quarta-feira, abril 10, 2013

O Cinema dos Anos 2000: Era Uma Vez Um Rapaz, de Chris Weitz e Paul Weitz




Qualquer texto sobre ERA UMA VEZ UM RAPAZ, adaptado do best-seller de Nick Horny, não pode descurar o quão enganador é o título; na verdade, esta é uma história sobre dois rapazes cujos destinos levarão a uma improvável ajuda mútua. O primeiro é Marcus, de 12 anos, que lida com o facto de ser presa fácil para bullies na escola e com a interminável depressão da sua mãe solteira em casa. O outro é Will, homem feito que se assume como uma espécie de Peter Pan moderno (solteiro e superficial por desígnio), o qual denomina a sua vida como uma "ilha" baseada nos lucros dos direitos de autor de uma canção de Natal que o seu pai compôs há cinco décadas, preenchendo-a com gadgets para ele mais importantes que outros seres humanos.

É neste cenário — que poderia ser a sinopse de qualquer uma das dúzias de comédias românticas estreadas na última década — que ERA UMA VEZ UM RAPAZ explana uma satisfatória e tonificante mensagem positiva e humana sem pejo de recorrer (e de também as desvirtuar) às habituais mecânicas do cinema "ligeiro" Britânico, popularizado durante os anos 90, com Richard Curtis (O AMOR ACONTECE, 2003) e Hugh Grant como principais figuras. Não surpreende, portanto, que o próprio Grant possua aqui o protagonismo e desfaça, gradualmente, aquela imagem do apaixonado gaguejante, inseguro e evasivo que construiu em títulos como QUATRO CASAMENTOS E UM FUNERAL (1994) e NOTTING HILL (1999). Assim, observamos como os arcos narrativos e os estados românticos das duas personagens principais possuem uma qualidade diegética imprevisível, a qual, e compulsivamente, faz-nos hesitar sobre a certeza de um happy ending.

Se o Cinema dos anos 2000 foi capaz de produzir títulos em contracorrente ao pessimismo — inclusive artístico — generalizado daquela década, então ERA UMA VEZ UM RAPAZ constitui-se como exemplo principal de cinematografia reconfortante e calorosa. Mesmo que ceda ao truque fácil de usar o sentimentalismo do tema «Killing Me Softly», de Roberta Flack, para demonstrar redenção e felicidade finais.

por Samuel Andrade.

Elenco
. Hugh Grant (Will Freeman), Nicholas Hoult (Marcus Brewer), Toni Collette (Fiona Brewer), Rachel Weisz (Rachel), Nat Gastiain Tena (Ellie), Sharon Small (Christine), Nicholas Hutchinson (John)


Palmarés
. Satellite Awards: Melhor Tema Original ("Something To Talk About", Damon Gough)


Nick Hornby no Cinema

Escritor inglês, famoso por conceber, frequentemente, personagens obcecadas por desporto e cultura popular, os seus romances ERA UMA VEZ UM RAPAZ, ALTA FIDELIDADE (Stephen Frears, 2000) e FANATICAMENTE APAIXONADOS (Bobby e Peter Farrelly, 2005) já foram adaptados ao Cinema. UMA OUTRA EDUCAÇÃO (Lone Scherfig, 2009) assinalou a sua estreia como argumentista.



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