domingo, outubro 02, 2011

Críticas da Semana

Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana.

PINA (2011), de Wim Wenders

Viagem sensual e deslumbrante através das coreografias dançadas no palco e em locais da cidade de Wuppertal - cidade que durante 35 anos foi a casa e o centro de creatividade de Pina Bausch, coreógrafa alemã que morreu em 2009.



Longe de ser uma exploração do percurso cronológico e/ou artístico de Pina Bausch, esta é uma biografia sentimental sobre a coreógrafa exposta através dos testemunhos e emoções, num criativo estilo de talking heads, dos bailarinos que com ela trabalharam. Embora estejam lá alguns dos seus trabalhos mais emblemáticos (Café Muller, Vollmond, etc.), ressalta-se a metodologia e sensibilidade peculiares de Bausch através da recriação desses bailados, registados com um virtuosismo que há muito não se via em Wenders.

Devo consessar o meu défice no que toca a apreciar inteiramente a exigente arte do bailado, mas é impossível negar o poder de sedução visual que PINA imprime no espectador. Independentemente de ser ou não visualizado em 3D...

DRIVE (2011), de Nicolas Winding Refn

Um duplo de Hollywood (Ryan Gosling) utiliza as suas habilidades ao volante para ajudar assaltantes em fuga. Decidido em ajudar uma família com quem cria laços pessoais, o saldo trágico desse "serviço" obriga-lo-á a lutar pela própria vida.



Superando todas as expectativas e tendências do noir moderno, eis o apurado sentido visual de Nicolas Winding Refn em função de interpretações seguras — sobretudo Gosling, reinventando o conceito do "vingador solitário" —, da melhor Los Angeles nocturna desde COLATERAL e de uma estetização da violência que bem poderia reacender o velho debate acerca do seu uso no cinema dito mainstream.

Mas se todo o style over substance fosse assim, seríamos todos cinéfilos mais realizados... Sem hesitações, um dos melhores filmes de 2011.

MELANCHOLIA (2011), de Lars von Trier

A difícil relação entre duas irmãs (Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg) é posta à prova, ao mesmo tempo que um misterioso novo planeta, escondido por trás do Sol, ameaça colidir contra a Terra.



Perante o que aqui é concretizado, não é de admirar o "escarcéu" que Lars von Trier teve de causar, no último Festival de Cannes, para captar atenções em torno de um drama familiar/apocalíptico que atinge a "proeza" de representar um fim do mundo tremendamente banal. Não se consegue eduzir daqui um tema pertinente, todas as ideias demonstram-se estafadas e há momentos em que o cliché domina.

Contudo, o filme pertence a uma fabulosa Charlotte Gainsbourg — o prémio de interpretação entregue a Kirsten Dunst em detrimento da actriz francesa, também em Cannes, já é um dos mistérios do ano — e ao fantástico epílogo que demonstra como o Dogma 95 é, definitivamente, História: dois factores que elevam MELANCHOLIA de um argumento pouco convincente e execução desapaixonada. Apropriado para quem nunca viu um filme de Lars von Trier e (quase) desaconselhado para fãs do cineasta.

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