terça-feira, setembro 11, 2012

O 11 de Setembro visto pelo Cinema — Parte 2



Faz agora um ano que o Keyzer Soze dedicou um post aos atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001, nomeadamente através da referência a títulos que, no âmbito da ficção cinematográfica, tentaram expor os efeitos económicos, sociais e humanos daquele que será, definitivamente, o evento histórico mais significativo das primeiras décadas do Século XXI.

Hoje, e assinalando a data, debruçamo-nos sobre o que de melhor o cinema documental proporcionou durante os últimos anos: desde a crónica, em tempo real e em pleno ground zero, dos acontecimentos, até às reflexões sobre o que aconteceu e ainda está por explicar em relação àquele fatídico dia.

Seguem-se os cinco documentários, acompanhados de menção honrosa, que o Keyzer Soze's Place considera serem os melhores dedicados ao 11 de Setembro. E fica expressa a vontade, assim como o realce para a sua importância, de nunca deixar de ver o tema abordado pela vertente documental da Sétima Arte.

MENÇÃO HONROSA: FAHRENHEIT 9/11 (2004), de Michael Moore



Documentário incendiado, realizado por um cineasta famoso pela sua também incendiada personalidade, critica a forma como o executivo de George W. Bush lidou com a informação fornecida pelos serviços secretos norte-americanos antes dos atentados, "autopsia", criativa, surpreendente e contundentemente, as relações pessoais e económicas entre a família Bin Laden e representantes do clã Bush — especulando, até, sobre o envolvimento Saudita no 11 de Setembro — e examina as consequências militares (obviamente, a Guerra do Iraque) subsequentes.

Inteiramente parcial e com alguma informação a carecer de veracidade e/ou investigação mais aprofundada, Michael Moore construi um autêntico "agitador" de consciências não só para o público dos Estados Unidos da América, como para todo o mundo ocidental.



5. LOOSE CHANGE: FINAL CUT (2007), de Dylan Avery



As teorias de conspiração acerca dos reais quê, quem e porquê dos atentados do 11 de Setembro — ou seja, e segundo os criadores deste documentário, orquestrados pelo próprio governo norte-americano —, espalhou-se pela Internet que nem um rastilho, inspirou movimentos de cidadania (como o 9/11 Truth movement) dedicados a refutar a versão oficial dos acontecimentos e a exortar o espectador para que este "Ask Questions! Demand Answers!".

Dylan Avery, realizador amador mas pleno de coragem argumentativa, criou aqui um dos documentários consagrados ao 11 de Setembro mais desafiadores da última década e inteiramente merecedor de ser visto e reflectido (em baixo, o documentário integral na sua versão final).



4. NATIVE NEW YORKER (2005), de Steve Bilich



Rodado antes, durante e depois dos atentados, este documentário de 13 minutos e rodado a preto-e-branco com uma câmara Cine-Kodak operada manualmente, é o título mais experimental e menos conhecido dos aqui reunidos.

Inicialmente planeado como um relato da viagem de Terry 'Coyote' Murphy em busca das origens do seu povo, acabou por resultar no confronto do protagonista com as diferenças no quotidiano nova-iorquino provocadas pelo 11 de Setembro e na forma como a ilha de Manhattan se converteu em local de luto e peregrinação para milhares de familiares das vítimas daquele dia. Temática e tecnicamente irreverente, peca apenas pela sua escassa divulgação.



3. 9/11: THE FALLING MAN (2006), de Henry Singer



The Falling Man refere-se a uma fotografia, captada pelo fotógrafo da Associated Press Richard Drew, exibindo um homem em queda livre da Torre Norte do World Trade Center. Esse indivíduo (a revelação da sua identidade é um dos temas do documentário) foi um de entre as 200 pessoas que, aparentemente, resolveram "desafiar a morte" daquela forma em vez de sucumbirem ao fumo e fogo que lavravam nos edifícios — indubitavelmente, um dos desenlaces mais sensíveis dos atentados do 11 de Setembro de 2001.

9/11: THE FALLING MAN é um documentário sobre aquela imagem e a sua história. E entre todas as pistas, depoimentos recolhidos e trabalho de investigação desenvolvido para o filme, as respostas a que chega não são inteiramente conclusivas (em baixo, o documentário integral).



2. 102 MINUTES THAT CHANGED AMERICA (2008), de Nicole Rittenmeyer e Seth Skundrick



Produzido para o Canal História, recorre a uma miríade de imagens de arquivo (sobretudo da cobertura televisiva por inúmeros canais de informação e vídeos amadores) para descrever, quase em tempo real, a natureza dos eventos, a reacção emocional dos nova-iorquinos e as diversas perspectivas durante o desenrolar dos atentados.

Fabulosa montagem de imagens de arquivo, reveladora da incompreensão, terror e imediatismo inerentes à magnitude do que aconteceu, a 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque (em baixo, o documentário integral).



1. 9/11 (2002), de Jules e Gédéon Naudet



Originalmente pensado como um retrato sobre o quotidiano de um bombeiro nova-iorquino, a receber formação num quartel situado a poucos quarteirões do World Trade Center, as objectivas dos irmãos Jules e Gédéon Naudet capturam, em primeira mão, o início e desenrolar dos atentados terroristas do 11 de Setembro de 2011.

Para mim, o melhor cinema documental será sempre aquele que mostra a realidade sem filtros, sem propagandas e elaborado, quase integralmente, a partir de raw footage. Foi com essa filosofia que os realizadores construíram um documentário cru e imediato onde não se dissecam razões, consequências, responsáveis nem moralismos; as imagens e os sons tornam qualquer voz-off inútil perante a veracidade de uma peculiar e trágica situação à qual, acidentalmente, os irmãos Naudet ficaram associados.



1 comentário:

O Narrador Subjectivo disse...

O Loose Change é interessantíssimo, mesmo não concordando ou não querendo concordar, oferece muita perspectiva. Muito bem feito.

Fiquei curioso quanto à curta.

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