domingo, junho 03, 2012
LIMITE (1931), de Mário Peixoto
Inspirado numa fotografia de André Kertesz, LIMITE reconta a história simples de três pessoas à deriva numa viagem de barco.
Único filme realizado por Mário Peixoto, LIMITE revela singularidade na inspiração que bebe da obra surrealista então desenvolvida, nomeadamente por Luis Buñuel ou Man Ray, e na montagem propiciadora de uma associação livre de ideias oriunda da União Soviética para a criação de um dos títulos mais ousados, líricos e vanguardistas de todos os tempos.
Impressionante na forma como a câmara se "liberta", constante e gradualmente ao longo do filme, do tripé, concebendo planos vertiginosos, subjectivos na sua intenção e metafóricos na sua emocionalidade, a narrativa de LIMITE é composta a partir de uma total ausência de title cards, fixada integralmente pelo (surpreendente para a época) naturalismo das interpretações e por um caminho visual sinuoso, na eminência do onírico mas que, de qualquer forma, nunca se solta da lógica mundana.
Obra-prima quase obscura, urge descobrir o seu puro poder cinematográfico.
[De realçar os esforços constantes que têm sido tomados em prol da preservação de LIMITE, um "filme mais falado do que visto", e cujo restauro mais recente, datado de 2000, demonstra que muito ainda há para fazer.]
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3 comentários:
Tenho de ver isto.
Álvaro, não te desapontará!
Cumps cinéfilos.
Já há uns dias que me falaste neste filme e agora, depois de ler a tua crítica, ainda mais curiosa fiquei. :)
Cumprimentos cinéfilos :*
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