN ANATOLIA
. KILL LIST
. A TOUPEIRA
. MORRER COMO UM HOMEM

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. ONCE UPON A TIME IN ANATOLIA (2011), de Nuri Bilge Ceylan



Um grupo de polícias, oficiais públicos e militares são conduzidos através do deserto negro turco por um homem acusado de homicídio, em busca do cadáver da vítima. Enquanto a noite decorre, todos terão de confrontar os seus fantasmas pessoais.



Vencedor do Grande Prémio do Júri no último Festival de Cannes, ANATOLIA é um policial impressionista — destaque imediato para a sua fabulosa fotografia nocturna — que nos confronta com uma investigação policial que mais não é do que um "pretexto" (poder-se-à chamar-lhe de red herring?) para a análise dos dramas pessoais de cada interveniente.

Se o existencialismo do argumento e o ritmo vagaroso do filme constituem-se como enormes testes à "paciência" do espectador, a câmara de Bilge Ceylan (interrogativa e abstracta, algo inovador para o realizador de OS TRÊS MACACOS) trata de o capturar através da exibição da natureza, simultaneamente irreal e mundana, em que o filme se contextualiza e na subtil "explicação" das personagens de ANATOLIA — que, na sua conclusão, substitui o cariz mítico da morte pelas suas consequências físicas e sociais, deixando-nos com a tarefa de definir onde reside a "eternidade" destes indivíduos. Obrigatório, sendo quase um escândalo não estar pré-seleccionado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

. KILL LIST (2011), de Ben Wheatley



Um ano depois de uma missão falhada em Kiev, um assassino profissional (Neil Maskell) aceita uma oferta monetária generosa para assassinar três alvos. Mas o que, a princípio, se afigura como tarefa fácil, cedo resvala numa viagem pelo lado mais negro da Humanidade.



Bem-vindos ao neo-noir de horror britânico, onde a crítica às "enfermidades" das sociedades contemporâneas é personificada por dois assassinos profissionais com passado obscuro, encarregues de abaterem alvos simplesmente identificados como Padre, Bibliotecário e Membro do Parlamento — indubitavelmente, três metáforas aos principais poderes institucionais — e que enfrentam, no visceral terceiro acto, forças reminiscentes de THE WICKER MAN (1973, Robin Hardy).

Como é simples de depreender, não estamos perante um filme de terror no sentido convencional do termo: a estrutura narrativa elíptica, a sua aparente incoerência e um argumento que, teimosamente, não providencia respostas, fazem com que o irascível e surpreendente clímax de KILL LIST potencie a sua "candidatura" a filme de culto. Sem moralidades políticas nem pendões estéticos claramente reconhecíveis, Ben Wheatley concebe uma obra que tanto pode ser o perfeito midnight movie para Halloweens vindouros como (perigoso?) objecto de análise junto das falanges de apoio ao Movimento Occupy Wall Street. E, como diria um colega meu da blogosfera, é brain-movie por excelência.

. A TOUPEIRA (2011), de Tomas Alfredson



Durante a Guerra Fria, o agente secreto George Smiley (Gary Oldman) é obrigado a sair da reforma para investigar a possibilidade de haver um agente soviético — ou uma "toupeira" — infiltrado no topo da hierarquia dos serviços secretos britânicos.



Baseado no romance de John le Carré, A TOUPEIRA poderá distanciar o espectador pouco interessado/familiarizado em "intrigas internacionais" da Guerra Fria, mas conquista-o através da irrepreensível atmosfera de medo, paranóia e traição aqui formada. E no seio da sua fotografia dominada por um constante sépia invernal, pelas acções vislumbradas através de superfícies vidradas e por interiores impregnados de fumo, destaca-se Gary Oldman — motivo suficiente para atribuir ao filme as quatro estrelas — que constrói um minimalista e assombroso Smiley, cujos silêncios revelam-se tão significativos quanto as suas palavras.

As adaptações ao grande ecrã de romances de espionagem nunca foram fáceis nem livres de defeitos — por exemplo, sou um dos que prefere O ESPIÃO QUE VEIO DO FRIO (1965, Martin Ritt) ou CAÇA AO OUTUBRO VERMELHO (1990, John McTierman) enquanto objectos exclusivamente cinematográficos —, e A TOUPEIRA não alterará esse paradigma. Contudo, pela direcção firme de Alfredson, a mestria de Carré não só é revitalizada como apresentada a toda uma nova audiência. Recomendado.

. MORRER COMO UM HOMEM (2009), de João Pedro Rodrigues



Tonia (Fernando Santos), uma veterana do espectáculo de travesti lisboeta, vê desabar o mundo à sua volta: o seu estrelato é ameaçado pela concorrência das artistas mais novas, submete-se a uma operação de mudança de sexo por pressão do seu jovem namorado, e o o filho que ela tinha abandonado em criança, agora um soldado desertor, vem à sua procura.



A ambiguidade sexual e o surrealismo do quotidiano sempre fizeram parte da obra de João Pedro Rodrigues, algo plenamente vísivel em O FANTASMA (2000) e ODETE (2005). Esses elementos estão, aqui, bem presentes, mas acompanhados de um pretensiosismo a abismar o banal que desconhecíamos no cineasta.

O percurso de Tonia (fabuloso Fernando Santos, numa multifacetada e exaustiva interpretação) talvez merecesse uma abordagem que não investisse tanto em sequências psicadélicas ao som de Baby Dee ou em insondáveis citações de Paul Celan, e que capitalizasse mais nas motivações e envolvimentos dramáticos do protagonista. Algo que a última meia hora de filme almeja conceber, não deixando dúvidas que MORRER COMO UM HOMEM teria funcionado substancialmente melhor como drama humano puro. Mesmo que arriscasse atingir níveis consideráveis de cinema depressivo, não nos importaríamos de ver esse hipotético resultado final mais satisfatório.

sábado, setembro 10, 2011

Venice Buzz



Faltam poucas horas para o anúncio dos principais galardoados da 68ª edição do Festival de Veneza.

Independentemente do que o júri presidido pelo realizador Darren Aronofski deliberar, aqui ficam dez dos filmes mais bem recebidos pela crítica durante o certame.

Títulos a ter em atenção, e não só para os prémios...

. TINKER, TAILOR, SOLDIER, SPY (Alemanha/EUA), de Tomas Alfredson



«Right here, right now, it's the film to beat at this year's festival.»
Xan Brooks, Guardian.

. THE IDES OF MARCH (EUA), de George Clooney



«A political thriller exploring themes of loyalty, ambition and the gap between public ideals and private fallibility, it engages the brain within the context of a solid entertainment.»
David Gritten, Telegraph.

. A DANGEROUS METHOD (Alemanha/Canadá), de David Cronenberg



«Precise, lucid and thrillingly disciplined, this story of boundary-testing in the early days of psychoanalysis is brought to vivid life by the outstanding lead performances of Keira Knightley, Viggo Mortensen and Michael Fassbender.»
Todd McCarthy, Hollywood Reporter.

. TAO JIE (A SIMPLE LIFE) (China/Hong Kong), de Ann Hui



«Susan Chan and Roger Lee's script is a bittersweet, unmistakably heartfelt look at ties between people who aren't blood relations but who have in effect a mother/son bond.»
Neil Young, Hollywood Reporter.

. ALPS (Grécia), de Giorgos Lanthimos



«It'd be rash to call it a better film than DOGTOOTH, but it is, in the relative scheme of these things, a bigger one, and exciting evidence of restless formal development on the part of its director.»
Guy Lodge, In Contention.

. SHAME (Reino Unido), de Steve McQueen



«[...] a formidable, and formidably sober, provocation.»
Jonathan Romney, Sight & Sound.

. L'ULTIMO TERRESTRE (Itália), de Gian Alfonso Pacinotti



«Loosely inspired by a collection of comics from colleague Giacomo Monti, pic cleverly uses its sci-fi elements to explore people's fear of diversity and the unknown.»
Boyd Van Hoeij, Variety.

. FAUST (Rússia), de Alexander Sokurov



«[...] and since we are yet before hell, the path to get there is, remarkably, a vibrantly soulful, terrible and funny feast.»
Daniel Kasman, MUBI.com.

. WUTHERING HEIGHTS (Reino Unido), de Andrea Arnold



«Full credit to director Andrea Arnold for taking such a bold and distinctive approach to Emily Brontë's account of sweeping passion on the Yorkshire moors.»
Xan Brooks, Guardian.

. CARNAGE (Alemanha/Espanha/França/Polónia), de Roman Polanski



«Snappy, nasty, deftly acted and perhaps the fastest paced film ever directed by a 78-year-old, [CARNAGE] fully delivers the laughs and savagery of the stage piece while entirely convincing as having been shot in New York, even though it was filmed in Paris for well-known reasons.»
Todd McCarthy, Hollywood Reporter.

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