domingo, maio 15, 2011
Festival de Cannes 2011 — Dia 5
Quinto dia recheado de sorrisos, beijos, nostalgia e imprensa "saciada" — atmosfera tão positiva que nem um dos filmes mais polémicos do presente Festival conseguiu diminuir.
Jean-Pierre e Luc Dardenne (vencedores da Palma de Ouro em 1999 e 2005 por ROSETTA e L'ENFANT, respectivamente) regressam à competição com LE GAMIN AU VÉLO, drama interpretado por Cecile de France, sobre Cyril, menino de onze anos, que vive num orfanato e nutre o sonho de reencontrar o pai.
Traçando comparações entre este argumento e o de L'ENFANT, a crítica acolheu-o favoravelmente, destacando a sua «simplicidade directa e explicativa», concebendo um «profundo exemplo de cinema humanista» e suscita a aposta de que o jovem protagonista Thomas Doret possa ser eleito Melhor Actor do Festival na próxima semana.
Também em competição, THE ARTIST, primeiro filme de Michel Hazanavicius, invoca a magia dos primórdios da Sétima Arte. Mudo (com excepção de duas memoráveis sequências) e a preto e branco, já é um dos principais crowd pleasers da presente edição.
Considerado «divertido, astuto, tocante, nostálgico», mereceu longa ovação do público e, para alguns, «possui um efeito cinematográfico mais duradouro do que qualquer épico inchado em 3D». Interpretações à parte, certo é que Harvey Weinstein já adquiriu os direitos de THE ARTIST e especula-se sobre as suas hipóteses para os Óscares...
Na secção Un Certain Regarde, foi dia de conhecer MARTHA MARCY MAY MARLENE, do (mais um) estreante Sean Durkin, sobre uma jovem (Elisabeth Olsen) que após escapar ao controlo de uma seita pouco escrupulosa, não encontra conforto imediato no seu regresso à vida normal.
Drama psicológico de enorme carga emocional a que ninguém ficará indiferente, ostenta «uma montagem inteligente» e «mise en scène apurada» para ilustrar a fragilidade da protagonista.
Em concurso na secção Quinzaine des Réalisateurs, CODE BLUE, da holandesa Urszula Antoniak, provocou hoje a debandada quase geral do público que assistia ao filme. Cannes não seria o mesmo sem estas "vicissitudes"...
Abordando temas como solidão, sexualidade e morte, a crítica não se deixou chocar e considera-o «absolutamente exemplar na sua construção formal». Aparentemente, um título a reter mas sempre susceptível de chocar audiências.
[Crédito de imagens: Site Oficial do Festival e AFP.]
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