quinta-feira, fevereiro 05, 2009

DÚVIDA (2008), de John Patrick Shanley



1964, Colégio Católico de St. Nicholas no Bronx. O dinâmico e carismático Padre Flynn (Philip Seymour Hoffman) procura apaziguar as tradições conservadoras do colégio, o qual tem sido gerido com mão de ferro e obstinada crença no poder do medo e da disciplina da Irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep), a Reitora do estabelecimento. Quando a Irmã James (Amy Adams), uma ingénua noviça, partilha com a Irmã Aloysius a sua suspeita de que o Padre Flynn estará a demonstrar uma afectuosidade imoral por Donald Miller (o primeiro estudante negro do colégio), a regente assume a missão de desmascarar e excomungar Flynn da paróquia. Apesar de não possuir provas estáveis, à excepção da sua firmeza moral, do delito, as convicções da Irmã Aloysius e do Padre Flynn gladiam num confronto que poderá devastar o Colégio e a própria Igreja Católica.



John Patrick Shanley adapta ao Cinema a peça de teatro que, em 2005, lhe valeu um Pulitzer e o Prémio Tony de Melhor Peça. E não me restam dúvidas (passe o trocadilho) de estarmos perante um dos melhores exemplos da sempre árdua ligação entre dois meios artísticos que tanto se complementam como se afastam: enquanto os diálogos e sequências possuem, claramente, atributos teatrais, Shanley encontrou a melhor forma de transitar a sua dissertação sobre fé religiosa e os perigos do rumor infundado para película (contando com o sempre especial toque do director de fotografia Roger Deakins).

Embora se trate de um pormenor bastante aclamado (e as quatro nomeações para Óscares desta área atestam-no), as interpretações são pautadas por altos e baixos: Meryl Streep progride em overacting imparável, Hoffman surge em "piloto automático" e Amy Adams só ocasionalmente impressiona. Aqui, o verdadeiro motor de representação ganha forma em Viola Davis, como mãe do jovem que suscita todo o "mistério". Não obstante os escassos minutos em que intervém, deixa uma marca indelével e vocifera os maiores choques neste DÚVIDA.

2 comentários:

Maria Brandão disse...

Não vi o filme, mas vi a peça protagonizada por Eunice Munoz e Diogo Infante. Mesmo que as interpretações não sejam excelentes, vale a pena pelo texto que lhe subjaz.

Filipe Machado disse...

Basta ver os dois actores da foto para ir a correr ver o filme!

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