quinta-feira, setembro 09, 2010
Festival de Veneza 2010 — Dia 9
Takashi Miike, o rei do gore e horror nipónico, apresentou em Veneza 13 ASSASSINS (Em Competição).
A história de um grupo de samurais, que se une para derrubar do poder um tenebroso senhor feudal, revela-se inspirada no estilo clássico deste género de filmes — coisa inédita em Miike, sempre disposto a quebrar todas as regras — e, por isso, acessível para qualquer público. Um facto confirmado pelo cineasta, que quis «educar os jovens japoneses sobre o seu passado recente. É a nossa História, não é imaginação, embora este seja um filme fictício».
As críticas, embora não sejam negativas, sugerem alguma decepção: «surpreendentemente sem surpresas», para resumir o sentimento geral. Os maiores elogios acabaram por se centrar nas escolhas narrativas e estilísticas do realizador, o qual «joga deliberadamente com estruturas e convenções do género».
SORELLE MAI (fora de Competição) é o mais recente filme de Marco Bellocchio — que o estreou em Veneza com muitas reservas.
Sete anos depois de ter, inexplicavelmente, perdido o Leão de Ouro com BOM DIA, NOITE, Bellocchio aceitou projectar SORELLE MAI no presente Festival desde que fora de concurso. E o transalpino surpreendeu plateias com um melodrama que "viaja" entre realidade e ficção, ecoando as suas próprias memórias de vida. Um estilo que o realizador justificou por ter medo de «tratar a história de forma convencional, pois odeio e refuto a nostalgia e todas essas patetices». A animosidade de Bellocchio é palpável...
... mas a crítica não se importou com isso. Para muitos, «o filme é ar fresco no ambiente carregado do Festival» e a opção pela narrativa fragmentada — SORELLE MAI foi rodado durante dez anos — «não lhe retira densidade e é a natureza diacrónica dos eventos que acaba por atribuir poder à história e às personagens».
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Destaque para a presença de Manoel de Oliveira em Veneza, com a sua curta-metragem PAINÉIS DE SÃO VICENTE DE FORA, VISÃO POÉTICA, (secção Orizzonti).
Uma obra encomendada pela Fundação de Serralves, prende a sua atenção nas figuras que compõem os enigmáticos Painéis de São Vicente de Fora, em exposição no Museu Nacional de Arte Antiga. «O grande mistério destes Painéis reside em não se saber ao certo quem são as personagens nele representadas, porque, se algumas são reconhecíveis, muitas outras não o são», afirmou Oliveira à imprensa sobre um filme de elevada carga histórica pois «os Descobrimentos, iniciados por Portugal, permitiram um conhecimento mais completo do mundo».
O realizador mais velho do mundo em actividade desfrutou duma ovação de dez minutos antes da projecção e da avaliação positiva da crítica, que não hesitou em sublinhar a vontade de Oliveira «declarar a necessidade de encontrarmos a paciência para abrandar o ritmo descontrolado, desconfiança e medo que habitam o nosso quotidiano».
Imagens retiradas de: Site Oficial do Festival, AFP e ANSA.
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