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domingo, setembro 09, 2012

Sessão de Curtas #4

MAYA DEREN



Sem quaisquer estudos nem experiência em cinema ou fotografia, Maya Deren aproveitou o dinheiro obtido de uma herança familiar para adquirir, em segunda mão, uma câmara de filmar de 16mm Bolex e registar algumas das obras experimentais mais fascinantes e influentes dos anos 40 e 50.

As três curtas abaixo partilhadas — todas a preto-e-branco, com cerca de 15 minutos de duração e filmadas sem captação de som — denotam o estilo onírico e sombrio e as temáticas de cariz intimamente feminino que Deren explanou durante a sua breve carreira artística (faleceu em 1961, com 44 anos): um estudo da condição, tanto social como humana, da mulher, repleto de simbologia by the book freudiana e surrealista: a água como representação do inconsciente, a flor como símbolo do órgão sexual feminino, os jogos de xadrez ou as coreografias aguerridas como imagem de um desejo de sobreposição à lógica masculina predominante.

O ponto de vista de Maya Deren assume-se, assim, como crucial adição ao Surrealismo no Cinema, possuindo a mesma importância de Luis Buñuel ou Jean Cocteau para aquele movimento artístico.

. MESHES OF THE AFTERNOON (1943)

O interior de uma mulher cujos pensamentos e sonhos transformam objectos comuns do seu dia-a-dia em situações de perigo e mistério.



. AT LAND (1944)

Uma mulher embarca numa estranha viagem onde se encontrará com outras pessoas e outras versões de si mesma.



. RITUAL IN TRANSFIGURED TIME (1946)

Um evento social coreografado como se fosse uma dança, iluminada por conceitos de uma lenda grega.



terça-feira, agosto 21, 2012

FILM IST. A GIRL & A GUN (2009), de Gustav Deutsch



Gustav Deutsch viajou por vários arquivos cinematográficos mundiais, numa pesquisa quase arqueológica por excertos de filmes obscuros, remontando-os em sufocantes narrativas visuais que impelem à reflexão sobre temáticas universais e contemporâneas.



Civilization is represented largely by glamorous clips from between-the-wars Central European movies, spliced together so that seduction segues into rape and escalates to murder. In the penultimate movement, everyone is wearing masks—whether to attend balls, protect themselves from poison gas, or engage in bestiality. By the end, sex and violence, love and death, are virtually interchangeable.







Film Ist. a Girl & a Gun is not subtle, but its literalism — which refines the avant-primitivism of older Viennese artists — is its strength. Deutsch has a sense of motion pictures as a form of sex magic. This haunting movie is suffused in libidinal energy, with more than a whiff of sulfur. The pornographic images, many drawn from the Kinsey Institute collection, power Film Ist. even as Eros is shown as the driving force of human history and creation itself.

J. Hoberman, in Village Voice.

domingo, junho 17, 2012

Sessão de Curtas #1

STANDISH LAWDER



Professor universitário de História de Arte e Estudos Fílmicos e fotógrafo profissional, Standish Lawder desenvolveu, nos inícios da década de 70, uma curta mas interessante incursão pelo cinema experimental, assinando três curtas-metragens que vão do puramente lúdico até à mais incisiva observação filosófica do quotidiano.

Em comum, somos testemunhas de uma total entrega ao experimentalismo único e versátil que só a Sétima Arte consegue proporcionar.

. CORRIDOR (1970)



Filmado ao longo de dois anos, Lawder apresenta aqui todo o seu fascínio pelas diversas possibilidades técnicas da câmara de filmar. A repetição espacial de CORRIDOR é esbatida pelo incansável experimentalismo da múltipla exposição, da superimposição de imagens, da alternância entre imagem revelada e o seu negativo, da abundância de técnicas de distorção...

Observa-se, portanto, ao "confronto" do permanente sentimento de tensão no espectador com a experiência visual vibrante da sua hipnótica mise-en-scène.



. NECROLOGY (ROLL CALL OF THE DEAD) (1971)



Nas palavras do próprio Standish Lawder, «NECROLOGY is characteristic of my work in the heuristic process of it's making. I don't work from film scripts, I never know where a film idea is going. Tipically, I start with a visual idea, shoot the film and examine the result. And I leave the results suggests where to go next. What is interesting about this piece of film is "how do I make it more interesting?' (...) I wanted an endless flow of humanity (...) and looking for a device or situation that generate this illusion of endless people, I hit upon the idea of filming a crowded escalator (...). It didn't take me long to realize that the mother of all escalators was in New York city, in Grand Central Station (...). I first view the fottage in my basement screening room, in New Haven. (...) I wanted to see it again but, rather than rewind the projector, I simply flipped the switch on the reverse and the projector ran backwards. Suddenly, the downward movement of the people was reversed, the image became wonderfully, miraculously, poetic, taking a totally new dimension and new meaning. They are being lifted, heavenward, silently ascending, and the image was unboud with a mysterious and poetic levitation.»

O resultado é este absorvente plano-sequência, propenso às mais variadas e legítimas interpretações sobre a condição humana dos nossos tempos.



. COLOR FILM (1971)



Produzido numa altura em que pretendia fazer um filme minimalista, Lawder colou uma série de pedaços de película multicolor (branco, amarelo, azul, vermelho, verde, etc.). Quando passou o filme pelo projector, os resultados foram, para ele, absolutamente entediantes. No entanto, Lawder reparou no aspecto curioso que as várias colorações provocavam enquanto a fita percorria os diversos mecanismos do projector. Decidiu, então, virar a câmara para o próprio projector...

Minimalista e peculiar.



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