terça-feira, abril 26, 2011

#6



... segundo a opinião e palavras do Miguel Lourenço Pereira, do blog Cinema — A Arte em Movimento:

1. DO CÉU CAIU UMA ESTRELA
(1946, It's a Wonderful Life, Frank Capra)



Já devo ter visto este filme umas 20 vezes e a cada visionamento descubro algum delicioso detalhe novo que sempre me espanta. George Bailey é, para mim, a personagem perfeita e o filme que culminou a maravilhosa colaboração entre Capra e Stewart consegue ser uma verdadeira fábula cinematográfica repleta de sequências de uma força emocional que Hollywood nunca mais repetiu.

2. A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES
(1958, Vertigo, Alfred Hitchcock)



Há algo em Vertigo que me faz perder a cabeça. É o único filme que tem direito a um quadro no meu escritório porque olhar para aquele poster cor de laranja evoca o que de melhor se fez na história da 7ª Arte. A loucura de Dali, o voyeurismo de Hitchock, o espirito perturbado de Stewart, o corpo de Novak, as ruas de S. Francisco... nada falha aqui.

3. QUANTO MAIS QUENTE MELHOR
(1959, Some Like It Hot, Billy Wilder)



Wilder é o cineasta mais humano que conheço porque é o único que no mesmo filme é capaz de mesclar o lado mais obscuro com o lado mais divertido do Ser Humano. Talvez The Apartment esteja uns furos acima, mas o ritmo frenético de Some Like it Hot e a explosão interpretativa de Jack Lemmon fazem-no algo verdadeiramente especial.

4. A DESAPARECIDA
(1956, The Searchers, John Ford)



O filme que define o western da mesma forma que In the Mood define o Jazz. Não são as paisagens, é a cor. Não é John Wayne, é a dor de um olhar destroçado. Não é o ritmo épico, é o olhar profundamente marcado pelo futuro de um país. Ford fez muitos filmes perfeitos, mas nenhum tanto como este.

5. MILLION DOLLAR BABY — SONHOS VENCIDOS
(2004, Million Dollar Baby, Clint Eastwood)



Culmina a carreira do único cineasta pós-1960 que pode ombrear com os grandes. Eastwood tem essa suavidade que faz de qualquer filme seu uma experiência terapêutica. Como actor é melhor em Gran Torino ou Unforgiven, mas a aura que rodeia cada milimetro de frame de MDB é inatingivel na sua filmografia.

6. GATA EM TELHADO DE ZINCO QUENTE
(1958, Cat on a Hot Tin Roof, Richard Brooks)



Se o Cinema fosse sexo, seria Cat on a Hot Thin Roof. A sede de sexo que emana do olhar de Liz Taylor, a questionada sexualidade do amputado Newman, a impotência do brutal Ives conjugam-se naquela que é talvez a mais certeira adaptação teatral ao cinema. Um filme que não me canso de rever.

7. MATAR OU NÃO MATAR
(1950, In a Lonely Place, Nicholas Ray)



Sempre tive um imenso fascinio pelo cinema noir, talvez pelas horas perdidas entre as obras de Chandler e Hammet. Daquela vaga de brilhantes filmes de low budget nenhum me soube captivar tão bem pela sua intensidade como o explosivo In a Lonely Place, um filme que define verdadeiramente uma era.

8. LAWRENCE DA ARÁBIA
(1962, Lawrence of Arabia, David Lean)



O deserto sempre despertou um especial fascinio nos homens do verde ocidente e nunca nenhum o soube captar com tanta certeza como David Lean. Os olhos azuis de O´Toole, as vestes brancas de Lawrence e a imensidão perdida da Arábia transformam a longa experiência que é seguir Lawrence of Arabia num sacrificio que vale bem a pena.

9. O SENHOR DOS ANÉIS — O REGRESSO DO REI
(2003, The Lord of the Rings: The Return of the King, Peter Jackson)



Perdi as contas às vezes que me deixei render pela perfeita recriação da Terra Média que Jackson desenhou com régua e esquadro. The Return of the King é o culminar da mais impecável trilogia da história do cinema, uma saga que é precisamente cinema antes de ser literatura e que utiliza todos os truques cinematográficos para levar o espectador para outra dimensão. Sublime homenagem à obra literária do século passado.

10. O PADRINHO
(1972, The Godfather, Francis Ford Coppola)



Apesar de todos gostarem de Brando, para mim The Godfather é Pacino, o mais completo actor da Nova Hollywood. Não só na segunda toma mas essencialmente na sua sombria transformação de herói de guerra a capo mafioso. O olhar de Pacino dita o ritmo a que se vai movendo, lentamente, e com trilha sonora à altura, o mundo dos Corleone. Um clássico.

--//--

Obrigado, Miguel, pela tua participação!

12 comentários:

My One Thousand Movies disse...

Grande lista, mas do Miguel não podia esperar outra coisa :))
Tem um filme em comum comigo.

João Bizarro disse...

Grandes filmes.

Sarah disse...

Confesso que não vi alguns deles, mas decerto que serão bons filmes. Identifico-me com o Senhor dos Aneís e Padrinho ((:

Sarah
http://depoisdocinema.blogspot.com

Álvaro Martins disse...

Aqui sim há clássicos, muito boa lista sem dúvida.

João disse...

Grande lista!

Unknown disse...

Adorei ver a inclusão do filme do Richard Brooks e do Nicholas ray, dois dos filmes que mais admiro da hollywood cossaca. Diria ate que o gata em telhado de zinco quente e a prova perfeita do que são grandes interpretações, interpretações que não necessitam de corta cola e constante montagem. Mas foi um aparte. A parte do million dollar baby que nAo gosto tanto quanto outros filmes do eastwood, e uma boa lista.

Sam disse...

Óptimos filmes, sem dúvida!

E @Fifeco, apreciei e muito os teus apartes :) São sempre bem-vindos ao Keyzer!

Cumps cinéfilos a tod@s!

Roberto Simões disse...

Não tenho mesmo nada a acrescentar a todos os comentários feitos acima. É unânime o reconhecimento da qualidade dos títulos presentes nesta lista. Se esta é a lista de filmes da vida do Miguel, que grande é a sua vida então, depreendo ;)

Roberto Simões
CINEROAD

Pedro Ponte disse...

Não há como confundir, esta lista sim, espelha um conhecimento e paixão pelo cinema diferente e bastante aprofundado. Não vi os filmes de Brooks e Ray, mas de resto é essencialmente um best-of do melhor que o cinema americano já produziu. Apenas partilhamos um filme, mas outros (em especial THE SEARCHERS) podia perfeitamente estar entre os meus eleitos.

Cumps.

Unknown disse...

Eu vou fazendo mais alguns sendo assim :D

Já agora, recebeste a minha lista?

Sam disse...

@Fifeco, recebi sim senhor! Desculpa não te ter dado feedback :/

Abraço!

Catarina Norte disse...

Adorei Cat on a Hot Tin Roof! Fabulosos Taylor e Newman!

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