Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana.
OS FALSIFICADORES (2007), de Stefan Ruzowitzky
Sally Sorowitsch (Karl Markovics), cidadão judeu de Berlim com poucos escrúpulos, é detido por agentes nazis e levado para o campo de concentração de Mauthausen. Para sobreviver, e devido ao seu passado de contrafacção, aceita trabalhar num esquema de falsificação de libras e dólares, engendrado pelo Terceiro Reich, o qual, pelos montantes envolvidos, tornou-se num dos maiores já registados pela História.
Vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007, OS FALSIFICADORES é exímio enquanto drama histórico — desde a reconstituição até à caracterização das personagens, não se lhe consegue apontar um defeito — e os excelentes desempenhos de Markovics e Devid Striesow (no papel do oficial nazi que liderou a falsificação) estão à altura do trabalho visual. Felizmente, os temas de sobrevivência e esperança do argumento não ficam diluídos na vontade, em demasia, de nos ser constantemente "relembrado" que este é um filme sobre o Holocausto, quase banalizando a impiedade dos campos de concentração.
HANNA (2011), de Joe Wright
Hanna (Saoirse Ronan) é apenas uma adolescente mas possui a força e energia de um soldado, fruto do treino que o pai (Eric Bana), ex-agente da CIA, lhe facultou. Contudo, os segredos acerca do seu passado levam-na a embarcar numa missão pela Europa e à perseguição que lhe é movida por Marissa Wiegler (Cate Blanchett), uma operacional com agenda própria.
Há filmes que parecem estar a pedir para serem desancados, e HANNA acaba de se "inscrever" nesse grupo. Apetrechado de um conceito perspicaz, fotografia e montagem estimulantes, banda sonora fenomenal (da responsabilidade dos The Chemical Brothers) e uma Saoirse Ronan carismática, acaba por — incompreensivelmente — desperdiçar todas estas mais valias pela total ausência de subtileza e lógica do seu final. Exemplo pragmático de como se troca brilhantismo cinematográfico pela "preguiça"...
TAXIDERMIA (2006), de György Pálfi
Três histórias retratam três gerações da mesma família: o avô, soldado durante a Segunda Guerra Mundial com uma vida de bizarras fantasias sexuais; o filho, um "atleta-comedor" obeso na Hungria ocupada pela União Soviética; e o neto, um taxidermista dos nossos dias com uma peculiar ambição acerca do seu próprio corpo.
Visceral, hilariante e inesquecível, comprova a vitalidade do cinema húngaro contemporâneo e, sobretudo, o talento único de György Pálfi, capaz de transformar uma alegoria à História recente da Hungria num festim de gore, terror físico e realismo mágico. Brilhantemente fotografado, repleto de planos fluidos e elegantes, recomenda-se a sua visualização.
ENDEREÇO DESCONHECIDO (2001), de Kim Ki-Duk
Numa localidade rural da Coreia do Sul, os seus habitantes procuram conciliar desejos e obsessões com os omnipresentes vestígios de colonialismo e da Guerra Fria. Nomeadamente, as desilusões de três adolescentes, as memórias dos anciãos da aldeia e a vontade de uma mulher em contactar o soldado norte-americano, de quem teve um filho e cujas cartas são constantemente devolvidas.
Conjugando os elementos básicos de um drama trágico com o pessimismo formal de Kim Ki-Duk, somos testemunhas de uma narrativa, semi-autobiográfica, que não só explora o legado e influência que a Guerra da Coreia teve na sua população, como também é um filme humano, mas inquietante, sobre os receios de qualquer um: infelicidade, pobreza, sexualidade. A tragédia é totalmente previsível, mas sem essa violência nunca apreenderíamos os temas de ENDEREÇO DESCONHECIDO. Obrigatório.
THE WARD (2010), de John Carpenter
Em 1966, Kristen (Amber Heard) é internada num hospital psiquiátrico após ser encontrada a incendiar uma casa. Na instituição, começa a ser aterrorizada pelo fantasma de uma antiga paciente, cujos motivos para o seu rancor estão relacionados com as outras residentes daquele hospital.
Carpenter, embora hábil, raramente foi detentor de terror subtil. O argumento de THE WARD confirma-o e o toque formal do "mestre" (que excelente atmosfera!) é plenamente sentido. Contudo, este já se revelou mais criativo na capacidade de entreter e aprisionar os espectadores através do sobrenatural. Salienta-se o twist final que, longe de ser inovador ou imprevisível, é eficiente e recompensa os fãs do cineasta — sem dúvida, aqueles que viverão melhor esta hora e meia de cinema.
segunda-feira, junho 13, 2011
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