2012 EM PORMENORES
O bom, o mau, o surpreendente e o banal estão sempre nos detalhes... Do cinema estreado comercialmente no nosso país em 2012, eis treze "categorias" analisadas e que falam por si:
O Filme Mais Subvalorizado do ano
. CRÓNICA, de Josh Trank, quase o equivalente de O PROJECTO BLAIR WITCH para a sobrevivência do género found footage, coloca todo o seu gimmick (efeitos visuais incluídos) a favor da narrativa e evita a típica conclusão que grita "sequela!". A surpresa mais agradável do ano.
O Filme Mais Sobrevalorizado do ano
. MOONRISE KINGDOM, de Wes Anderson: narrativamente cabotino, tematicamente desprovido de originalidade e esteticamente cansativo, impinge a sua marca autoral em cada sequência e perde naturalidade nesse processo. De uma mediania que nunca deveria ter sido empolgada.
O Melhor Filme do ano que não conheceu estreia em Portugal
. o manipulador KILLER JOE, de William Friedkin, cujo lançamento comercial no nosso país encontra-se, aparentemente, num "limbo". Quase cartoonesco na sua violência, percorre um caminho estreito entre a comédia surreal e o tenebroso realismo, assinalando o regresso de forma de William Friedkin (OS INCORRUPTÍVEIS CONTRA A DROGA e O EXORCISTA).
A Interpretação Masculina do ano
. Michael Shannon, em PROCUREM ABRIGO (Jeff Nichols), mais do que o retrato da provável degeneração mental de um indivíduo, o seu protagonismo é colocado como epíteto da Humanidade contemporânea — amedrontada, paranóica e confusa face às agressivas "manifestações" que a rodeia — numa composição que balança, admiravelmente, a pura contenção e o violento clamor.
A Interpretação Feminina do ano
. a destemida serenidade e majestosa imagem da inevitabilidade do ser humano por Emmanuelle Riva, em AMOR (Michael Haneke).
O Actor do ano
. 2012 colocou em evidência que afinal existe versatilidade e profundidade dramática em Matthew McConaughey, protagonizando uma impressionante "reabilitação" artística com o seu stripper empreendedor de MAGIC MIKE (Steven Soderbergh), o político sem escrúpulos de MORRE... E DEIXA-ME EM PAZ! (Richard Linklater) e o ambíguo jornalista de THE PAPERBOY — UM RAPAZ DO SUL (Lee Daniels). Portugal deve-lhe a "apresentação pública" do acima referido KILLER JOE (William Friedkin), onde pontifica, sem dúvida, o papel da sua vida.
A Actriz do ano
. Judi Dench, a prova de que o consensual reconhecimento de uma carreira não é antónimo de prolífera actividade, como o demonstraram a sua actriz clássica em A MINHA SEMANA COM MARYLIN (Simon Curtis), a mãe protectora de J. EDGAR (Clint Eastwood), a reformada vulnerável em O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD (John Madden) e uma chefe do MIT da velha guarda em 007 — OPERAÇÃO SKYFALL (Sam Mendes).
O Regresso do ano
. Jean-Louis Trintignant, repentino e enigmático retrato, quase extremo, de dedicação matrimonial em AMOR (Michael Haneke).
A Desilusão do ano
. HOLY MOTORS, de Leos Carax, que trouxe às plateias internacionais — adormecidas ou não — algumas das ideias de Cinema mais pertinentes do ano mas, ao confundir irreverência com aleatoriedade e experimentalismo com pretensiosismo, não as sustenta nem alimenta no espectador.
A Banda Sonora do ano
. VERGONHA (Steve Mcqueen), por Harry Escott.
O Plano-Sequência do ano
. VERGONHA, de Steve McQueen:
O Animal de Estimação do ano
. Mr. Whiskers, em FRANKENWEENIE (Tim Burton).
O Adereço do ano
. as limusinas de COSMOPOLIS (David Cronenberg) e HOLY MOTORS (Leos Carax).
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1 comentário:
Finalmente deste-nos a conhecer o (início) do teu balanço! E como já deves saber, concordo em pleno com as tuas escolhas.
Não posso deixar de dizer que adoro o destaque para o Mr. Whiskers! :D
Escolhas muito acertadas, Sam. Estou curiosa com o que falta.
Cumprimentos cinéfilos :*
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