domingo, outubro 02, 2005

QUEM ÉS TU? (2001), de João Botelho



O mito do Sebastianismo tem ditado, ao longo dos séculos, os brandos modos que caracterizam o povo português. Contudo, muitos dizem que a mitologia é a principal causa da nossa "decadência". Não admira, por isso, que este QUEM ÉS TU?, através da mistura de revitalização de Frei Luís de Sousa e de lição de história sobre D. Sebastião e a batalha de Alcácer Quibir, pretenda avisar-nos dos perigos que atravessamos se estivermos presos aos fantasmas do passado e não procurarmos acautelarmo-nos com o que o presente e futuro nos reserva.

QUEM ÉS TU? é puro cinema português: ritmo deliberadamente compassado, longos takes e sequências de profundo diálogo, cujo simbolismo é vital para entendermos a mensagem. Primeira nota de relevo: a escolha dos actores, completamente adequados aos seus papéis (sobretudo, Suzana Borges no papel de D. Madalena). Do mesmo modo, o segundo destaque vai para o realizador e respectivo trabalho de câmara: perfeitas, as composições de Elso Roque, o director de fotografia, pleno de segurança na escolha cromática.



Quanto à história, pouco a dizer, trata-se de um lugar-comum na história da nossa literatura — quem, entre vós, não estudou o texto de Almeida Garrett na escola secundária? A única novidade, para além da subtil actualização do texto («desarrozais» é substituído por «mentis», por exemplo), é o epílogo do filme, que condensa, em cerca de 30 minutos, o contexto político que antecede o enredo de QUEM ÉS TU?: as dificuldades da sucessão do trono português no séc. XVI, a regência do cardeal D. Henrique e o carácter idealista de el-rei D. Sebastião.

O cinema português não evoluiu, de forma substancial, com esta obra de João Botelho. No entanto, avivou as condicionantes do mito sebastianista, nem que seja pela proliferação de obras cinematográficas dedicadas ao tema, sendo exemplo principal O QUINTO IMPÉRIO - ONTEM COMO HOJE (2004), de Manoel de Oliveira.

9 comentários:

brain-mixer disse...

Isto do mito de D. Sebastião está mal aproveitado... Primeiro foi este, depois veio o de Manoel de Oliveira com "O quinto Império" e de seguida virá "A batalha dos 3 reis" em formato teatral... Epá, se fosse em Hollywood já tinham feito 5 superproduções com lutas épicas, batalhas com 150.000 soldados (bem... são números reais) e seria dado a mostrar a todo o mundo a faceta de Portugal e o potencial histórico que tem para filmes... Mas bom. Estamos cá no nosso cantinho...

Anónimo disse...

oi samuel!pena não sermos da mesma ilha.eu tenho msn.o endereço é susanacd_andrade@hotmail.com.xau,jokas grandes,fika bem***

gonn1000 disse...

Achei o filme uma seca, que nem sequer considero cinema mas teatro filmado (e logo do pretensioso). A evitar...

Francisco Mendes disse...

Realmente a sensibilidade cinematográfica deste filme é nula.

David Santos disse...

primeira vez que visito este blog!
vou ficar um visitante regular e já pus um link no meu blog!

Parabens

Anónimo disse...

Hum...não vi, mas confesso que também não me atrai muito o tema.

Cumps. cinéfilos

Miguel Andrade disse...

Primo, me deu vontade de assistir... Mas sabe quando um filme destes atravessa o atlântico?

brain-mixer disse...

Chiii, isso de filmes maus atravessarem o atlântico só se encalharem em icebergs! E logo esse... Pede aqueles mais acessível em termos de público.

Anónimo disse...

Sim, provavelmente por isso e

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