quinta-feira, junho 25, 2009
Sobre as novidades para o Óscar de Melhor Filme...
Tal como qualquer sociedade comercial de registo, também a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas — responsável pela atribuição anual dos Óscares — estuda e procura compreender índices de audiência menos abonatórios ou conjura soluções para atrair um maior e mais diversificado público à cerimónia dos 'Academy Awards'. Face ao declínio gradual, registado nos últimos anos, em termos de espectadores e receitas de publicidade naquela que muitos apelidam de «a mais longa noite cinematográfica do ano», a Academia anunciou ontem, por intermédio do seu presidente Sid Ganis, o alargamento de 5 para 10 nomeados na categoria de Melhor Filme, com efeito prático já em 2010, retomando assim uma prática habitual durante os verdes anos do galardão.
Perante este cenário, é difícil não recordar a "celeuma" causada pelas ausências de THE DARK KNIGHT — O CAVALEIRO DAS TREVAS e WALL-E, dois dos títulos mais rentáveis de 2008, entre os nomeados ao galardão principal da cerimónia de Fevereiro passado. O debate entre filmes "oscarizáveis" e "blockbusters com qualidade acima da média" alimentou incessantes debates na imprensa e comunidades cinematográficas acerca dessa suposta dicotomia — e a decisão de nomear 10 títulos para Melhor Filme tem, em menos de 24 horas desde o seu anúncio, feito correr imensa tinta.
Da minha parte, não a considero uma má decisão. Sem dúvida, a presença de filmes apelativos a gerações mais novas numa importante categoria poderá (re)acender o interesse deste público-alvo pela cerimónia, assim como atiçar os anunciantes a investir nos intervalos publicitários da entrega de prémios. Louvo, também, o factor supresa que este anúncio constituiu para os grandes estúdios e marketeers, agora a braços com uma total reformulação das linhas que regiam estratégias para "vender" um filme aos membros da Academia. Um "contratempo" que exigirá mais trabalho, mas com irresistível potencial comercial, sobretudo para o mercado de DVD/Home Video; a frase «Nomeado para Melhor Filme» é, definitivamente, um chamariz para o consumidor mais "desinformado"...
Deste modo, 2010 poderá marcar um interessante conjunto de nomeados para Melhor Filme, havendo mesmo quem preconize as presenças nesta categoria de títulos como UP — ALTAMENTE, STAR TREK ou THE HURT LOCKER — ESTADO DE GUERRA: 3 filmes de índole comercial mas com marcante ressonância positiva entre a crítica desta indústria.
No meio frenesim mediático, realço o comentário de Samuel L. Jackson, ao Los Angeles Times, que sintetiza o sentimento recente acerca da cerimónia dos Óscares e a satisfação generalizada que esta notícia tem suscitado: «Os Óscares não são atribuídos aos filmes que as pessoas querem ver. Quem diabo quer ver O LEITOR?».
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1 comentário:
Tem realmente as suas vantagens, apesar de considerar esta iniciativa uma estratégia puramente comercial e financeira.
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