terça-feira, abril 30, 2013

PUBLIC HEARING (2012), de James N. Kienitz Wilkins



Numa pequena cidade rural dos EUA, a construção de um grande centro comercial e o seu impacto ambiental são tema de uma audiência pública local, em que actores e não actores protagonizam os habitantes participantes no debate. — IndieLisboa.



De que outras formas dispõe a Democracia, além do "direito e dever cívicos" configurados no sufrágio universal, para se expressar? Segundo PUBLIC HEARING, obra de estreia do norte-americano James N. Kienitz Wilkins, a figura da audiência pública revela-se, neste título, como instrumento primordial de análise acerca das possibilidades do cidadão comum — desde o mais informado ao menos letrado — de apresentar, on the record perante as instituições do poder, a sua visão pessoal sobre determinado assunto.

Dramatizando o conteúdo das actas de uma audiência pública verídica, o filme de Kienitz Wilkins extravasa as meras palavras no papel através da criação de um ambiente multitextual, inteiramente centrado nas reacções (sempre registadas em close-up) dos vários intervenientes, "fastidioso" como a maioria dos procedimentos administrativos e em total desconstrução dos mecanismos do documentário de reconstituição factual.

Rodado no lustroso preto e branco do 16mm, PUBLIC HEARING é o mais recente e desafiador testemunho de como funciona a Democracia. Ou seja, e a vida real comprova-o, longa, intrincada, de árdua adesão integral e, no fim, de resultados e apreciação ambíguos.

[Filme exibido na secção Pulsar do Mundo durante o IndieLisboa 2013.]



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