#13: 'Ok! That was disturbing'...
... ou as diversas nuances do horror/terror no Cinema. Um género que tem sido capaz de proporcionar alguns dos momentos mais inusitados da história do Cinema e de fertilidade criativa sem barreiras, encontra-se, infelizmente, em declínio no panorama actual de Hollywood (o filme mais recente desta lista data de 1998) pela repetição abundante de temas e por remakes de clássicos norte-americanos ou de produções estrangeiras — nomeadamente, de origem asiática, onde ainda é possível observar originalidade e vitalidade.
Como hoje celebra-se o Halloween (ou, para puristas da língua portuguesa, o Dia das Bruxas), eis a ocasião para recordar momentos que aterrorizaram e eriçaram os pelos de milhões de telespectadores. Sobretudo, aqueles que o conseguiram junto do Keyzer Soze's Place...
Os vídeos podem conter spoilers, revelações acerca dos argumentos dos filmes abaixo referidos. E também potenciadores de noites mal dormidas...
MENÇÃO HONROSA: A HORA DO LOBO (1968), de Ingmar Bergman
Resultado da convalescença de um esgotamento nervoso, foi a obra onde Ingmar Bergman mais se aproximou, gráfica e psicologicamente, do terror convencional. Também é das menos conhecidas do cineasta, apesar da admitida influência que exerce na nova vaga de thrillers suecos. Centrando-se nas estranhas figuras que assombram um pintor (Max von Sydow) sempre que a noite cai, A HORA DO LOBO culmina nesta assustadora e inesquecível metamorfose por parte de uma convidada do artista, que encontra uma forma original de se pôr à vontade na casa do seu anfitrião...
5. REPULSA (1965), de Roman Polanski
Exemplo supremo do sub-género terror psicológico, REPULSA é um fabuloso retrato de desmoronamento mental e físico. O seu preto-e-branco "sujo", oblíquos ângulos de câmara e o memorável desempenho de Catherine Deneuve incrementam, eficazmente, o nosso desconforto no momento em que a imaginação da protagonista cede perante os seus mais profundos recalcamentos e desejos. A partir daí, violência sexual, desleixo doméstico e paredes "traiçoeiras" deixam de ser simples alucinações...
4. RINGU (1998), de Hideo Nakata
Uma história que ficou registada na mente dos púbicos ocidentais em virtude do remake assinado por Gore Verbinski em 2002, o filme original permanece como o título que popularizou os temas e mecanismos, raramente repetitivos, do J-Horror. Capitalizando inteiramente na atmosfera em detrimento de 'cheap scares', RINGU deixou milhões de espectadores petrificados ao saberem da devastação que a "pequena" Sadako podia produzir... e, ao mesmo, apreensivos de qualquer cassete VHS com uma etiqueta pouco esclarecedora.
3. ALIEN — O 8º PASSAGEIRO (1979), de Ridley Scott
Introduziu no imaginário cinéfilo o extra-terrestre mais impiedoso de sempre, uma heroína das mais resistentes alguma vez capturadas em película e constitui, sem dúvida, a melhor fusão de ficção científica com terror. Sete tripulantes intergalácticos são forçados a pararem num planeta desconhecido e acabam por transportar para a nave-mãe uma criatura sem qualquer pejo de matar à primeira oportunidade. Um dos segredos do sucesso de ALIEN — O 8º PASSAGEIRO foi nunca conseguirmos ter um vislumbre detalhado do "monstro" — algo plenamente atestado neste brutal encontro do terceiro grau...
2. O EXORCISTA (1973), de William Friedkin
O melhor filme de terror de todos os tempos? Muito provavelmente (só não ocupa o primeiro lugar por esta ser uma lista de sequências). A imagem do puro mal encarnado em Regan, angélica menina de 12 anos que se transforma, progressivamente, num "compêndio" de indecência e obscenidade com propensão para cuspir pasta verde à cara de padres católicos. As audiências, em 1973, desfaleceram (literalmente) perante o arrojo narrativo e visual de O EXORCISTA. Conta a lenda que tais reacções só poderiam ser causadas por um demónio que se "apoderou" do filme. E ao vermos os primeiros sintomas de Regan, talvez a teoria não seja totalmente descartável...
1. SUSPIRIA (1977), de Dario Argento
Já aqui se falou da importância de uma atmosfera bem concebida como caminho para experiências de puro terror em Cinema. Nesse âmbito, Dario Argento é um dos principais nomes a ter em conta, e SUSPIRIA a sua obra seminal. Este é um momento memorável de horror em catadupa ("o homicídio mais perverso de sempre", segundo a Entertainment Weekly) a que ninguém consegue ficar indiferente pela conjugação brilhante de susto, gore e poder de sugestão — os ingredientes básicos do terror enquanto género cinematográfico.
domingo, outubro 31, 2010
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Based on a work at sozekeyser.blogspot.com.
5 comentários:
Vi o Repulsion pela primeira vez há poucas semanas e fiquei completamente fã. É um excelente filme, na minha opinião superior ao (também óptimo) Rosemary's Baby.
É um género que dava para uma lista maior. Por exemplo, na minha opinião falta o Shining, do Kubrick. Mas é o problema das listas, quando nos pomos a pensar nelas ficam sempre muitas de fora. Parabéns por teres conseguido fazer esta óptima escolha.
Berto,
nunca é tarde para ver o fabuloso REPULSA :)
O Projeccionista,
são escolhas puramente pessoais — assim como a opinião de que o SHINING, apesar da sua perfeição estética, é o filme "menor" de Kubrick.
Obrigado aos dois!
Boa lista, falta me ver um ou outro dessa lista, nomeadamente o suspiria e o repulsa. Fiquei curioso, pergunto me se serão filmes relativamente fáceis de se encontrar à venda.
Cumps
Caro Miguel,
estão facilmente disponíveis em sites de venda on-line, e talvez a FNAC consiga dar o "jeito".
Cumps cinéfilos.
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