. CRÓNICA, de Josh Trank, quase o equivalente de O PROJECTO BLAIR WITCH para a sobrevivência do género found footage, coloca todo o seu gimmick (efeitos visuais incluídos) a favor da narrativa e evita a típica conclusão que grita "sequela!". A surpresa mais agradável do ano.
O Filme Mais Sobrevalorizado do ano
. MOONRISE KINGDOM, de Wes Anderson: narrativamente cabotino, tematicamente desprovido de originalidade e esteticamente cansativo, impinge a sua marca autoral em cada sequência e perde naturalidade nesse processo. De uma mediania que nunca deveria ter sido empolgada.
O Melhor Filme do ano que não conheceu estreia em Portugal
. o manipulador KILLER JOE, de William Friedkin, cujo lançamento comercial no nosso país encontra-se, aparentemente, num "limbo". Quase cartoonesco na sua violência, percorre um caminho estreito entre a comédia surreal e o tenebroso realismo, assinalando o regresso de forma de William Friedkin (OS INCORRUPTÍVEIS CONTRA A DROGA e O EXORCISTA).
A Interpretação Masculina do ano
. Michael Shannon, em PROCUREM ABRIGO (Jeff Nichols), mais do que o retrato da provável degeneração mental de um indivíduo, o seu protagonismo é colocado como epíteto da Humanidade contemporânea — amedrontada, paranóica e confusa face às agressivas "manifestações" que a rodeia — numa composição que balança, admiravelmente, a pura contenção e o violento clamor.
A Interpretação Feminina do ano
. a destemida serenidade e majestosa imagem da inevitabilidade do ser humano por Emmanuelle Riva, em AMOR (Michael Haneke).
O Actor do ano
. 2012 colocou em evidência que afinal existe versatilidade e profundidade dramática em Matthew McConaughey, protagonizando uma impressionante "reabilitação" artística com o seu stripper empreendedor de MAGIC MIKE (Steven Soderbergh), o político sem escrúpulos de MORRE... E DEIXA-ME EM PAZ! (Richard Linklater) e o ambíguo jornalista de THE PAPERBOY — UM RAPAZ DO SUL (Lee Daniels). Portugal deve-lhe a "apresentação pública" do acima referido KILLER JOE (William Friedkin), onde pontifica, sem dúvida, o papel da sua vida.
A Actriz do ano
. Judi Dench, a prova de que o consensual reconhecimento de uma carreira não é antónimo de prolífera actividade, como o demonstraram a sua actriz clássica em A MINHA SEMANA COM MARYLIN (Simon Curtis), a mãe protectora de J. EDGAR (Clint Eastwood), a reformada vulnerável em O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD (John Madden) e uma chefe do MIT da velha guarda em 007 — OPERAÇÃO SKYFALL (Sam Mendes).
O Regresso do ano
. Jean-Louis Trintignant, repentino e enigmático retrato, quase extremo, de dedicação matrimonial em AMOR (Michael Haneke).
A Desilusão do ano
. HOLY MOTORS, de Leos Carax, que trouxe às plateias internacionais — adormecidas ou não — algumas das ideias de Cinema mais pertinentes do ano mas, ao confundir irreverência com aleatoriedade e experimentalismo com pretensiosismo, não as sustenta nem alimenta no espectador.
A mãe do traficante de 22 anos Chris Smith (Emile Hirsch) rouba-lhe droga no valor de seis mil dólares. De repente, Chris passa a ter uma dívida em mãos e muito pouco tempo para a pagar. Desesperado, descobre que a mãe tem um seguro de vida que vale muito dinheiro e contrata os serviços de Killer Joe (Matthew McConaughey), um polícia com um negócio paralelo: matar pessoas.
Normalmente, Joe exige pagamento adiantado, mas desta vez aceita Dottie (Juno Temple), a atraente irmã de de Chris, como garantia até o dinheiro ficar disponível... se alguma vez ficar. — filmSPOT.pt
A manipulação do espectador de cinema revela-se, por vezes, no modelo mais simples e no veículo menos esperado.
Quase cartoonesco na sua violência e no comentário social, KILLER JOE percorre um caminho estreito entre a comédia surreal e o tenebroso realismo, assinalando não só o regresso de William Friedkin (realizador de OS INCORRUPTÍVEIS CONTRA A DROGA, O EXORCISTA e VIVER E MORRER EM LOS ANGELES, provavelmente o seu último grande filme) a um pico de forma na provocação emocional que os títulos supracitados reuniram, como consegue elaborar, contundente e ironicamente, acerca da figura do redneck norte-americano — quem diria que este "estereótipo cinematográfico" ainda poderia facultar tanta singularidade? — para narrar a queda criminosa e amoral de uma família.
Ancorado, mas não dependente, na assombrosa performance de Matthew McConaughey ('Joe' é o papel da sua carreira e, depois do que mostrou em MAGIC MIKE e MORRE... E DEIXA-ME EM PAZ, estamos perante o caso mais flagrante de actor em "reabilitação" da actualidade), temos um protagonista capaz de se revelar elegante, sedutor, metódico e sádico no espaço de uma sequência — polivalência a que a eficaz transposição da peça de teatro, assinada por Tracy Letts, "obriga" —, em confronto com todo um elenco (sobretudo, Juno Temple e Gina Gershon) representativo de uma classe média a viver acima das suas "possibilidades éticas e de bons costumes".
E não haverá tempo para catarses nem mote para redenções. Ao invés disso, KILLER JOE oferece-nos um clímax burlesco e perturbador, propositadamente horrendo, cómico e penoso de se assistir — o papel "erótico" da Kentucky Fried Chicken, neste particular, já é de antologia —, e o final em aberto, tão perverso e desconcertante como o protagonista, assegura a brilhante excentricidade do filme.
Este é um estranho e sombrio "jogo" de William Friedkin, exactamente o mesmo com que Joe agita a família Smith: oferece-nos primeiro o que desejamos, mas cedo faz-nos duvidar desse desejo. E a autonomia do "jogo" só depende de nós e da nossa resistência à manipulação. No nosso caso, agradecemos o ludíbrio.
Estes tops são sempre polémicos. Há quem goste e há quem não goste! E ainda bem que assim é. Para mim o cinema pode ser 3 coisas: 1ª - pura e simplesmente ARTE; 2ª - pura e simplesmente ENTRETENIMENTO; 3ª - a junção de ARTE + ENTRETENIMENTO.
Para mim os grandes filmes, os melhores, serão aqueles que consigam de alguma forma aliar o conceito artístico ao entretenimento. Como nasci no ano de 1982, cresci a ver essencialmente filmes dessa década em diante, daí os meus filmes preferidos e aqueles que me marcaram serem na sua maioria filmes dos anos 80 e 90. São aqueles filmes que hoje, conseguimos estar conscientes de todos os defeitos, mas que ainda assim adoramos e continuamos a ver vezes sem conta! Considero-me um cinéfilo (amante de cinema) e mais ou menos entendido no assunto, mas não tenho problemas em admitir que as minhas preferências poderão ser blockbusters, ou filmes que muitos poderão considerar fraquíssimos! Hoje, com 28 anos, a minha visão é outra, aprecio cinema, independentemente do seu ano de produção, género, país, etc... Só não me ponham o Twilight à frente que posso partir a televisão. Bem e sem mais delongas e sem ordem específica cá vai a minha lista:
A primeira vez que o vi, confesso que não gostei. Não foi de fácil digestão. Hoje é o meu filme favorito com o meu actor favorito (Travolta), a minha banda sonora favorita.
. SAGA GUERRA DAS ESTRELAS (1977, Star Wars: Episode IV - A New Hope, 1980, Star Wars: Episode V - The Empire Strikes Back, 1983, Star Wars: Episode VI - Return of the Jedi, 1999, Star Wars: Episode I - The Phantom Menace, 2002, Star Wars: Episode II - Attack of the Clones, 2005, Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith, George Lucas, Irvin Kershner, Richard Marquand)
Pouco há a dizer aqui!
. HEAT — CIDADE SOB PRESSÃO (1995, Heat, Michael Mann)
Não há ninguém que filme a cidade como Michael Mann nesta obra-prima! O filme que junta a maior dupla do cinema de todos os tempos. A mítica cena do café de poucos minutos com Pacino e De Niro vale mais que muitos e muitos filmes actuais! Um clássico!
. PARQUE JURÁSSICO (1993, Jurassic Park, Steven Spielberg)
Sejam sinceros: quem não delirou com as fabulosas imagens deste filme na altura que saiu... Ainda hoje (quase 20 anos depois) tem efeitos credibilíssimos. Os dinossauros ganharam vida, e se me perguntarem alguma fala, eu sei... Depois tem os melhores vilões (para mim) do cinema-espectáculo (os Velociraptors)... Ainda hoje me passo com a cena da cozinha!
. TRILOGIA REGRESSO AO FUTURO (1985, 1989, 1990, Back to the Future, Robert Zemeckis)
Outro filme (ou melhor 3 filmes) que sei de trás para a frente! Michael J. Fox é enorme! As histórias são loucamente boas! Um marco na minha vida!
. O MEU PRIMEIRO BEIJO (1991, My Girl, Howard Zieff)
O único filme em que chorei baba e ranho depois da morte do personagem de Macalay Culkin. Um filme que me fez apaixonar na altura pelo desempenho de Anna Chlumsky (o que é feito de ti miúda?)
. CHAMADA PARA A MORTE (1954, Dial M for Murder, Alfred Hitchcock)
O primeiro filme que vi de Hitchcock. Foi a partir deste filme que comecei a fazer a minha colecção Hitchcock (livros, DVD, etc). Ah, e tem Grace Kelly!
. O GRANDE COMBATE (1978, Se ying diu sau, Woo-ping Yuen)
Sim, é um filme do Jackie Chan. Um clássico intemporal que não me farto de ver! Esta época foi de ouro para o actor.
. O EXORCISTA (1973, The Exorcist, William Friedkin)
Não é o meu filme de terror favorito, mas é dos mais perfeitos. Uma atmosfera criada numa divisão (o quarto) do melhor que já se fez no género. E depois, a primeira vez que vi este filme, era catraio, estava sozinho em casa, duas da manhã e tempestade lá fora. O ambiente perfeito para ver o filme. E isto marca qualquer puto.
. DIA DA INDEPENDÊNCIA (1996, Independence Day, Roland Emmerich)
Um daqueles que só visto numa sala enorme. Ainda hoje me lembro de quando o vi numa sessão da tarde na Suiça! Will Smith que emana estilo! Patriótico até dizer chega (mas o filme é americano e chama-se "Dia da Independência", por isso queriam o quê?)... Mais um que é capaz de dar cabo dos ouvidos, como só Emmerich sabe, mas digam lá se não sabe bem ver a Casa Branca ser reduzida a cinzas num segundo??
... ou as diversas nuances do horror/terror no Cinema. Um género que tem sido capaz de proporcionar alguns dos momentos mais inusitados da história do Cinema e de fertilidade criativa sem barreiras, encontra-se, infelizmente, em declínio no panorama actual de Hollywood (o filme mais recente desta lista data de 1998) pela repetição abundante de temas e por remakes de clássicos norte-americanos ou de produções estrangeiras — nomeadamente, de origem asiática, onde ainda é possível observar originalidade e vitalidade.
Como hoje celebra-se o Halloween (ou, para puristas da língua portuguesa, o Dia das Bruxas), eis a ocasião para recordar momentos que aterrorizaram e eriçaram os pelos de milhões de telespectadores. Sobretudo, aqueles que o conseguiram junto do Keyzer Soze's Place...
Os vídeos podem conter spoilers, revelações acerca dos argumentos dos filmes abaixo referidos. E também potenciadores de noites mal dormidas...
MENÇÃO HONROSA: A HORA DO LOBO (1968), de Ingmar Bergman
Resultado da convalescença de um esgotamento nervoso, foi a obra onde Ingmar Bergman mais se aproximou, gráfica e psicologicamente, do terror convencional. Também é das menos conhecidas do cineasta, apesar da admitida influência que exerce na nova vaga de thrillers suecos. Centrando-se nas estranhas figuras que assombram um pintor (Max von Sydow) sempre que a noite cai, A HORA DO LOBO culmina nesta assustadora e inesquecível metamorfose por parte de uma convidada do artista, que encontra uma forma original de se pôr à vontade na casa do seu anfitrião...
Exemplo supremo do sub-género terror psicológico, REPULSA é um fabuloso retrato de desmoronamento mental e físico. O seu preto-e-branco "sujo", oblíquos ângulos de câmara e o memorável desempenho de Catherine Deneuve incrementam, eficazmente, o nosso desconforto no momento em que a imaginação da protagonista cede perante os seus mais profundos recalcamentos e desejos. A partir daí, violência sexual, desleixo doméstico e paredes "traiçoeiras" deixam de ser simples alucinações...
Uma história que ficou registada na mente dos púbicos ocidentais em virtude do remake assinado por Gore Verbinski em 2002, o filme original permanece como o título que popularizou os temas e mecanismos, raramente repetitivos, do J-Horror. Capitalizando inteiramente na atmosfera em detrimento de 'cheap scares', RINGU deixou milhões de espectadores petrificados ao saberem da devastação que a "pequena" Sadako podia produzir... e, ao mesmo, apreensivos de qualquer cassete VHS com uma etiqueta pouco esclarecedora.
Introduziu no imaginário cinéfilo o extra-terrestre mais impiedoso de sempre, uma heroína das mais resistentes alguma vez capturadas em película e constitui, sem dúvida, a melhor fusão de ficção científica com terror. Sete tripulantes intergalácticos são forçados a pararem num planeta desconhecido e acabam por transportar para a nave-mãe uma criatura sem qualquer pejo de matar à primeira oportunidade. Um dos segredos do sucesso de ALIEN — O 8º PASSAGEIRO foi nunca conseguirmos ter um vislumbre detalhado do "monstro" — algo plenamente atestado neste brutal encontro do terceiro grau...
O melhor filme de terror de todos os tempos? Muito provavelmente (só não ocupa o primeiro lugar por esta ser uma lista de sequências). A imagem do puro mal encarnado em Regan, angélica menina de 12 anos que se transforma, progressivamente, num "compêndio" de indecência e obscenidade com propensão para cuspir pasta verde à cara de padres católicos. As audiências, em 1973, desfaleceram (literalmente) perante o arrojo narrativo e visual de O EXORCISTA. Conta a lenda que tais reacções só poderiam ser causadas por um demónio que se "apoderou" do filme. E ao vermos os primeiros sintomas de Regan, talvez a teoria não seja totalmente descartável...
Já aqui se falou da importância de uma atmosfera bem concebida como caminho para experiências de puro terror em Cinema. Nesse âmbito, Dario Argento é um dos principais nomes a ter em conta, e SUSPIRIA a sua obra seminal. Este é um momento memorável de horror em catadupa ("o homicídio mais perverso de sempre", segundo a Entertainment Weekly) a que ninguém consegue ficar indiferente pela conjugação brilhante de susto, gore e poder de sugestão — os ingredientes básicos do terror enquanto género cinematográfico.
Para celebrar o Dia das Bruxas, nada melhor como a listagem dos dez filmes de terror e/ou horror, acompanhados dos fantásticos trailers concebidos para os mesmos, que marcaram a minha vida.
Assim, e por ordem crescente, os meus favoritos são:
Keyzer Soze é um personagem do filme de 1995, OS SUSPEITOS DO COSTUME.
Soze era o líder de uma secreta organização criminosa; a sua impiedosa personalidade e obscura influência granjeou-lhe um estatuto quase mítico entre agentes da lei e gangsters.
O seu papel no supreendente twist final do filme tornou-se num dos ícones da cultura popular dos anos 90.