sábado, maio 22, 2010
Festival de Cannes 2010 — Dia 10
Rachid Bouchareb regressou a Cannes com a projecção de HORS-LA-LOI (sequela não-oficial de DIAS DE GLÓRIA, película cujo elenco arrebatou por completo, em 2006, o Prémio de Interpretação Masculina), narrativa sobre os percursos díspares de três irmãos, durante o conflito franco-argelino nos anos 60, que se reencontrarão em circunstâncias inesperadas:
Referência para a série de protestos que envolveram HORS-LA LOI. Encabeçados por facções de Extrema-Direita, acusam Bouchareb de distorcer factos históricos com o intuito de denegrir a imagem da ocupação colonialista francesa na Algéria:
Perante este eventos, o realizador demonstrou, aos jornalistas, a sua surpresa: «O filme destina-se a proporcionar um debate sereno e não a exacerbar "batalhas". Eu sei que o passado colonial ainda provoca alguma tensão, mas não é minha intenção aumentá-la». Alheio a toda esta polémica, o sempre exuberante Jamel Debbouze, protagonista de HORS-LA-LOI, espalhou, na Croisette, alguns dos momentos mais descontraídos do dia:
Também em Competição está UNCLE BOONMEE WHO CAN RECALL HIS PAST LIVES, do tailandês Apichatpong Weerasethakul. O "tio" Boonmee do título refere-se ao protagonista que recebe, nas suas últimas horas de vida, as visitas fantasmagóricas da mulher e filho há muito falecidos. Mas o mais bizarro é que esses espíritos, potencialmente familiares para ele, adoptam a forma de animais...
Mantendo a sua tradição de conceber histórias que constituem autênticos enigmas visuais, Weerasethakul inova na declarada abordagem ao fantástico. A crítica é unânime nos elogios. Citando-a, são «duas horas de maravilhosa imagética e puro engenho». Na conferência de imprensa, o realizador falou sobre o tema dos fantasmas na cultura asiática: «A maioria das pessoas na Tailândia cresceram com a noção da transferência de almas humanas para animais. E, mesmo hoje em dia, muitos tailandeses acreditam em fantasmas. Queria agarrar nesta fantasia infantil e relacioná-la com o conceito da morte».
Nota final para os prémios já anunciados pelos júris do 63º Festival de Cannes.
Na secção «Cinéfondation», destinada a honrar obras produzidas por realizadores estreantes, o Primeiro Prémio foi atribuído a THE PAINTING SELLERS, do finlandês Juho Kuosmanen:
O Grand Prix da Semana da Crítica coube ao controverso ARMADILLO, de Janus Metuz, sobre um grupo de jovens soldados dinamarqueses no Afeganistão:
E o galardão maior da Quinzena dos Realizadores foi para LILY SOMETIMES, de Fabienne Berthaud:
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