quarta-feira, novembro 07, 2012

ARGO (2012), de Ben Affleck



Quando a revolução iraniana atinge o ponto de ebulição, um especialista da CIA elabora um plano arriscado para libertar seis americanos refugiados em casa do embaixador canadiano. Uma história real, que se desenrolou em simultâneo com a crise dos reféns na embaixada em Teerão e foi mantida secreta durante décadas. — filmSPOT.pt



Na minha ingenuidade, julgava que Hollywood já não se orgulhava em produzir filmes deste género, ou seja, inspirados no passado mais recente dos EUA — o qual, como todos sabemos, não é pródigo em episódios favoráveis — para "espicaçar" o orgulho nacionalista de um país, aparentemente, a atravessar profunda crise de identidade.

E ARGO, com ou sem essa intenção nos seus preceitos, dificilmente consegue afastar a imagem de uma obra que "desenterra" os detalhes de uma curiosa acção da CIA, durante a crise de reféns que se seguiu à Revolução Iraniana de 1979, para vender a patriota imagem de que Hollywood é mais do que uma terra de sonhos e estrelas: também consegue salvar vidas no seio do pior cenário de convulsão política, social e religiosa (o Irão de Ayatollah Khomeini) possível. A Academia decerto que agradecerá com uma quantas nomeações sonantes para a próxima cerimónia dos Oscars...







No entanto, e do ponto de vista formal, Affleck maquina um filme robusto: o argumento está plenamente estruturado e sem uma única ponta solta, ostentando inspirados momentos de humor ("Argo fuck yourself!" será uma das frases do ano) e uma satisfatória mas inocente auto-paródia, através do comic relief de Alan Arkin, à indústria cinematográfica norte-americana; há emoção, drama e, visto ARGO ser história de espiões, um clímax à medida do género; o trabalho de recriação histórica é intocável. E as liberdades criativas (o modo como, em 1979, a SwissAir transmite uma confirmação de voo de Washington para Teerão em poucos segundos demonstra plenamente essa "iniciativa") exercidas sobre os acontecimentos verídicos reconstituídos dão a entender um enorme potencial satírico subjugado pela solenidade empregue.

Apenas falta a capacidade de "resgatar" emocionalmente o espectador. E Ben Affleck, na cadeira de realizador, já provou saber manipular esse elemento mais cabalmente.

A ver sem compromissos.

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