
... segundo a opinião e palavras do Miguel Lourenço Pereira, do blog
Cinema — A Arte em Movimento:
1. DO CÉU CAIU UMA ESTRELA(1946,
It's a Wonderful Life, Frank Capra)
Já devo ter visto este filme umas 20 vezes e a cada visionamento descubro algum delicioso detalhe novo que sempre me espanta. George Bailey é, para mim, a personagem perfeita e o filme que culminou a maravilhosa colaboração entre Capra e Stewart consegue ser uma verdadeira fábula cinematográfica repleta de sequências de uma força emocional que Hollywood nunca mais repetiu.2. A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES(1958,
Vertigo, Alfred Hitchcock)
Há algo em Vertigo que me faz perder a cabeça. É o único filme que tem direito a um quadro no meu escritório porque olhar para aquele poster cor de laranja evoca o que de melhor se fez na história da 7ª Arte. A loucura de Dali, o voyeurismo de Hitchock, o espirito perturbado de Stewart, o corpo de Novak, as ruas de S. Francisco... nada falha aqui.3. QUANTO MAIS QUENTE MELHOR(1959,
Some Like It Hot, Billy Wilder)
Wilder é o cineasta mais humano que conheço porque é o único que no mesmo filme é capaz de mesclar o lado mais obscuro com o lado mais divertido do Ser Humano. Talvez The Apartment esteja uns furos acima, mas o ritmo frenético de Some Like it Hot e a explosão interpretativa de Jack Lemmon fazem-no algo verdadeiramente especial.4. A DESAPARECIDA(1956,
The Searchers, John Ford)
O filme que define o western da mesma forma que In the Mood define o Jazz. Não são as paisagens, é a cor. Não é John Wayne, é a dor de um olhar destroçado. Não é o ritmo épico, é o olhar profundamente marcado pelo futuro de um país. Ford fez muitos filmes perfeitos, mas nenhum tanto como este.5. MILLION DOLLAR BABY — SONHOS VENCIDOS(2004,
Million Dollar Baby, Clint Eastwood)
Culmina a carreira do único cineasta pós-1960 que pode ombrear com os grandes. Eastwood tem essa suavidade que faz de qualquer filme seu uma experiência terapêutica. Como actor é melhor em Gran Torino ou Unforgiven, mas a aura que rodeia cada milimetro de frame de MDB é inatingivel na sua filmografia.6. GATA EM TELHADO DE ZINCO QUENTE(1958,
Cat on a Hot Tin Roof, Richard Brooks)
Se o Cinema fosse sexo, seria Cat on a Hot Thin Roof. A sede de sexo que emana do olhar de Liz Taylor, a questionada sexualidade do amputado Newman, a impotência do brutal Ives conjugam-se naquela que é talvez a mais certeira adaptação teatral ao cinema. Um filme que não me canso de rever.7. MATAR OU NÃO MATAR(1950,
In a Lonely Place, Nicholas Ray)
Sempre tive um imenso fascinio pelo cinema noir, talvez pelas horas perdidas entre as obras de Chandler e Hammet. Daquela vaga de brilhantes filmes de low budget nenhum me soube captivar tão bem pela sua intensidade como o explosivo In a Lonely Place, um filme que define verdadeiramente uma era.8. LAWRENCE DA ARÁBIA(1962,
Lawrence of Arabia, David Lean)
O deserto sempre despertou um especial fascinio nos homens do verde ocidente e nunca nenhum o soube captar com tanta certeza como David Lean. Os olhos azuis de O´Toole, as vestes brancas de Lawrence e a imensidão perdida da Arábia transformam a longa experiência que é seguir Lawrence of Arabia num sacrificio que vale bem a pena.9. O SENHOR DOS ANÉIS — O REGRESSO DO REI(2003,
The Lord of the Rings: The Return of the King, Peter Jackson)
Perdi as contas às vezes que me deixei render pela perfeita recriação da Terra Média que Jackson desenhou com régua e esquadro. The Return of the King é o culminar da mais impecável trilogia da história do cinema, uma saga que é precisamente cinema antes de ser literatura e que utiliza todos os truques cinematográficos para levar o espectador para outra dimensão. Sublime homenagem à obra literária do século passado.10. O PADRINHO(1972,
The Godfather, Francis Ford Coppola)
Apesar de todos gostarem de Brando, para mim The Godfather é Pacino, o mais completo actor da Nova Hollywood. Não só na segunda toma mas essencialmente na sua sombria transformação de herói de guerra a capo mafioso. O olhar de Pacino dita o ritmo a que se vai movendo, lentamente, e com trilha sonora à altura, o mundo dos Corleone. Um clássico.--//--
Obrigado, Miguel, pela tua participação!