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domingo, março 04, 2012

Críticas da Semana

Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana:

. INNI
. CAVALO DE GUERRA
. O DIÁRIO A RUM
. JOVEM ADULTA

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. INNI (2011), de Vincent Morisset



Relato hipnótico e intenso, que intercala material de arquivo com imagens de concertos ao vivo, sobre os Sigur Rós, uma das bandas rock mais influentes e afamadas dos últimos anos.



«Somos apenas quatro gajos numa banda». Assim se apresentam os islandeses Sigur Rós neste documentário que complementa o seu mais recente e homónimo trabalho (um álbum ao vivo), ao mesmo tempo que nos deixam espreitar as raízes da contida, sombria e quase poética sonoridade que os caracteriza.

Embora permita um raro "acesso" à intimidade do conjunto, INNI é marcado por um impressionante trabalho de experimentalismo visual — o preto-e-branco dominado pelo grão constante que só a película consegue garantir, actuações em palco para plateias inexistentes, etc. —, o qual potencia ainda mais a imagem mítica e insondável de que gozam os Sigur Rós fora da Islândia. Obra documental imperdível, não só pela qualidade musical que partilha como pela sua fascinante imagética, digna de ser projectada em grande ecrã.

. CAVALO DE GUERRA (2011), de Steven Spielberg



Da comovente amizade entre um cavalo de nome Joey e Albert (Jeremy Irvine), que o doma e treina, até à extraordinária viagem do cavalo e o seu percurso na Primeira Guerra Mundial, mudando e inspirando as vidas daqueles que com ele se cruza — a cavalaria Britânica, soldados Alemães, um agricultor Francês e a sua neta.



Muito ocasionalmente, nem toda a fantasia visual que celebrizou Steven Spielberg desculpa um ou outro "devaneio" (basta recordar títulos como 1941 — ANO LOUCO EM HOLLYWOOD, SEMPRE ou HOOK para se ficar com uma ideia) que o cineasta aparenta ter predilecção por produzir. CAVALO DE GUERRA será, em última análise, mais uma entrada tímida numa filmografia que se distinguiu pela inovação e por um elevar de fasquias emocionais e sensoriais no cinema mainstream norte-americano.

Embora retome um dos temas mais recorrentes de Spielberg — os grandes conflitos armados mundiais do Século XX —, o filme sofre do problema, mal resolvido logo na sua própria génese, ao querer "forçar" uma personalidade no cavalo protagonista, em vez de permitir que a história extraia de forma natural as características salientadas ao longo das suas duas horas e vinte de duração. O resultado é uma obra de apurada atmosfera épica do ponto de vista técnico, cujo tom lírico seria mais apropriado à pura fabulação. E a estrutura fragmentada do argumento assume-se como o "abate" de um cavalo de guerra que, ao invés de extraordinário, é apenas enfadonho.

. O DIÁRIO A RUM (2011), de Bruce Robinson



Paul Kemp (Johnny Depp) é um jornalista freelancer que encontra trabalho num decrépito jornal numa ilha das Caraíbas. O álcool, as drogas e as mulheres continuarão a ser os seus vícios, numa complicada teia de interesses com Sanderson (Aaron Eckhart), um dos homens mais poderosos da ilha.



Baseado no romance homónimo de Hunter S. Thompson, O DIÁRIO A RUM pretende ser uma amálgama de vários temas (recriação de época, comentário social, conto romântico e olhar desencantado sobre o fim do american dream na América Latina) unido pela tentativa de retratar o autor durante a sua juventude. O que Bruce Robinson (cineasta de actividade irregular e muito espaçada) nos oferece é, simplesmente, um "fresco" recheado pelo humor deadpan de Johnny Depp, muito álcool e uma ou outra sequência alucinatória só para confirmar que estamos, de facto, a observar uma adaptação oriunda do universo de Thompson.

Apesar de todo o charme inegável do filme, a dinâmica da narrativa não acompanha o que nos é proporcionado visualmente, sobretudo numa conclusão anti-climática e indecisa entre a ode ao falhanço do protagonista e a sublime mensagem de que "o sucesso reside onde e quando menos se espera". Num final de extrema insatisfação, reina também a ideia de que O DIÁRIO A RUM, desde o seu início, ficou sempre a um pequeno passo de ser uma obra bastante regular.

. JOVEM ADULTA (2011), de Jason Reitman



Mavis Gary (Charlize Theron) é uma autora de literatura juvenil que regressa à sua pequena terra natal para reviver os seus gloriosos dias e tentar reconquistar o seu namorado do secundário (Patrick Wilson), agora um feliz homem casado. Quando o regresso a casa se torna mais dificil do que ela pensava, Mavis forma uma estranha dupla com um antigo colega (Patton Oswalt) que, tal como ela, ainda não ultrapassou a vida do secundário.



Quatro anos depois de JUNO, comédia atractiva, vigorosa, idiossincrática quando comparada com a maioria dos teen movies actuais e que apresentou ao mundo Ellen Page, Reitman e a argumentista Diablo Cody reencontram-se sem obter o sucesso daquele filme mas capazes de oferecer aos olhos cinéfilos outra memorável interpretação feminina, isto é, uma Charlize Theron alcoólica, frustrada e promiscua: ou a principal razão para se recomendar a visualização de JOVEM ADULTA, no melhor trabalho da actriz desde MONSTRO (2003).

E o meu principal "obstáculo" relativamente ao filme é de surpreendente natureza. Por norma, aprecio o filme americano que resiste à exibição de redenção e cura (ou, pior ainda, de pedagogia) no seu último acto. Contudo, e depois da encenação de um explosivo confronto final entre as personagens, JOVEM ADULTA termina com um twist irresoluto, cuja insipidez da-lhe contornos mais mesquinhos do que (e tudo aponte para essa a intenção) subversivos. O que temos é uma protagonista que, mesmo perante as "duras lições da vida", decide manter tudo na mesma. Assim se sente também o espectador quando os créditos finais começam a rodar: "na mesma", como se nada tivesse acontecido...

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Hollywood Buzz #149

O que se diz lá fora sobre YOUNG ADULT, de Jason Reitman:



«Patton Oswalt is, in a way, the key to the film's success. Theron is flawless at playing a cringe-inducing monster and Wilson touching as a nice guy who hates to offend her, but the audience needs a point of entry, a character we can identify with, and Oswalt's Matt is human, realistic, sardonic and self-deprecating. He speaks truth to Mavis.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«Shorter than a bad blind date and as sour as a vinegar Popsicle, YOUNG ADULT shrouds its brilliant, brave and breathtakingly cynical heart in the superficial blandness of commercial comedy.»
A.O. Scott, The New York Times.

«Their scenes together are the film's best, with Theron and Oswalt, who have very different tempi and temperatures as performers, parrying and thrusting with great expertise.»
Todd McCarthy, The Hollywood Reporter.

«YOUNG ADULT bumps along with nasty swerves, middle finger proudly in the air, toward an ending blessedly free of anything warm, fuzzy, or optimistic. Now that's adult entertainment.»
Lisa Schwarzbaum, Entertainment Weekly.

«With self destruction as destiny, Reitman has made the equivalent of a Roland Emmerich disaster movie writ small, an apocalyptic scenario internalized by a single person.»
Eric Kohn, indieWIRE.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

NAS NUVENS (2009), de Jason Reitman



A princípio, NAS NUVENS tinha todo o aspecto de ser o feel good movie of the year, explanando relações amorosas e profissionais sob o signo do estilo cinético que Jason Reitman havia engendrado com OBRIGADO POR FUMAR (2005) e JUNO (2007). Nunca o marketing de um filme foi tão enganador...

Digo enganador porque NAS NUVENS será, provavelmente, um dos filmes mais crus a surgir com a "capa" do Classical Hollywood Style nos últimos anos. Procura analisar as escolhas que, todos os dias, determinam o nosso estilo de vida, a nossa profissão e, até, o nosso estado civil. Aborda, eficazmente, o clima de insegurança financeiro que domina a agenda informativa contemporânea. Demonstra a angústia de milhares face à ameaça da perca de postos de trabalho e como encarar, com necessária humanidade, um indivíduo e transmitir-lhe que está no desemprego. E é, acima de tudo, um estudo sobre a ausência de ligação emocional entre seres humanos num mundo cada vez mais globalizado, onde «tudo está ao alcance de um clique» e «cada cliente é um amigo».



É este ambiente (des)personalizado que Ryan Bingham (George Clooney) apelida de "lar". Executivo de uma empresa especializada na comunicação de despedimentos e downsizings — ou "orientação de carreira", como o protagonista denomina a tarefa —, Bingham emerge no ecrã como um indivíduo metódico, detentor de uma organização pessoal que roça o obsessivo e em pleno conforto quando se vê rodeado por estranhos numa fila de espera ou a bordo de um avião. Existência calculista que determina os dois grandes objectivos da sua vida: alcançar a marca dos 10 milhões de milhas de passageiro frequente da American Airlines e não embarcar numa relação sentimental, seja ela familiar ou amorosa.

Contudo, o seu panorama alterar-se-á, principalmente, pela ligação que efectua com as duas mulheres da história: Alex (Vera Farmiga), atarefada mulher de negócios com quem Bingham partilha hábitos pessoais e quartos de hotéis, e Natalie (Anna Kendrick), jovem colega de Bingham que impressiona o patrão de ambos com um esquema de videoconferência online, apropriado à comunicação de rescisões contratuais, eliminando assim o recurso às longas e dispendiosas deslocações aéreas pelos quatro cantos dos EUA que "alimentam" a vida do protagonista.



O contacto e experiências com estas duas figuras femininas, de idades e prioridades díspares, levarão Bingham a rever os seus dogmas mais básicos.

Natalie (fabulosa composição de Anna Kendrick, capaz de relegar Clooney para segundo plano sempre que partilham o ecrã), apesar da sua presunçosa e agressiva auto-estima inicial, é o protótipo da "geração educada à frente dos computadores" e, por isso, incapaz de lidar com emoções genuinamente humanas, sejam as inerentes à comunicação de um despedimento ou ao súbito término do seu namoro (ironicamente, através de um frio e distante SMS). Será Bingham quem devolverá carácter e esperança à jovem "aprendiz", evocando as mesmas estratégias que utiliza para convencer um recém-desempregado que «tudo não passa duma nova fase da sua vida». E Alex, que representa a maior perspectiva de compromisso matrimonial que alguma vez surgiu para Bingham, demonstra ser menos livre e mais libertina do que a princípio imaginaríamos.



Nestes "conflitos" narrativos, torna-se premente elogiar o trabalho de Jason Reitman na exploração da presença de George Clooney (da qual é impossível não gostar) e os traços da personagem que desempenha (de quem desejamos gostar, por ser encarnada por Clooney!), de tal modo que é difícil notar qualquer tragédia iminente. No final, percebemos que Bingham pode ser caracterizado como um anti-herói dos tempos modernos, cujo drama pessoal não o transforma na vítima maior desta história. Apoiado pelo seu habilidoso discurso directo e simpatia estampada num inflexível sorriso de conforto, o seu ganha-pão é causador de profundos tumultos nas vidas de centenas — os testemunhos na primeira pessoa desses dispensados (dos quais, a maioria é genuína), constituem os reais momentos dramáticos de NAS NUVENS.

Manifestando-se como um híbrido satisfatório de entretenimento acessível ao espectador comum e a reflexão acerca dos lucros e prejuízos no actual contexto sócio-económico mundial, NAS NUVENS resvala, a espaços, para territórios cinematograficamente mais "seguros". Do sentimentalismo (servido pelo enredo secundário do envolvimento de Bingham durante o casamento de uma das suas irmãs) à comédia de costumes, o desenvolvimento desses mecanismos é apresentado em doses equilibradas e de forma positivamente original.
Em nota pessoal, NAS NUVENS é um dos melhores filmes norte-americanos de 2009.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Hollywood Buzz #67

O que se diz lá fora sobre UP IN THE AIR, de Jason Reitman:



«UP IN THE AIR takes the trust people once had in their jobs and pulls out the rug. It is a film for this time.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«One-word reaction: bravo.»
Peter Travers, Rolling Stone.

«A slickly engaging piece of lightweight existentialism highlighted by winning turns from George Clooney and Vera Farmiga.»
Todd McCarthy, Variety.

«If anyone but George Clooney had played Ryan, we might not believe in (or like) him.»
Owen Gleiberman, Entertainment Weekly.

«Laughs and heartbreak meld seamlessly in this brilliant character drama.»
Stephen Farber, Hollywood Reporter.

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