terça-feira, dezembro 27, 2011

#34



... segundo as palavras do derradeiro participante desta iniciativa — a saber, o ArmPauloFer, do blog Ecos Imprevistos:

Fazer uma escolha dos 10 filmes da minha vida não é uma tarefa assim tão simples quanto parecia. Perante tal dilema, decidi que os 10 filmes teriam de representar a evolução de quem sou e com isso serem escolhas irrevogáveis. Escolhas que, apesar de subjectivas, não mudem nem hoje nem daqui a 40 anos e por isso intensamente profundas para mim.

. SUPER-HOMEM
(1978, Superman, Richard Donner)



Ser criança, ler comics, ter o Super no top dos preferidos, tentar fazer desenhos dele... e um dia ver em imagem real que este homem realmente voa, segura um helicóptero com uma mão e faz de linha férrea para impedir o descarrilar dum comboio (e muito mais no mesmo decorrer de filme), com tudo tão bem feito, com uma icónica banda-sonora tão imponente que ainda hoje me arrepia (verídico)... foi memorável até hoje. Exibido numa Quarta-feira, na "Lotação Esgotada" da RTP1, fez com que na primária não se falasse de mais nada nos dias seguintes (o mesmo sucedeu com o Rambo...).

Em casa, andei muitas vezes com uma toalha pelas costas a fazer de capa, a desenhar montes de Superman e especialmente o "S" com obsessão. Ainda hoje o faço...
O verdadeiro primeiro filme da minha vida, pelo impacto que teve (as repercussões chegam até à minha profissão — artes gráficas) e um que relembro constantemente ao longo dos anos.

Ao lado deste e com igual impacto, o primeiro BATMAN de Tim Burton... ambos são inabaláveis.


. REGRESSO AO FUTURO
(1985, Back to the Future, Robert Zemeckis)



Este filme representa a primeira vez que fui ao cinema e a sair da sala totalmente maravilhado. Já tinha ido antes mas eu queria era mais maravilhamento, coisa que o MÚSICA NO CORAÇÃO não foi suficiente.

O Michael J.Fox no skate, a canção do Huey Lewis, as portas do carro que abriam para cima, que na verdade é uma máquina do tempo que deixa trilhos de fogo quando parte, um cientista maluco espectacular, paradoxos temporais e existenciais, diversas linhas temporais, uma grande aventura... isto era magia pura!!!

Era um puto de 10 anos em êxtase e o título do filme até serviu de razão para o professor de inglês, na preparatória, evidenciar as diferenças do inglês americano para o de Londres. A utilidade pedagógica do cinema...


. A LISTA DE SCHINDLER
(1993, Schindler's List, Steven Spielberg)



Com este filme Spielberg reúne tudo o que de melhor sabe e para mim ergue talvez mesmo a sua obra-prima de sempre. Não só é um belíssimo tributo a Schindler e ao legado deixado, como serve de visao personalizada da guerra, do holocausto nazi, da recessão, da fome, etc... como também por nos colocar junto das vitimas desafortunadas e sobretudo da tremenda luta que Schindler travou pelos "seus" judeus.

A "magia" visual de Spielberg também foi aplicada nesta obra ao preto-e-branco, pois o quanto nos marca e intriga os vislumbres da criança a cores...

Avassalador!


. PULP FICTION
(1994, Pulp Fiction, Quentin Tarantino)



Tinha ficado impressionado com o CÃES DANADOS numa exibição no Fantasporto e lá fui ver este, que até despertava curiosidade em ver como se safava a portuguesa Maria de Medeiros num filme americano. Quando saí da sala de cinema (o extinto Lumiere -Porto), estava de sorriso largo. Encheu-me as medidas este tremendo filme puzzle sem perder de vista a "pop culture" e mais que isso, que inesquecível banda-sonora!

Não foi à toa que foi o primeiro CD de uma OST que adquiri e também o meu primeiro DVD (nem leitor tinha sequer).

É para mim a obra-prima absoluta de Quentin Tarantino. Incontornável!


. TOY STORY: OS RIVAIS
(1995, Toy Story, John Lasseter)



Quando saiu fui ver e... naquele momento percebi claramente que esta animação era especial sob qualquer perspectiva. Um filme singular e sem igual, acima de tudo pela novidade de ser gerado inteiramente por computador e, apesar de todo o artificio técnico, sabia contar uma história com sub-textos de interpretação e sem esquecer o encantamento duma boa fantasia muito bem pensada. Revolucionário inquestionável!

Depois deste filme o nome Pixar ficou logo assimilado.


. ADEUS, PAI
(1996, Adeus, Pai, Luís Filipe Rocha)



Não foi o primeiro filme português que me levou ao cinema mas foi aquele que mais me impressionou e marcou. Um filme onde o termo "E se?" perdurou sempre na minha mente. No fundo, é uma criança que quer mais do seu pai... e o seu pai o atende mas tem um "adeus" no horizonte. Enternecedor, muito bom o exercício, magico e marcante. E surpreende com um final onde é o espectador que leva consigo a missão de aprender algo com esta história. Grande cinema moderno português!

. A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES
(1958, Vertigo, Alfred Hitchcock)



A semente cinéfila desenvolveu-se imenso nesta fase, desde as conversas com outros estudantes. Foi sobretudo, quando o grande cinefilo-critico Bénard da Costa, conduzia os seus programas cinéfilos na RTP2, gradualmente apresentando obras para a descoberta acontecer no espectador com entusiasmo.

Naquela altura, aqueles programas foram autênticas aulas de cinema, funcionavam por ciclos semanais e passando por diversos nomes importantes por semana, do Orson Welles a todos os outros, mas o desfile Hitchcock foi tão forte que parava ali quieto para nada perder, sendo o culminar a forma apaixonada como Bénard da Costa apresentou VERTIGO, onde primeiro contextualizou o que iríamos ver e depois de exibido regressaria para o debater, dando ênfase aos pontos chaves desta magnifico filme de Hitchcock. Gigantes: filme, realizador e o critico-didáctico.


. O QUARTO MANDAMENTO
(1942, The Magnificent Ambersons, Orson Welles)



nesquecível. Este é o filme de Welles que mais me impressionou, especialmente pela narrativa. Tenho a impressão que ficou sempre na sombra do CITIZEN KANE mas deixou-me encantado totalmente. Welles trata esta obra sobre a ascensão e queda de uma família, como um verdadeiro épico, que atravessa os tempos pontuado pela voz-off do realizador. Considero-o uma obra-prima!

. MATRIX
(1999, The Matrix, Andy e Larry Wachowski)



"What is the matrix?" era esta a pergunta que nos entregava o marketing, que de uma assentada só colocava o cerne da intriga na mente do ansioso espectador. E eu era um desses ansiosos em 1999. Digo, da minha apreciação que me significou imenso, maravilhou-me a todos os níveis a pontos de ser um pessoal standard cinéfilo de entretenimento de acção que atravessa tantos outros géneros com brilhantismo, tudo isto numa narrativa muito elaborada e com imensos sub-textos dignos de reflexão.

. DISPONÍVEL PARA AMAR
(2000, Fa yeung nin wa, Wong Kar Wai)



Tenho um fascínio tremendo por esta obra. A dolência da imagem, o apuro visual, a precisão da banda-sonora, o design de produção, o vestuário e toda a classe que emana num historia marcante onde a honra e princípios sociais retiram o poder de entrega física a duas pessoas que sabem terem sido traídas pelos cônjuges e acabam ambos descobrindo um verdadeiro amor mútuo... mas impedem-se de consumar tão forte amor. Magnífico!

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Obrigado, Armindo, pela tua participação!

5 comentários:

ArmPauloFerreira disse...

Obrigado Samuel por tudo (especialmente a paciência).
Espero que apreciem e entendam a minha lista... na verdade ela foi desenvolvida como uma sólida timeline com paragem em 2001 mas, e tal como nos filmes, até poderia ter uma sequela e espero que muitos mais filmes me marquem a vida.
Não espero impressionar ninguém mas sim mostrar uma faceta pessoal traduzida por filmes... os da minha vida!

Sam disse...

Obrigado eu, Armindo!

Essa sempre foi a intenção desta iniciativa: uma "expressão pessoal" de cada blogger a partir dos 10 filmes que mais o marcaram.

Em 34 participações, julgo que essa vontade foi cumprida.

Cumps cinéfilos.

Jorge Teixeira disse...

Bela lista sem dúvida, e à parte de serem pessoais e demarcantes de uma evolução, tem filmes de altíssima qualidade. Retenho Matrix e Disponível para Amar também como objectos da minha mais profunda admiração.

As tuas palavras vão certamente apressar a minha visualização de The Magnificent Ambersons (o qual já tinha e que está há imenso tempo para ser visto).

abraço

O Narrador Subjectivo disse...

Continuo a achar que o The Magnificent Ambersons é o melhor Welles ;)

ArmPauloFerreira disse...

Jorge e Narrador Subjectivo: Muito obrigado pelas palavras de apoio, que muito apreciei.

O segundo filme de Orson Welles foi sempre aquele que mais me fascinou, apesar de admitir que ele terá obras melhores. Mas "The Magnificent Ambersons" é um drama que me deslumbrou com total admiração.
Dizem que é uma das melhores adaptações de sempre de uma obra literária... e só soube disso há pouco tempo. Welles sabia bem o que fazia!

Samuel: mais uma vez agradeço a honra da minha participação no teu espaço.

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