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quinta-feira, maio 23, 2013

O Cinema dos Anos 2000: Mystic River, de Clint Eastwood




A cidade como que vive e sobrevive na sua quietude e paciência eternas. As pessoas caminham e se cruzam entre si, preenchendo as ruas, o espaço e os vazios da temporalidade. Na sombra está o rio, o Mystic, que corre sem pressas e sem problemas, sistematicamente, qual cenário belo e fixo. Contempla calmamente o panorama citadino e a vida dos intervenientes da sociedade em que se envolve. Circulando e assistindo ao dia-a-dia, o rio é, porventura, a única testemunha de algumas situações e acontecimentos graves ou preponderantes na charneira que por vezes se desenha à sua frente, incauta e despropositadamente. O rio sabe os segredos mais obscuros, mais esquecidos, e portanto, sabe quase sempre mais que nós, transeuntes e meros peões numa malha que por si só se perde e se emaranha na complexidade da vida.

É neste cenário e sobre este prisma que a história deste filme se desenrola. Divide-se, desde logo, em duas — a primeira, na infância e na inocência própria desta fase. As brincadeiras são muitas, as traquinices ainda mais, e, logo, não será de estranhar que um mero encontro despoletará a mais vil recordação e, infelizmente, a fractura decisiva. Acaso ou não, a situação mudará para sempre a vida dos três amigos, os três protagonistas do filme, à data parceiros inseparáveis. Na segunda parte da história, e transportados anos mais tarde, constatamos que a amizade antes inquebrável se situa agora no limiar entre a memória e o simples reconhecimento. A vida concede voltas, e o seu curso toma direcções díspares, pelo que os três amigos, ainda que vivendo sob o mesmo tecto urbano, assumem posturas e profissões sociais distintas. Os cruzamentos pelo bairro e pela vizinhança revelam apenas e só lembranças e (des)apreço mútuo. A reter, por isso, estará nesta fase, e inequivocamente, a família e o quotidiano que se adensa, pelo que a infância reflecte única e exclusivamente uma nostalgia do passado, vivido sob a alçada do bairro e do rio transversalmente atento.

Entretanto, outro acontecimento se dá, e, uma vez mais, o Mystic é testemunha. Evocando certas memórias, é a partir deste ponto que começará então o mistério e o drama profundamente enraizados e escondidos de há muito. A suspeita, o medo e a incerteza modelam o espaço e, sobretudo, o subconsciente. Como se aquele fatídico dia e o acontecimento consequente nunca pudesse cair no total e absoluto esquecimento. De facto, é evidente, certos traumas permanecem e se demarcam, definindo e construindo identidades e amizades socialmente precipitadas, ao ponto de a confiança dar lugar à acusação e ao desrespeito quando é conveniente. É triste, mas no fim de contas verdadeiro e humano, por mais atroz e cruel que isso possa parecer.

No fundo, três amigos, três adultos e três casais formam a estrutura e a evolução do próprio filme (e da própria vida), sem retorno e sem emenda. Particularmente, determinam a história e o drama presente, que entrelaçado na vivência e na actividade de cada um se desenhará segundo os contornos da personalidade e da crença individuais. Nada resiste à mudança e ao tempo, pelo que o crescimento é inevitável, no bom e no mau sentido, e o que antes era duvidoso e desconfortável, agora pode-se revelar certo e determinante. Ou não, quem sabe?! Aqui, apenas o rio, o Mystic, que é o elo entre as recordações e os acontecimentos presentes, é como que a metáfora das alegrias e das mágoas, as quais aparente e temporariamente ficam submersas, mas que face a actuais tragédias regressam à margem e à superfície com uma brutalidade e crueldade inesperadas. Resta o discernimento, a ponderação e a calma, tão difíceis nestes momentos.

Clint Eastwood, apoiado por uma excelente fotografia e por uma grande banda-sonora, filma o drama numa cadência sombria e policial, e com uma contenção e uma intensidade notáveis. Retrata e explora tanto as nuances psicológicas dos seus personagens, quanto a normalidade e a frieza do quotidiano de um bairro, onde todos se conhecem e onde todos estão, intimamente, prontos a apontar o dedo. Travellings sobre o rio acentuam a sua tal presença assídua, os planos fixos, sinceros e solidários com o argumento demonstram uma opção certa, tal como ainda os ligeiros movimentos de câmera denunciam particulares sequências e momentos fracturantes. A título de exemplo, a cena da revelação da morte de uma personagem e da consequente tomada de conhecimento paternal é tremendamente reveladora deste aspecto. Arrepiante. Grande cena, e a propósito, grande Sean Penn.

MYSTIC RIVER se assume assim, qual rio profundo, como um dos mais ocultos e intensos dramas da década transacta. De emoções fortes e com uma densidade e profundidade destacáveis, é nas personagens, as tais seis pessoas (em sublimes interpretações), que verdadeiramente se define, ainda que, e sempre, a contenção e a respiração que Eastwood é capaz de sustentar o abrilhante ainda mais. Por tudo isto, resta-nos somente mergulhar na realidade, por mais cinzenta e violenta que ela seja.

por Jorge Teixeira (Caminho Largo).

Elenco
. Sean Penn (Jimmy Markum), Tim Robbins (Dave Boyle), Kevin Bacon (Detective Sean Devine), Marcia Gay Harden (Celeste Boyle), Laura Linney (Annabeth Markum), Laurence Fishburne (Detective Sergeant Whitey Powers), Tom Guiry (Brendan Harris), Spencer Treat Clark (Ray Jr. "Silent Ray" Harris), Emmy Rossum (Katie Markum)


Palmarés
. Oscars da Academia: Melhor Actor (Sean Penn), Melhor Actor Secundário (Tim Robbins)
. Globos de Ouro: Melhor Actor — Drama (Sean Penn), Melhor Actor Secundário (Tim Robbins)
. Césares: Melhor Filme Estrangeiro (Clint Eastwood)
. Festival de Cannes: Prémio Golden Coach (Clint Eastwood)
. Prémios Sant Jordi: Melhor Filme Estrangeiro (Clint Eastwood)
. Fotogramas de Plata: Melhor Filme Estrangeiro (Clint Eastwood)
. Satellite Awards: Melhor Actor — Drama (Sean Penn), Melhor Argumento Adaptado (Brian Helgeland)
. National Board of Review: Melhor Filme, Melhor Actor (Sean Penn)
. Screen Actors Guild: Melhor Actor Secundário (Tim Robbins)


Sobre Sean Penn

Bad boy, activista social, realizador (O LADO SELVAGEM, 2007) e um dos actores mais proeminentes da sua geração, despontou para as atenções do mundo com o protagonismo em A ÚLTIMA CAMINHADA (1995, Tim Robbins), numa carreira que soma interpretações determinantes para o seu actual estatuto de grande aclamação crítica: PERSEGUIDO PELO PASSADO (1993, de Brian De Palma), A BARREIRA INVISÍVEL (1998, de Terrence Malick), 21 GRAMAS (2003, de Alejandro González Iñárritu) e MILK (2008, de Gus Van Sant, pelo qual recebeu o segundo Oscar da Academia) são alguns dos títulos que o demarcou dos seus pares.



sábado, março 03, 2012

Add to Cart #31



«Whatever happened to Darren Aronofsky’s Batman movie starring Clint Eastwood? Why were there so many scripts written over the years for Steven Spielberg and George Lucas’s fourth Indiana Jones movie? Why was Lara Croft’s journey to the big screen so tortuous, and what prevented Paul Verhoeven from filming what he calls "one of the greatest scripts ever written"? Why did Ridley Scott’s Crisis in the Hot Zone collapse days away from filming, and were the Beatles really set to star in Lord of the Rings? What does Neil Gaiman think of the attempts to adapt his comic book series The Sandman?»

O sumário detalhado de inúmeros e fascinantes projectos perdidos que estiveram nas cogitações das majors de Hollywood, recuperados neste livro que inclui entrevistas com os cineastas e argumentistas neles envolvidos.

[Fonte: The Fandom Post.]

sexta-feira, novembro 11, 2011

Hollywood Buzz #145

O que se diz lá fora sobre J. EDGAR, de Clint Eastwood:



«As a period biopic, J. EDGAR is masterful. Few films span seven decades this comfortably.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«Mr. Eastwood doesn't just shift between Hoover's past and present, his intimate life and popular persona, he also puts them into dialectic play, showing repeatedly how each informed the other.»
Manohla Dargis, The New York Times.

«Any movie in which the longtime FBI honcho features as the central character must supply some insight into what made him tick, or suffer from the reality that the Bureau's exploits were far more interesting than the bureaucrat who ran it - a dilemma J. EDGAR never rises above.»
Peter Debruge, Variety.

«This surprising collaboration between director Clint Eastwood and MILK screenwriter Dustin Lance Black tackles its trickiest challenges with plausibility and good sense, while serving up a simmeringly caustic view of its controversial subject's behavior, public and private.»
Todd McCarthy, The Hollywood Reporter.

«J. EDGAR turns out to be one of the worst ideas anybody's ever had, a mendacious, muddled, sub-mediocre mess that turns some of the most explosive episodes of the 20th century into bad domestic melodrama and refuses to take any clear position on one of American history's most controversial figures.»
Andrew O'Hehir, Salon.com.

quarta-feira, junho 01, 2011

#12



... segundo as palavras do João Gonçalves, do blog Modern Times:

10 escolhas, 10 filmes da minha vida. Muitos ficaram de fora e foi difícil a selecção.

Como 10 tinham de ser, optei por aqueles que me dizem mais, não necessariamente os melhores. Valem o que valem. Não consigo justificar melhor, não quando os filmes são tão pessoais.


1. PRIMAVERA TARDIA
(1949, Banshun, Yasujirô Ozu)



Lembro-me de cinema, lembro-me de Ozu. Lembro-me da forma como me marcou este filme. Uma câmera, uma família.

2. O SACRIFÍCIO
(1986, Offret, Andrei Tarkovsky)



O último filme de Tarkovsky. O meu filme preferido. Uma sensibilidade uníca na arte de filmar.

3. AURORA
(1927, Sunrise: A Song of Two Humans, F.W. Murnau)



A melhor história de amor de todos os tempos. Não há filme no mundo mais belo do que Sunrise. Para City Girl e Tabu serviriam as mesmas palavras.

4. JANELA INDISCRETA
(1954, Rear Window, Alfred Hitchcock)



É o melhor filme do mestre Hitchcock. Cada vez que o revejo, novos pormenores encontro. Incrivelmente bem filmado.

5. O TOURO ENRAIVECIDO
(1980, Raging Bull, Martin Scorsese)



Porque foi dos primeiros filmes que vi quando comecei a ver cinema a sério. Scorsese no seu melhor, numa obra marcante.

6. O INTENDENTE SANSHO
(1954, Sanshô dayû, Kenji Mizoguchi)



Uma obra de arte.

7. VOANDO SOBRE UM NINHO DE CUCOS
(1975, One Flew Over the Cuckoo's Nest, Milos Forman)



Um filme perturbador, que não nos sai da cabeça por dias. Admiro a leveza, num tom quase cómico como é conduzido o filme para logo espetar um murro no estômago. Um filme que me diz muito.

8. MORANGOS SILVESTRES
(1957, Smultronstället, Ingmar Bergman)



Um filme de memórias. Sobre a vida, sobre o passado, sobre nostalgia.

9. AS PONTES DE MADISON COUNTY
(1995, The Bridges of Madison County, Clint Eastwood)



O melhor filme dos anos 90. Um romance único e apaixonante. Nada me comove mais que toda a cena do semáforo.

10. O VALE ERA VERDE
(1941, How Green Was My Valley, John Ford)



É um filme mágico, como só John Ford o sabe fazer.

--//--

Obrigado, João, pela tua participação!

terça-feira, abril 26, 2011

#6



... segundo a opinião e palavras do Miguel Lourenço Pereira, do blog Cinema — A Arte em Movimento:

1. DO CÉU CAIU UMA ESTRELA
(1946, It's a Wonderful Life, Frank Capra)



Já devo ter visto este filme umas 20 vezes e a cada visionamento descubro algum delicioso detalhe novo que sempre me espanta. George Bailey é, para mim, a personagem perfeita e o filme que culminou a maravilhosa colaboração entre Capra e Stewart consegue ser uma verdadeira fábula cinematográfica repleta de sequências de uma força emocional que Hollywood nunca mais repetiu.

2. A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES
(1958, Vertigo, Alfred Hitchcock)



Há algo em Vertigo que me faz perder a cabeça. É o único filme que tem direito a um quadro no meu escritório porque olhar para aquele poster cor de laranja evoca o que de melhor se fez na história da 7ª Arte. A loucura de Dali, o voyeurismo de Hitchock, o espirito perturbado de Stewart, o corpo de Novak, as ruas de S. Francisco... nada falha aqui.

3. QUANTO MAIS QUENTE MELHOR
(1959, Some Like It Hot, Billy Wilder)



Wilder é o cineasta mais humano que conheço porque é o único que no mesmo filme é capaz de mesclar o lado mais obscuro com o lado mais divertido do Ser Humano. Talvez The Apartment esteja uns furos acima, mas o ritmo frenético de Some Like it Hot e a explosão interpretativa de Jack Lemmon fazem-no algo verdadeiramente especial.

4. A DESAPARECIDA
(1956, The Searchers, John Ford)



O filme que define o western da mesma forma que In the Mood define o Jazz. Não são as paisagens, é a cor. Não é John Wayne, é a dor de um olhar destroçado. Não é o ritmo épico, é o olhar profundamente marcado pelo futuro de um país. Ford fez muitos filmes perfeitos, mas nenhum tanto como este.

5. MILLION DOLLAR BABY — SONHOS VENCIDOS
(2004, Million Dollar Baby, Clint Eastwood)



Culmina a carreira do único cineasta pós-1960 que pode ombrear com os grandes. Eastwood tem essa suavidade que faz de qualquer filme seu uma experiência terapêutica. Como actor é melhor em Gran Torino ou Unforgiven, mas a aura que rodeia cada milimetro de frame de MDB é inatingivel na sua filmografia.

6. GATA EM TELHADO DE ZINCO QUENTE
(1958, Cat on a Hot Tin Roof, Richard Brooks)



Se o Cinema fosse sexo, seria Cat on a Hot Thin Roof. A sede de sexo que emana do olhar de Liz Taylor, a questionada sexualidade do amputado Newman, a impotência do brutal Ives conjugam-se naquela que é talvez a mais certeira adaptação teatral ao cinema. Um filme que não me canso de rever.

7. MATAR OU NÃO MATAR
(1950, In a Lonely Place, Nicholas Ray)



Sempre tive um imenso fascinio pelo cinema noir, talvez pelas horas perdidas entre as obras de Chandler e Hammet. Daquela vaga de brilhantes filmes de low budget nenhum me soube captivar tão bem pela sua intensidade como o explosivo In a Lonely Place, um filme que define verdadeiramente uma era.

8. LAWRENCE DA ARÁBIA
(1962, Lawrence of Arabia, David Lean)



O deserto sempre despertou um especial fascinio nos homens do verde ocidente e nunca nenhum o soube captar com tanta certeza como David Lean. Os olhos azuis de O´Toole, as vestes brancas de Lawrence e a imensidão perdida da Arábia transformam a longa experiência que é seguir Lawrence of Arabia num sacrificio que vale bem a pena.

9. O SENHOR DOS ANÉIS — O REGRESSO DO REI
(2003, The Lord of the Rings: The Return of the King, Peter Jackson)



Perdi as contas às vezes que me deixei render pela perfeita recriação da Terra Média que Jackson desenhou com régua e esquadro. The Return of the King é o culminar da mais impecável trilogia da história do cinema, uma saga que é precisamente cinema antes de ser literatura e que utiliza todos os truques cinematográficos para levar o espectador para outra dimensão. Sublime homenagem à obra literária do século passado.

10. O PADRINHO
(1972, The Godfather, Francis Ford Coppola)



Apesar de todos gostarem de Brando, para mim The Godfather é Pacino, o mais completo actor da Nova Hollywood. Não só na segunda toma mas essencialmente na sua sombria transformação de herói de guerra a capo mafioso. O olhar de Pacino dita o ritmo a que se vai movendo, lentamente, e com trilha sonora à altura, o mundo dos Corleone. Um clássico.

--//--

Obrigado, Miguel, pela tua participação!

sexta-feira, outubro 22, 2010

Hollywood Buzz #104

O que se diz lá fora sobre HEREAFTER, de Clint Eastwood:



«This is a film for intelligent people who are naturally curious about what happens when the shutters close.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«One of the reasons that HEREAFTER works as well as it does - it has the power to haunt the skeptical, to mystify the credulous and to fascinate everyone in between.»
A.O. Scott, The New York Times.

«A movie that opens with a sensational bang and then proceeds to pursue the Big Questions about life and death in lovely, lugubrious and increasingly off-putting fashion, until all its drama has been frittered away in a dreamy, drifty haze.»
Andrew O'Hehir, Salon.com.

«A beguiling blend of the audacious and the familiar; it dances right on the edge of the ridiculous and at times even crosses over, but is armored against risibility by its deep pockets of emotion, sly humor and matter-of-fact approach to the fantastical.»
Justin Chang, Variety.

«The signature Eastwoodian music that the director lays over the proceedings - piano tinkle, guitar pluck, and an echo of Rachmaninoff out of Noël Coward's BRIEF ENCOUNTER - can't hold the assemblage together.»
Lisa Schwarzbaum, Entertainment Weekly.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Hollywood Buzz #68

O que se diz lá fora sobre INVICTUS, de Clint Eastwood:



«Freeman does a splendid job of evoking the man Nelson Mandela, who is as much a secular saint as Gandhi [...]. He shows him as genial, confident, calming -- over what was clearly a core of tempered steel.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«Beyond the politician, Mr. Freeman and Mr. Eastwood allow us glimpses of a complicated and somewhat melancholy man, carrying the loneliness of his long imprisonment with him and estranged from much of his family.»
A.O. Scott, New York Times.

«Inspirational on the face of it, Clint Eastwood's film has a predictable trajectory, but every scene brims with surprising details that accumulate into a rich fabric of history, cultural impressions and emotion.»
Todd McCarthy, Variety.

«A temperate, evenhanded perhaps overly timid film about an intemperate time in South Africa.»
Kirk Honeycutt, Hollywood Reporter.

«The film's speechifying is at times overexplicit, yet Freeman lets the words breathe, and Damon, as the cautious Afrikaner brought to a higher place by Mandela's authority, acts with a 
 coolly impassive fervor.»
Owen Gleiberman, Entertainment Weekly.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Cinema de Pós-Verão

Como já é habitual nesta data, o Keyzer Soze's Place observa o futuro e adianta 20 filmes relevantes que irão estrear nos próximos meses.

Dos títulos que irão disputar Óscares, Globos de Ouro e variados prémios de associações de crítica até às grandes produções que passarão pelas salas de cinema, não faltam sugestões para todos os gostos.

( As datas de estreia nacional apresentadas estão sujeitas a alteração pelas produtoras).

1) BAKJWI/THIRST



O argumento: Sang-hyun (Song Kang-ho), estimado e devoto padre católico, oferece-se como cobaia para testar uma vacina destinada a erradicar um vírus mortal. A intervenção cirúrgica corre mal e a transfusão sanguínea que lhe é administrada transforma-o num vampiro. A partir deste momento, o padre afunda-se em desespero e perversidade mas sempre na busca de alguma réstia de humanidade.
Focos de interesse: Realizado por Chan-wook Park (OLDBOY — VELHO AMIGO) e com Song Kang-ho (THE HOST — A CRIATURA) a protagonizar, BAKJWI/THIRST foi laureado com o Grande Prémio do Júri no último Festival de Cannes. É considerado, por muitos, como o refresh mais interessante no género vampiresco da presente década.
Estreia em Portugal: 15 de Outubro (*)

2) THE INFORMANT!



O argumento: Mark Whitacre (Matt Damon) é um importante executivo na Archer Daniels Midland (ADM), líder de mercado na comercialização de produtos alimentícios, que para além de diagnosticado com desordem bipolar, decide confessar — e face a todos os riscos possíveis e imagináveis — ao FBI o esquema de viciação de preços praticado pela empresa onde trabalha.
Focos de interesse: Baseado num caso verídico que, em meados dos anos 90, culminou na maior multa alguma vez paga por uma empresa privada nos EUA por corrupção activa. A transformação física empreendida por Matt Damon, com 13kg a mais, um estranho bigode e óculos com "aros de tartaruga".
Estreia em Portugal: 29 de Outubro (*)

3) 9



O argumento: Quando 9 (Elijah Wood), criatura semelhante a uma boneca de trapos, acorda pela primeira vez, depara-se com um mundo pós-apocalíptico, onde todos os seres humanos desapareceram. Por acaso, encontra uma pequena comunidade composta por seus semelhantes, aterrorizada pelas temíveis máquinas que vagueiam pela Terra. Apesar de ser o mais novo, 9 convence os outros de que o ataque é a melhor defesa.
Focos de interesse: Produzido por Tim Burton e Timur Bekmambetov (realizador de PROCURADO), é considerado como revolucionário no campo da animação digital. O "elenco vocal" de primeira linha, com Elijah Wood, Christopher Plummer, Martin Landau, Jennifer Connelly e John C. Reilly.
Estreia em Portugal: 29 de Outubro (*)

4) JENNIFER'S BODY



O argumento: Jennifer (Megan Fox), a rapariga mais popular do liceu, transforma-se num monstro faminto e sanguinário após um (mau) encontro com uma banda de rock satânica. A sua melhor amiga, Needy (Amanda Seyfried), é a única a compreender a natureza sinistra da transformação de Jennifer e decide enfrentar o problema por sua conta e risco.
Focos de interesse: Para o público masculino: Megan Fox. Para o público feminino: o implícito (e original) girl power da história. Para o público em geral: o argumento é da autoria de Diablo Cody, oscarizada por JUNO.
Estreia em Portugal: 29 de Outubro (*)

5) A SERIOUS MAN



O argumento: Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg), professor de Física numa pequena universidade, sente-se estagnado. "Eu quero ser um homem sério", afirma ele. Contudo, sofre golpes constantes, figurativa e literalmente, da esposa, dos filhos, do irmão, dos colegas universitários, até mesmo do seu próprio rabi. Haverá alguma "alma caridosa" que consiga ajudar Larry a atingir este desígnio existencial?
Focos de interesse: Descobrir o absoluto elenco de semi-desconhecidos. O regresso dos irmãos Coen ao terreno das comédias negras, género que os celebrizou com SANGUE POR SANGUE e FARGO.
Estreia em Portugal: 05 de Novembro (*)

6) THE FANTASTIC MR. FOX



O argumento: O Sr. e a Sra. Fox (George Clooney e Meryl Streep) vivem numa casa idílica, juntamente com o filho Ash (Jason Schwartzman). No entanto, após 12 anos desta bucólica existência, os instintos selvagens do Sr. Fox ganham a melhor: retoma o seu antigo hábito de assaltar galinheiros, pondo em risco não só a sua família, como toda a comunidade animal em seu redor.
Focos de interesse: Adaptação de um dos livros mais conhecidos de Roald Dahl, marca a estreia de Wes Anderson (OS TENENBAUMS – UMA COMÉDIA GENIAL, THE DARJEELING LIMITED) ao leme de um filme animado — e em stop-motion. Em vez do habitual trabalho de estúdio, a gravação dos diálogos foi produzida em locais naturais, de modo a favorecer a espontaneidade dos actores.
Estreia em Portugal: 05 de Novembro (*)

7) A CHRISTMAS CAROL



O argumento: Ebenezer Scrooge (Jim Carrey) encara o início das celebrações natalícias com o seu habitual desprezo, maltratando o fiel empregado (Gary Oldman) e ignorando o alegre sobrinho (Colin Firth). Mas quando os Fantasmas do Natal Passado, Presente e Futuro transportam-no numa viagem reveladora, Scrooge terá de limpar o seu coração, antes que seja tarde demais.
Focos de interesse: Robert Zemeckis comprovou as potencialidades narrativas da tecnologia motion-capture em BEOWULF, e as primeiras imagens revelam um filme que não "desonrará" o clássico livro de Charles Dickens.
Estreia em Portugal: 19 de Novembro (*)

8) JULIE & JULIA



O argumento: Julia Child (Meryl Streep) é uma das mais famosas autoras de livros de culinária, tendo escrito o best-seller "Mastering the Art of French Cooking". Julie Powell (Amy Adams) decide recriar todas as 524 receitas daquele livro no espaço de um ano, narrando as suas experiências e resultados num blogue que rapidamente transforma-se em caso de sucesso incomparável.
Focos de interesse: Baseado em factos verídicos, trata-se do "primeiro filme inspirado num blogue" (o qual pode ser visitado aqui). Assistir à repetição da (excelente) química entre Meryl Streep e Amy Adams depois de, no ano passado, se terem "gladiado" em DÚVIDA. O desempenho de Meryl Streep, que volta a ser mencionada para mais uma nomeação ao Óscar.
Estreia em Portugal: 19 de Novembro (*)

9) THE TWILIGHT SAGA: NEW MOON



O argumento: Bella Swan (Kristen Stewart) fica devastada pela abrupta partida do seu amante vampiro, Edward Cullen (Robert Pattinson), mas o seu espírito é reconfortado pela crescente amizade que forma com Jacob Black (Taylor Lautner). Subitamente, Bella trava conhecimento com o submundo dos lobisomens, eternos inimigos dos vampiros, testando a sua lealdade para com Edward.
Focos de interesse: Com o êxito imparável da sua fonte literária e embalado pelo sucesso do primeiro filme, CRESPÚSCULO, encontra-se na linha da frente para ser um dos blockbusters deste ano. Perceber se o realizador Chris Weitz (ERA UMA VEZ UM RAPAZ, A BÚSSOLA DOURADA) tem espaço para incutir algum do seu humor corrosivo num produto com normas restritas para agradar o maior número de espectadores possível.
Estreia em Portugal: 23 de Novembro (*)

10) WHERE THE WILD THINGS ARE



O argumento: Max (Max Records), um rebelde e sensível rapaz, foge de casa para uma ilha habitada por estranhas criaturas, cujas emoções são tão bravias e imprevisíveis quanto as suas acções. Coroado rei d'O Sítio das Coisas Selvagens, Max cedo encontra dificuldades na gestão do seu reino e aprende que a natureza dos sentimentos é mais complexa do que imaginava.
Focos de interesse: Até à data, Spike Jonze (QUERES SER JOHN MALKOVICH?, INADAPTADO) nunca fez um mau filme, e o famoso conto infantil do escritor norte-americano Maurice Sendak não poderia ter encontrado melhor "responsável" da sua adaptação cinematográfica. O interessante elenco (Mark Ruffalo, James Gandolfini, Forest Whitaker) que empresta a voz aos fantásticos seres da história.
Estreia em Portugal: 23 de Novembro (*)

11) CAPITALISM: A LOVE STORY



O argumento: Michael Moore explora a questão tabu: que preço deve a América pagar pelo seu amor ao capitalismo? Há alguns anos, esse amor parecia tão inocente — o capitalismo era sinónimo de produtividade e segurança. Hoje, as grandes instituições financeiras vivem em permanente estado de sítio e com as famílias a perderem as suas fontes de rendimento, o sonho americano cada vez mais se assemelha a um terrível pesadelo.
Focos de interesse: O estilo de Moore é garantia de um documentário empolgante, revelador, mas nem sempre imparcial. Segundo o documentarista, o filme «tem tudo: luxúria, paixão, romance e 14 000 postos de trabalhos eliminados todos os dias». Foi bem recebido pelo público e crítica aquando da sua recente passagem no Festival de Veneza.
Estreia em Portugal: 26 de Novembro (*)

12) NINE



O argumento: Guido Contini (Daniel Day-Lewis) é um realizador de meia-idade que tenta completar o seu mais recente filme. Contudo, a verve criativa do cineasta mostra-se comprometida pelas inúmeras mulheres que povoam a sua vida: a esposa Luisa (Marion Cotillard), a sensual amante Carla (Penélope Cruz) e a musa inspiradora Claudia (Nicole Kidman).
Focos de interesse: Daniel Day-Lewis, sempre irrepreensível em todos os projectos que abraça. Um elenco feminino internacional de alto calibre, incluindo o regresso de Sophia Loren. Realizado por Rob Marshall (CHICAGO) e tendo em conta o actual renascimento do género musical, é um dos principais favoritos ao Óscar de Melhor Filme.
Estreia em Portugal: 03 de Dezembro (*)

13) THE BOX



O argumento: E se alguém lhe oferecesse uma caixa com um botão que, quando pressionado, permitiria-lhe ganhar um milhão de dólares... em troca da morte de alguém que não conhece? O casal Arthur e Norma Lewis (James Marsden e Cameron Diaz) recebe esta aterradora proposta de um misterioso homem com o rosto terrivelmente desfigurado (Frank Langella), concedendo apenas 24 horas para o casal tomar uma decisão.
Focos de interesse: Richard Kelly procura reencontrar-se com o sucesso depois do quase longínquo DONNIE DARKO, esboçando uma história de mistério e terror. Abundam rumores de que o vilão de Frank Langella, totalmente "reabilitado" após a sua participação em FROST/NIXON, constitui uma das principais razões para ver este filme.
Estreia em Portugal: 03 de Dezembro (*)

14) AVATAR



O argumento: Jake Sully (Sam Worthington), um ex-fuzileiro agora paraplégico, voluntaria-se para o programa Avatar, que lhe devolverá mobilidade corporal através da mistura do seu ADN com o dos Na'vi, habitantes da lua Pandora. Aparentemente primitivos, os Na'vi patentearão argumentos para defender, a todo o custo, os recursos da sua terra face à indomável vontade humana em explorar os recursos naturais deste exótico local.
Focos de interesse: O regresso de James Cameron ao activo, doze anos depois do retumbante sucesso internacional de TITANIC. O projecto foi adiado sucessivamente pelo realizador até a tecnologia alcançar patamares que permitissem fabricar, com exactidão, a forma como idealizou a história. Está a ser promovido, a nível de efeitos visuais, como o filme mais revolucionário da presente década.
Estreia em Portugal: 17 de Dezembro (*)

15) SHERLOCK HOLMES



O argumento: O detective Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.), juntamente com o seu leal parceiro Watson (Jude Law), envolve-se numa batalha de inteligência e músculo contra Lord Blackwood (Mark Strong), que planeia destruir a estabilidade de toda a Inglaterra.
Focos de interesse: Observar a dinâmica habitual de Guy Ritchie (UM MAL NUNCA VEM SÓ, SNATCH — PORCOS E DIAMANTES) ao adaptar a mais famosa personagem de Arthur Conan Doyle. A mesma expectativa adequa-se ao que Robert Downey Jr., actor com estilo sui generis, produzirá encarnando Sherlock Holmes.
Estreia em Portugal: 31 de Dezembro (*)

16) THE LOVELY BONES



O argumento: A jovem Susie Salmon (Saoirse Ronan) é assassinada e observa os pais (Mark Wahlberg e Rachel Weisz) — assim como o seu homicida — a partir do céu. Neste contexto, terá de balançar o seu desejo de vingança com a vontade da sua família em recuperar do desgosto que atravessa.
Focos de interesse: Peter Jackson já demonstrou eficácia no tratamento de material sério com elementos fantásticos — veja-se AMIZADE SEM LIMITES — e, assim, o best-seller de Alice Sebold encontra-se em boas mãos. Um dos melhores elencos do ano, onde também figuram Susan Sarandon, Stanley Tucci e Michael Imperioli. É outro grande candidato aos Óscares.
Estreia em Portugal: 28 de Janeiro 2010 (*).

17) THE ROAD



O argumento: Pai (Viggo Mortensen) e filho (Kodi Smit-McPhee) caminham sozinhos por uma América devastada, onde a paisagem é imóvel e o céu eternamente escuro. Sem muitos pertences, possuem apenas uma pistola para se defenderem das perigosas hordas de vadios esfomeados que vagueiam pelo país.
Focos de interesse: O sucessivo adiamento da sua estreia, desde 2008, só tem alimentado expectativa em redor desta adaptação do romance de Cormac McCarthy. Obteve excelentes críticas durante a sua projecção no último Festival de Veneza, e foi considerado pela revista Esquire como «o filme mais importante do ano».
Estreia em Portugal: ainda sem data anunciada.

18) AMELIA



O argumento: Alcançado o feito de ser a primeira mulher a voar sozinha sobre o Atlântico, Amelia Earhart (Hillary Swank) torna-se numa inspiração para todos os americanos, desde a Primeira Dama Eleanor Roosevelt até ao homem que conquistou o seu coração, George P. Putnam (Richard Gere). No Verão de 1937, Amelia tenta cumprir a sua desejada viagem aérea de circum-navegação, um dos voos mais misteriosos da História.
Focos de interesse: Trata-se do primeiro filme biográfico de grande dimensão sobre Amelia Earhart, pioneira da aviação e socialite norte-americana. Hillary Swank contempla a hipótese de arrecadar o terceiro Óscar de Melhor Actriz.
Estreia em Portugal: ainda sem data anunciada.

19) INVICTUS



O argumento: Nelson Mandela (Morgan Freeman) solicita a ajuda de Francois Pienaar (Matt Damon), capitão da selecção de râguebi da África do Sul, para angariar apoios que permitam a organização nacional do Campeonato do Mundo da modalidade de 1995, evento que o estadista encara como uma oportunidade de unir o país.
Focos de interesse: O primeiro filme realizado por Clint Eastwood após o anúncio da sua "reforma" enquanto actor. Filmado maioritariamente na África do Sul, é, em termos de grandeza e pelos nomes envolvidos, o maior filme alguma vez produzido naquele país. Outro título frequentemente citado como favorito ao Óscar de Melhor Filme.
Estreia em Portugal: ainda sem data anunciada.

20) UP IN THE AIR



O argumento: Ryan Bingham (George Clooney) trabalha na Integrated Strategic Management (ISM), uma empresa de consultadoria sedeada em Denver. O cargo: viajar pelo país em representação dos seus patrões para anunciar despedimentos e lay-offs, debitando emocionantes discursos nessas ocasiões. Contudo, quando a ISM ameaça-o com a despromoção, Ryan enfrentará os seus maiores desafios pessoais.
Focos de interesse: Apesar dos excelentes OBRIGADO POR FUMAR e JUNO, o realizador Jason Reitman já afirmou que este é o melhor e mais pessoal filme da sua breve carreira. Possui, desde já, a melhor média de críticas (100%, de acordo com o Rotten Tomatoes) entre as ante-estreias de 2009, fruto da sua recente projecção no Festival Internacional de Toronto, prometendo uma boa performance a todos os níveis.
Estreia em Portugal: ainda sem data anunciada.

quinta-feira, abril 30, 2009

Estreia da Semana

Esta semana, estreiam em São Miguel duas propostas de natureza díspar mas similares em interesse.



Situado dezassete anos antes dos acontecimentos descritos na primeira adaptação ao cinema das personagens criadas pela Marvel, X-MEN ORIGENS: WOLVERINE centra-se no passado violento que moldou o carácter de Wolverine, os seus primeiros encontros com o tenebroso William Stryker (através do Programa Weapon X), assim como a relação complexa entre o protagonista e Sabretooth.

Apesar da polémica sobre a versão pirata que circulou pela Internet — em que eram visíveis efeitos visuais incompletos e outras falhas —, X-MEN ORIGENS: WOLVERINE (que infeliz tradução, diga-se de passagem) possui argumentos de peso para dominar o box-office da temporada cinematográfica do "pré-Verão". Hugh Jackman continua a encarnar a personagem e o trailer é cativante:



Em exibição na Sala 1 do Cinema Castello Lopes.

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A recente morte da sua esposa e uma tormentosa experiência como soldado durante a Guerra da Coreia transformaram Walt Kowalski (Eastwood) num indivíduo com personalidade inflexível, sentimentos racistas e palavras amargas relativamente a tudo e todos. Resistente a qualquer mudança, nem mesmo a abandonar o bairro onde sempre viveu (um autêntico melting pot de raças e credos), Kowalski encontra uma inesperada amizade em Thao (Bee Vang) e Sue (Ahney Her), os seus jovens vizinhos de descendência vietnamita, que levará ao aparecimento de um altruísmo desconhecido na sua vida.

Apregoado como o último filme em que veremos Clint Eastwood a representar, GRAN TORINO apresenta-nos a pseudo-visão de um reformado Dirty Harry, tal é a raiva e intolerância ostentadas pelo protagonista. Sem margem para dúvidas, é impossível não afirmar que a interpretação de Eastwood (escandalosamente privado, em Fevereiro último, de uma nomeação ao Óscar de Melhor Actor) que segura o filme do princípio ao fim, tornando-o num título de obrigatória recomendação.



Em exibição na Sala 4 do Cinema Castello Lopes.

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