domingo, junho 24, 2012

Sessão de Curtas #2

JORIS IVENS



Os primeiros anos da cinematografia do realizador holandês Joris Ivens são marcados por uma abordagem documental dinâmica e "primordial" aos sujeitos registados pela câmara.

Com o rosto humano muitas vezes capturado em planos dramáticos e expressionistas, e pela exibição de uma peculiar atenção poética a detalhes de maquinaria e engenharia, o cinema de Ivens demonstra-se vincadamente influenciado pelos estilos de René Clair, Sergei Eisenstein ou Dziga Vertov. Contudo, é também revelador de um olhar inteiramente original e merecedor de ser situado no mesmo patamar daqueles nomes.

Os quatro filmes abaixo publicados são exemplos de cinema puro, inseridos num género que alguns autores denominam de "filme industrial" e, numa perspectiva mais sociológica do que cinematográfica, potenciadores da observação de uma era onde Humanidade e desenvolvimento tecnológico — apesar dos "revezes" plenamente subentendidos na obra de Joris Ivens — coexistiam de modo pacífico e frutífero.

. DE BRUG / THE BRIDGE (1928)



Cinetismo, ritmo, azáfama e vertigem extraídos de um objecto estático por excelência: a ponte fluvial e ferroviária.



. PHILIPS-RADIO (1931)



Documentário encomendado pela Philips Eindhoven Company (a qual, mais tarde, recusou-se a exibi-lo integralmente), esta descrição poética de processos industriais é, também, uma peça de enorme ambivalência sobre como a mecanização, consciente ou inconscientemente, desumaniza a sociedade.



. SONG OF HEROES (1932)



«Seguiremos o caminho do socialismo através da rápida industrialização e deixaremos para trás a perpétua "privação Russa" de uma vez por todas. Seremos uma nação de automóveis e tractores». As palavras de Estaline, citadas a certa altura neste documentário, ganham forma no estilo — quase contraído pela força da propaganda dos seus preceitos — visual de Joris Ivens.



. NIEUWE GRONDEN / NEW EARTH (1933)



Documentário sobre o processo que originou o nome Países Baixos (ou seja, a constituição, através de diques e barragens, de terra onde antes existia mar), contrapõe a mecânica da formação de um dique com o drama da pobreza dos trabalhadores envolvidos nesse trabalho. A mensagem política final, denunciado a especulação em torno do preço de cereais, afigura-se surpreendentemente actual.



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