sábado, abril 27, 2013

LEONES (2012), de Jazmín López



Um grupo de amigos passeia numa densa floresta. É verão, têm tempo para jogar com as palavras, para perder uns com os outros. Um dos rapazes ouve insistentemente a mesma gravação das vozes do grupo. Já passaram por aquele exacto local, só que não estão perdidos. As referências anunciam um desfecho ao qual recusam entregar-se. — IndieLisboa.



Impressionante e convicta obra de estreia, sobre a qual não é simples reflectir numa única visualização ou sem descortinar grande parte do argumento, da realizadora argentina Jazmín López, LEONES concebe um surpreendente mundo onírico no seio de um cenário familiar — a floresta onde estão perdidos, cuja espessa vegetação parece querer "engolir" as personagens — e de cinco figuras que, à primeira vista, desenvolvem-se segundo estereótipos narrativos (o romance juvenil, o "folião" do grupo, etc.).

Pelo contrário, a experiência proporcionada por LEONES demonstra-se cinematograficamente espiritual e atmosférica, sem pejo de invocar Terrence Malick, Carlos Reygadas e Michelangelo Antonioni na forma de revelar a peculiar dinâmica daquele grupo, de captar a floresta onde o filme decorre ou de literalmente perseguir, em longos planos-sequências, as personagens que procuram uma saída para o labiríntico arvoredo (o qual é, tal como está fotografado, elevado ao estatuto de personagem) em que se encontram. Obtendo um efeito quase etéreo do contexto narrativo em que nos situa, e à medida que as explicações(?) para o mistério inicial vão sendo reveladas, López exige do espectador a total interpretação daquilo a que assistiu. Aliás, exigência e arrebatamento constantes será uma descrição mais rigorosa: seja na aprendizagem do "jogo de seis palavras de Hemingway" com que os jovens se entretêm ou através de um arrepiante plano de 360º de um BMW estilhaçado, LEONES tanto funciona como história de inusitada descoberta pessoal ou ao nível da privilegiada aventura sensorial.

LEONES está a concorrer ao Grande Prémio na Competição Internacional do IndieLisboa 2013. Por aqui, fazem-se votos para que arrecade a distinção.



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