sexta-feira, dezembro 28, 2007

Os Melhores de 2007

2007 foi, sem sombra de dúvida, um ano interessante no que toca a Cinema. O factor "imprevisível" que tem dominado as recentes entregas de prémios e decisões da crítica internacional atesta plenamente a afirmação que inicia este post.

Deste modo, não é tarefa fácil elaborar um top 10 com os melhores títulos de 2007 sem que essa opinião esteja à mercê de todo o tipo de refutação. Por isso, e cumprindo a tradição, apresento um "esboço" dessa dezena de filmes imprescindíveis para compreender o Cinema de 2007:


A FACE OCULTA DE MR. BROOKS

Uma das principais surpresas de 2007 — para mim, foi tão agradável que não hesitei em o colocar no topo desta lista. Entre as suas virtudes, destaco o regresso de Kevin Costner à boa forma enquanto performer e o argumento mais coeso, para um filme de terror psicológico, dos últimos anos. Só lamento não possuir estatuto para entrar na corrida aos galardões de Cinema. É pena...


ZODIAC

Por mais que o apelidem de ser um junkie virtuoso, o certo é que David Fincher conseguiu reiventar-se e criou um dos filmes mais inquietantes e perfeitos do ano que agora finda. Feito notável, se tivermos em consideração o facto de ser um relato de acontecimentos verídicos e, obviamente, uma obra repleta de imagens inesquecíveis. Já agora: para quando um filme inteiramente dedicado a Robert Downey Jr.?


O LABIRINTO DO FAUNO

O terror do mundo real em contraste com o terror do mundo fantástico, eis a fórmula do seu sucesso crítico e financeiro. Guillermo Del Toro concebeu o derradeiro conto de fadas para adultos e jovens de espírito maduro, sem deixar de piscar o olho à retrospectiva histórica. Impossível não adjectivar a sua imagética de irreprensível, a todos os níveis.


THE FOUNTAIN - O ÚLTIMO CAPÍTULO

Darren Aronofsky, enquanto representante de primeira linha da nova geração de cineastas norte-americanos, prova mais uma vez ser incapaz de produzir "maus filmes". Mesmo que a história seja filosoficamente complexa, e o seu visual arrojado e intemporal quase reduza os actores a acessórios das imagens, é difícil não referir este como um dos títulos indispensáveis de 2007.


300

O cinema digital está "condenado" a tornar-se uma disciplina própria da Sétima Arte. E, quando bem utilizada, é capaz de mostrar ao Mundo obras de grande originalidade e classe. 300 foi, durante o ano de 2007, o melhor exemplo dessa realidade, conseguindo incorporar efeitos visuais de ponta e um argumento pleno de consistência na mesma hora e meia de película.


PLANETA TERROR

Integrado no projecto GRINDHOUSE, em que Rodriguez e Tarantino encetaram na mais descomprometida homenagem ao cinema de série B, foi PLANETA TERROR quem mais se destacou. O tom de loucura e implausibilidade deliberadas e o seu (único) desejo de entreter mostram que Robert Rodriguez está como peixe na água no que toca a empreendimentos radicais. Que SIN CITY 2 chegue depressa!


APOCALYPTO

Mel Gibson prova, de uma vez por todas, ser um cineasta completo e excitante, cujas obras, independentemente do seu contexto temporal, são capazes de atrair o público mais diverso. Esta história de intrigas políticas na civilização Maia — com evidentes ressonâncias à realidade geopolítica dos dias que correm — pode não suscitar repetidas visualizações, mas é definitivamente inesquecível.


O BOM PASTOR

Uma das obras mais complexas de 2007, merece o seu lugar neste top devido à sua lânguida e cuidadosa exposição sobre o nascimento da controversa instituição que dá pelo nome de CIA. Para além da retrospectiva histórica, é palpável a forma como Robert De Niro pretende imprimir uma faceta humana e trágica aos indivíduos que, durante a Guerra Fria, abdicaram da simple life em prol de objectivos moralmente condenáveis.


O ESCAFANDRO E A BORBOLETA

Julian Schnabel, prolífero realizador de biopics, abraçou um desafio tão monumental quanto a condição física e psicológica do protagonista deste filme. A eficácia na exposição visual da peculiar incapacidade de Jean-Dominique Bauby é um dos seus pontos fortes, e a "bagagem" emocional aqui inerente promete tornar-lhe a vida fácil à conquista de galardões. Óscar de Melhor Filme Estrangeiro? Quase certo.

10º
INLAND EMPIRE

O regresso de David Lynch ao grande ecrã, após o fenomenal MULHOLLAND DRIVE, não poderia ser mais marcante. Três horas do mais puro surrealismo cinematográfico, esta é uma obra que nos incita à reflexão, à confusão e, se necessário for, à repulsa. Os seus "prazeres" são fugitivos, quase frustrantes, mas sempre estimulantes. E adensam a eminente questão principal do Cinema actual: o que raio vai na cabeça de David Lynch?

2 comentários:

José Quintela Soares disse...

Boas escolhas.

Bom Ano!

brain-mixer disse...

O teu 4º é o meu 1º ;)

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