Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana.
ELEGIA (2008), de Isabel Coixet
David Kepesh (Ben Kingsley), carismático professor universitário, prefere manter o seu relacionamento com mulheres apenas a um nível carnal, nunca afectivo. Porém, quando Consuela Castillo (Penélope Cruz) entra na sua sala de aula, tudo muda: ela será muito mais do que mero objecto de prazer.
Drama passional sobre envelhecimento, obsessão e de semi-louvor às vantagens do sexo sem compromisso, é dominado pela voz-off monocórdica e postura austera de Ben Kingsley, virtualmente presente em todas as cenas. Da narrativa, embora disposta de modo elegante, pouco se acolhe de original ou relevante — facto desanimador para uma história adaptada de um romance de Philip Roth.
MONSTERS — ZONA INTERDITA (2010), de Gareth Edwards
Seis anos depois de uma sonda da NASA, transportando provas de vida alienígena, se ter despenhado sobre o México e "infectado" uma extensa região na América Central, um jornalista norte-americano (Andrew Kaulder) aceita acompanhar a filha (Samantha Wynden) do seu patrão na viagem de regresso aos EUA. As circunstâncias força-os a uma travessia pela zona onde se decretou quarentena à presença de qualquer ser humano.
Semi-apocalíptico, a invocar títulos como NOME DE CÓDIGO: CLOVERFIELD (2008, Matt Reeves) ou DISTRITO 9 (2009, Neill Blomkamp), foge da ficção-científica a que Hollywood nos tem habituado, sendo essa a sua principal qualidade. O drama é superior à raramente vislumbrada ameaça, existe mais romance do que terror e ensaia uma tímida denúncia social. Contudo, queda-se na divagação entre esses elementos e a incerteza, em cinema, é mais fatal do que a "morte do protagonista"...
GLORY TO THE FILMMAKER! (2007), de Takeshi Kitano
Takeshi Kitano interpreta uma versão de si próprio, personificando o conflito de um realizador de cinema que experimenta uma série de géneros diferentes até encontrar aquele que permita criar a sua próxima obra-prima.
Comédia nostálgica e surreal, prova que Kitano obtém êxito artístico mesmo quando escapa às histórias sobre a yakuza (parodiando, inclusive, esse género que tanta aclamação lhe granjeou). Sem pejo nem desconforto na abordagem aos mais variados registos num único filme (tanto homenageia os dramas sobre família e intimidade de Yasujiro Ozu como o delírio visual dos irmãos Wachowski), elabora uma reflexão pessoal e mordaz sobre o estado contemporâneo da Sétima Arte não só no Japão, como internacionalmente.
ESSENTIAL KILLING (2010), de Jerzy Skolimowski
Um muçulmano (Vincent Gallo), talvez soldado talibã, é detido pelo exército norte-americano no Afeganistão e transferido para uma base secreta algures na Europa de Leste. Na sequência de um acidente de viação, converte-se em fugitivo e procura sobreviver no ambiente extremo das florestas geladas de um país nunca referido.
Retrato cru de sobrevivência e desespero humanos, alcança a incrível "proeza" de deixar sentimentos divididos no espectador como há muito não tenho memória. A sua interessante premissa está recheada de sequências desnecessárias; possui uma notável fotografia que, por vezes, revela-se aparato a mais; Vincent Gallo (Melhor Actor na última edição do Festival de Veneza) está irrepreensível mas constitui surpresa ver Emmanuelle Seigner num papel tão insípido. No final, a opinião de que ESSENTIAL KILLING vence mas não convence é quase frustrante.
domingo, maio 15, 2011
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2 comentários:
SAM
Não vi a elegia mas devem ter assassinado "O Animal Moribundo" do Roth. Já leste ? Depois da "Mancha Humana" - um dos melhores livros de Roth e um dos que mais prazer literário me deu até hoje - ter sido sodomizada por um filme medíocre já desisti dessas adaptações.
Saludos.
JNAS
JNAS, esta é a adaptação do ANIMAL MORIBUNDO. E não faz justiça ao livro. Estive para referir o que aconteceu com o MANCHA HUMANA, mas acabei por descartar a comparação.
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