segunda-feira, junho 13, 2011

Críticas da Semana

Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana.

OS FALSIFICADORES (2007), de Stefan Ruzowitzky



Sally Sorowitsch (Karl Markovics), cidadão judeu de Berlim com poucos escrúpulos, é detido por agentes nazis e levado para o campo de concentração de Mauthausen. Para sobreviver, e devido ao seu passado de contrafacção, aceita trabalhar num esquema de falsificação de libras e dólares, engendrado pelo Terceiro Reich, o qual, pelos montantes envolvidos, tornou-se num dos maiores já registados pela História.

Vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007, OS FALSIFICADORES é exímio enquanto drama histórico — desde a reconstituição até à caracterização das personagens, não se lhe consegue apontar um defeito — e os excelentes desempenhos de Markovics e Devid Striesow (no papel do oficial nazi que liderou a falsificação) estão à altura do trabalho visual. Felizmente, os temas de sobrevivência e esperança do argumento não ficam diluídos na vontade, em demasia, de nos ser constantemente "relembrado" que este é um filme sobre o Holocausto, quase banalizando a impiedade dos campos de concentração.

HANNA (2011), de Joe Wright



Hanna (Saoirse Ronan) é apenas uma adolescente mas possui a força e energia de um soldado, fruto do treino que o pai (Eric Bana), ex-agente da CIA, lhe facultou. Contudo, os segredos acerca do seu passado levam-na a embarcar numa missão pela Europa e à perseguição que lhe é movida por Marissa Wiegler (Cate Blanchett), uma operacional com agenda própria.

Há filmes que parecem estar a pedir para serem desancados, e HANNA acaba de se "inscrever" nesse grupo. Apetrechado de um conceito perspicaz, fotografia e montagem estimulantes, banda sonora fenomenal (da responsabilidade dos The Chemical Brothers) e uma Saoirse Ronan carismática, acaba por — incompreensivelmente — desperdiçar todas estas mais valias pela total ausência de subtileza e lógica do seu final. Exemplo pragmático de como se troca brilhantismo cinematográfico pela "preguiça"...

TAXIDERMIA (2006), de György Pálfi



Três histórias retratam três gerações da mesma família: o avô, soldado durante a Segunda Guerra Mundial com uma vida de bizarras fantasias sexuais; o filho, um "atleta-comedor" obeso na Hungria ocupada pela União Soviética; e o neto, um taxidermista dos nossos dias com uma peculiar ambição acerca do seu próprio corpo.

Visceral, hilariante e inesquecível, comprova a vitalidade do cinema húngaro contemporâneo e, sobretudo, o talento único de György Pálfi, capaz de transformar uma alegoria à História recente da Hungria num festim de gore, terror físico e realismo mágico. Brilhantemente fotografado, repleto de planos fluidos e elegantes, recomenda-se a sua visualização.

ENDEREÇO DESCONHECIDO (2001), de Kim Ki-Duk



Numa localidade rural da Coreia do Sul, os seus habitantes procuram conciliar desejos e obsessões com os omnipresentes vestígios de colonialismo e da Guerra Fria. Nomeadamente, as desilusões de três adolescentes, as memórias dos anciãos da aldeia e a vontade de uma mulher em contactar o soldado norte-americano, de quem teve um filho e cujas cartas são constantemente devolvidas.

Conjugando os elementos básicos de um drama trágico com o pessimismo formal de Kim Ki-Duk, somos testemunhas de uma narrativa, semi-autobiográfica, que não só explora o legado e influência que a Guerra da Coreia teve na sua população, como também é um filme humano, mas inquietante, sobre os receios de qualquer um: infelicidade, pobreza, sexualidade. A tragédia é totalmente previsível, mas sem essa violência nunca apreenderíamos os temas de ENDEREÇO DESCONHECIDO. Obrigatório.

THE WARD (2010), de John Carpenter



Em 1966, Kristen (Amber Heard) é internada num hospital psiquiátrico após ser encontrada a incendiar uma casa. Na instituição, começa a ser aterrorizada pelo fantasma de uma antiga paciente, cujos motivos para o seu rancor estão relacionados com as outras residentes daquele hospital.

Carpenter, embora hábil, raramente foi detentor de terror subtil. O argumento de THE WARD confirma-o e o toque formal do "mestre" (que excelente atmosfera!) é plenamente sentido. Contudo, este já se revelou mais criativo na capacidade de entreter e aprisionar os espectadores através do sobrenatural. Salienta-se o twist final que, longe de ser inovador ou imprevisível, é eficiente e recompensa os fãs do cineasta — sem dúvida, aqueles que viverão melhor esta hora e meia de cinema.

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