segunda-feira, novembro 26, 2007

Desabafo

Normalmente, reservo os posts deste espaço para dissertar acerca dos filmes que vejo, partilhar o material promocional das estreias por que mais anseio ou destacar notícias relacionadas com a Sétima Arte. Nunca o utilizei para desabafar ou, como é este o caso, reclamar sobre temas que não me "encham as medidas". Na blogosfera em que me insiro (ou seja, a açoriana) existem muitos locais, uns melhores que outros, para tais actividades. Que os visitantes nacionais deste blog me perdoem um desabafo que pouco ou nada lhes dirá...

Contudo, nenhum "português insular" deveria ficar sereno e no desconhecimento de que, para a maioria dos sites de vendas on-line de DVD, os Açores e a Madeira praticamente não existem enquanto potenciais alvos para angariação de consumidores.

O exemplo mais pragmático desta situação é o do site DVDGO.com. Sediado em Espanha e com um dos maiores conjuntos de ofertas em matéria de home cinema, é o paraíso de qualquer ávido cinéfilo em busca daquele título tão difícil de encontrar nos escaparates lusitanos. Para além da extensa oferta cinematográfica que dispõe, os artigos nunca foram visionados ou manuseados por terceiros (ao contrário do Amazon, por exemplo).



A somar à qualidade de serviço, os métodos de pagamento e envio são extremamente simples, credíveis e atraentes, para além de ser impossível não salientar a extensa lista de destinos cobertos pelo site.

No entanto, é aqui que surge o busílis. Para um comprador português, a única forma de receber uma encomenda proveniente daquele sítio é residindo em território continental (ou "peninsular", como o site declara). As ilhas portuguesas, pura e simplesmente, não estão abrangidas pela rede de distribuição da DVDGO.com. Por outras palavras, os habitantes de locais tão distantes como as Ilhas Fiji ou Timor Oriental possuem pleno acesso, enquanto que os "ilhéus do Atlântico" não figuram, nem remotamente, como potenciais destinos de vendas. Esta realidade não vos parece estranha? Sinceramente?

Já tive a oportunidade de confrontar o serviço de clientes da DVDGO.com, e a resposta que obtive deixou-me ainda menos descansado. Segundo a empresa, os arquipélagos dos Açores e da Madeira não estão contemplados pela «impossibilidade de se chegar, localmente, a acordo de parceria comercial com uma empresa de distribuição postal». Perante isto, e como sou um indivíduo extremamente curioso, perfilam-se diversas questões: não chegam a acordo porque ninguém, nos Açores e na Madeira, quis confrontar-se com a temível equação "investimento vs. recompensa"? Terá a DVDGO.com considerado os serviços das empresas (correios, alfândegas, transitários, etc.) locais como pouco fiáveis e descontextualizadas dos parâmetros de qualidade enumerados pela própria? Existirá, nas ilhas portuguesas, um número insuficiente de potenciais clientes?

Para além do inconveniente de não poder usufruir deste serviço, ainda fico com estas dúvidas a "martelarem-me" o orgulho cinéfilo. Contudo, deixo o manifesto: existirão por aí, nem que seja só em São Miguel, "almas caridosas" dispostas a exigir um simples direito que nós, supostos consumidores de uma União Europeia sem fronteiras, deveríamos encarar como garantido?

Aguardo, com elevada expectativa, algum reflexo de iniciativa...

1 comentário:

Anónimo disse...

E de que forma se poderá obrigar uma empresa a disponibilizar um serviço que não lhes interessa?


Veja-se o caso da parceria Fnac/CTT que cobra, para as ilhas 19 euros por uma encomenda até 2k.

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