domingo, abril 14, 2013

O Cinema dos Anos 2000: Cidade de Deus, de Fernando Meirelles




"Na cidade de Deus, se correr o bicho pega e se ficar o bicho come".

É através deste cinismo urbano que Fernando Meirelles pinta um retrato elíptico de uma favela presa à sua própria condição. Na Cidade de Deus, o ouroboros último do Rio de Janeiro, a implacabilidade mundana é vista através dos olhos de dois amigos de infância, Buscapé e Zé Pequeno. O primeiro refugia-se da violência atrás da lente da sua máquina fotográfica. O segundo procura gratificação imediata e encontra no mundo da droga um irresistível atalho para as suas ambições. Segue-se a desconstrução social e política, em jeito de metáfora para uma realidade brasileira dos anos 2000, e, com ela, um troar de rebeldia imensuravelmente agastada.

Meirelles, via um extraordinário argumento de Bráulio Mantovani, dá cor, ritmo e personalidade a esta viagem no tempo, os anos 70 pautados pelas palpitações de uma juventude em mudança. O resto fica a cargo de jovens intérpretes repletos de talento que ajudaram a pôr o Brasil, os brasileiros e as suas problemáticas sociais nas bocas do Mundo. Isto é, não só é CIDADE DE DEUS uma obra-prima cinematográfica, mas, sobretudo, é-o com uma consciência.

por Filipe Coutinho (Cinema is my Life).

Elenco
. Alexandre Rodrigues (Buscapé), Leandro Firmino (Zé Pequeno), Phellipe Haagensen (Bené), Douglas Silva (Dadinho), Jonathan Haagensen (Cabeleira), Matheus Nachtergaele (Sandro Cenoura), Seu Jorge (Mané Galinha), Jefechander Suplino (Alicate), Alice Braga (Angélica)


Palmarés
. BAFTA: Melhor Montagem (Daniel Rezende)
. Satellite Awards: Melhor Filme Estrangeiro
. Festival Internacional de Toronto: Prémio Especial — Visions Award (Fernando Meirelles)
. Círculo de Críticos de Nova Iorque: Melhor Filme Estrangeiro


A "retomada" do Novo Cinema Brasileiro

Fruto de um incremento do investimento público para o Cinema, a Sétima Arte brasileira conheceu, nos anos 2000, a renovação estética e qualitativa dos filmes centrados em temáticas de intervenção social e crítica política. Obras como O INVASOR (2002, Beto Brant), ÔNIBUS 174 (2002, José Padilha e Felipe Lacerda), CARANDIRU (2003, Hector Babenco), 2 FILHOS DE FRANCISCO (2005, Breno Silveira), TROPA DE ELITE (2007, José Padilha) e SANTIAGO (2007, João Moreira Salles) assinalaram este regresso à "estética da fome" cunhada por Glauber Rocha.



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