terça-feira, janeiro 23, 2007

Lawrence da Arábia (1962), de David Lean



De todos os grandes épicos produzidos na década de 60, existem dois que não cessam de figurar nas minhas escolhas para melhores filmes de sempre. Um é esse "épico da ficção científica" — passe a designação quase forçada — que dá pelo nome de 2001, ODISSEIA NO ESPAÇO (1968, Stanley Kubrick). O outro é, indiscutivelmente, LAWRENCE DA ARÁBIA.

Ambos os filmes partilham características que os tornam obras de referência para qualquer cinéfilo: intemporais na capacidade de surpreender e envolver o espectador; ambiciosos na escala da sua produção; incontornáveis por terem mostrado ao mundo imagens e atmosferas que nenhum outro título conseguiu alcançar.



Por quê, então, este súbito desejo de escrever sobre um filme acerca do qual tudo parece já ter sido manuscrito? Para já, realço o pack de dois DVD, da colecção Noir Collection, lançado pela Columbia (para quem é fã dos clássicos, é possível seleccionar uma variedade de títulos e a bom preço).

No entanto, a razão de força maior é o efeito que LAWRENCE DA ARÁBIA ainda exerce sobre o meu "paladar cinematográfico". Vi-o, pela primeira vez, com 12 ou 13 anos, e deixou a sua marca indelével — cá está, a tal intemporalidade. David Lean filma o deserto em toda a sua majestade, transformando o vazio percepcionado por aquele espaço seco e estéril numa autêntica personagem.

Paralelamente à sua beleza visual, LAWRENCE DA ARÁBIA subcontextualiza as motivações interiores da figura de T.E. Lawrence, conservando aquela figura misteriosa que, ainda hoje, suscita especulações em historiadores e biógrafos. Mesmo para um filme produzido nos idos de 60 — época em que a indústria cinematográfica ainda era controlada por um rígido "código moral" —, é possível vislumbrar as suspeitas da homossexualidade do protagonista, assim como o rótulo de masoquista e sanguinário que alguns dos seus opositores lhe colaram. Tudo isto condimentado por uma maturidade narrativa poucas vezes igualada, mesmo comparado ao panorama cinéfilo contemporâneo.



Concluindo este rol de "bajulação", faço minhas as palavras de Lars Penning, crítico de cinema alemão, aquando da sua dissertação sobre LAWRENCE DA ARÁBIA no livro MOVIES OF THE 60'S: «LAWRENCE DA ARABIA é um dos maiores e melhores filmes alguma vez realizado». Não poderia estar mais de acordo.

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