Foram apresentados hoje de manhã, em conferência de imprensa, os títulos que marcarão a 63ª edição do Festival de Cannes.
O Keyzer Soze's Place partilha a sua selecção (numa programação ainda incompleta) dos filmes mais sonantes. Primeira nota: num ano em que, muito provavelmente, apenas um filme norte-americano concorrerá à Palma de Ouro, é grande a expectativa quanto à revelação dos vencedores, que decorrerá no dia 23 de Maio. Até lá, temos a certeza de que qualidade não estará ausente do certame.
. HORS LA LOI, de Rachid Bouchareb
Sequela "não-oficial" de INDIGÈNES (2006), também assinado por Bouchareb, é uma retrospectiva sobre a luta pela independência da Argélia durante os anos 40 e 50, vista pelos olhos de três irmãos que participam na revolta contra o exército do colonizador francês. Destaque para o protagonismo de Jamel Debbouze (O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE e ANGEL-A).
. BIUTIFUL, de Alejandro González Iñarritu
Um homem (Javier Bardem), envolvido no transporte ilegal de emigrantes, é perseguido pelo seu melhor amigo de infância, que agora é agente da polícia. Co-produzido por Guillermo del Toro e Alfonso Cuaron, e ostentando uma equipa técnica de luxo (Rodrigo Prieto na direcção de fotografia, Stephen Mirrione na montagem e banda sonora composta pelo oscarizado Gustavo Santaolalla), assinala o regresso de Iñarritu a um filme totalmente falado em espanhol desde a sua estreia em AMOR CÃO (2000).
. COPIE CONFORME, de Abbas Kiarostami
Durante uma viagem a Itália para promover o seu último romance, um escritor inglês de meia-idade trava conhecimento com uma negociante de arte francesa, a qual propõe-lhe um estranho divertimento: fingir que é o marido dela. Um jogo onde realidade e fantasia misturam-se de forma perigosa. O novo filme do cineasta iraniano mais aclamado da actualidade, protagonizado por Juliette Binoche (a "cara" do 63º Festival de Cannes).
. AUTOREIJI / OUTRAGE, de Takeshi Kitano
Tóquio está em chamas devido a uma luta mortal entre gangs Yakuza rivais, na qual se distingue Otomo, um operacional a quem é pedido que faça a maior parte do trabalho sujo nesta guerra urbana. O regresso do "multitasked" Takeshi Kitano às narrativas centradas na máfia japonesa desde o aclamado BROTHER (2000).
. ANOTHER YEAR, de Mike Leigh
Não obstante a pouca informação existente sobre este projecto, é garantido que se assistirá ao estilo de improvisação e realismo social que bem caracteriza a filmografia de Leigh, tal como ficou provado em NU (1993), SEGREDOS E MENTIRAS (1996, Palma de Ouro no Festival daquele ano) e VERA DRAKE (2004).
. FAIR GAME, de Doug Liman
A única presença norte-americana entre os filmes elegíveis à Palma de Ouro, debruça-se sobre a ex-agente da CIA Valerie Plame, cuja actividade no seio dos Serviços de Inteligência norte-americanos foi publicamente revelada em consequência de um crítico artigo no New York Times, sobre as opções políticas de George W. Bush no Iraque, publicado pelo seu próprio marido. O elenco é liderado por Naomi Watts e Sean Penn, naquele que será o título de teor mais mainstream em "concurso".
. UTOMLYONNYE SOLNTSEM 2, de Nikita Mikhalkov
Dezasseis anos após o sucesso de O SOL ENGANADOR, Mikhalkov reencarna a personagem Sergei Kotov, desta vez a liderar o seu exército na frente russa durante a Segunda Guerra Mundial. De assinalar o radical afastamento do drama íntimo patenteado no primeiro filme, visto trata-se de um épico bélico avaliado em 55 milhões de dólares — o mais caro de sempre na história do cinema russo.
. LA PRINCESSE DE MONTPENSIER, de Bertrand Tavernier
Depois da "aventura" americana que IN THE ELECTRIC MIST representou, Tavernier regressa ao seu país natal para filmar o conto publicado em 1662 por Madame de La Fayette, sobre o romance entre o Duque de Guise e a Mademoiselle Mézières, forçada a um casamento de conveniência com o Príncipe de Montpensier. Destaque para o elenco, onde figuram Mélanie Thierry, Gaspard Ulliel e Lambert Wilson.
. UNCLE BOONMEE WHO CAN RECALL HIS PAST LIVES, de Apichatpong Weerasethakul
Nas suas últimas horas de vida, Boonmee recebe a visita dos fantasmas de parentes há muito desaparecidos, que o obrigam a revisitar os episódios mais marcantes da sua juventude. Uma original abordagem às temáticas da efemeridade humana, o cineasta tailandês mais conceituado internacionalmente regressa a Cannes, após ter arrecadado o Grande Prémio do Júri, em 2004, com TROPICAL MALADY.
. O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA, de Manoel de Oliveira
Situado nos anos 50, narra a história de um fotógrafo hospedado num pequeno hotel e que é subitamente acordado durante a noite pelos proprietários, para que vá tirar uma foto à filha acabada de falecer. Aos 101 anos, Manoel de Oliveira estreia novo filme em Cannes, que há muito se rendeu ao mais decano dos cineastas internacionais.
. FILM SOCIALISME, de Jean-Luc Godard
Um cruzeiro atravessa o Mediterrâneo. A bordo, seguem um criminoso de guerra com a sua neta, um francês, um oficial russo, a embaixadora da Palestina, Alain Badiou e Patti Smith. A interacção entre estes "personagens" originará uma série de diálogos em diferentes idiomas e sobre diferentes temas. Assinado por vários cineastas, sob a supervisão de Godard, é um dos projectos cinematográficos mais aguardados de 2010.
. CHATROOM, de Hideo Nakata
Quando quatro adolescentes conhecem William numa sala de chat, são imediatamente atraídos pelo seu "cibernético carisma". Mas William não é o que aparenta: manipulador e calculista, enceta um aterrorizante jogo de perseguição que, em breve, sairá do mundo virtual para se converter numa ameaça bem real. Nakata, um dos "fundadores" do J-Horror, investe novamente no terror a partir de tecnologia quotidiana.
. AURORA, de Cristi Puiu
Um dos principais nomes da "nova vaga" de cineastas romenos regressa a Cannes depois de A MORTE DO SR. LAZARESCU (2005) ter arrecadado o prémio da Secção Un Certain Regard. O próprio Puiu protagoniza este drama sobre um homem com dois filhos, divorciado e que se demite do emprego para embarcar na mais radical mudança de vida.
. ROBIN HOOD, de Ridley Scott
Nova incursão cinematográfica dedicada ao lendário herói das florestas de Nottingham, protagonizado por Russell Crowe e Cate Blanchett, tem honras de abertura do 63º Festival de Cannes.
. YOU WILL MEET A TALL DARK STRANGER, de Woody Allen
Romance, sexo, traição e também algumas gargalhadas. As vidas de um grupo de pessoas cujas paixões, ambições e ansiedades forçam-nas a enfrentar todo o género de problemas, que vão do burlesco ao ameaçador. A sinopse não engana: estamos perante puro Woody Allen...
. TAMARA DREWE, de Stephen Frears
Drewe é uma jovem e sexy jornalista que retorna à sua terra natal para impedir a venda da casa onde nasceu. Entre os locais, a sua chegada incitará novas e velhas paixões duvidosas. Adaptado da excêntrica banda desenhada de Posy Simmonds, a expectativa em torno deste filme tem sido enorme, sobretudo por ser realizado pelo veterano Frears (LIGAÇÕES PERIGOSAS, A RAINHA) e protagonizado por Gemma Arterton, a nova sex-symbol britânica.
. WALL STREET — MONEY NEVER SLEEPS, de Oliver Stone
Enquanto a economia mundial está à beira do abismo, um jovem corretor de Wall Street (Shia LaBeouf) une-se com o "ressuscitado" Gordon Gekko (Michael Douglas) para uma dupla missão: descobrir quem assassinou o mentor do jovem executivo e possibilitar que Gekko reconquiste a confiança da sua filha (Carey Mulligan). Oliver Stone volta a explorar os meandros do insider trading, numa obra que não poderia ser mais actual.
N.B.: A lista detalhada dos filmes a exibir em Cannes pode ser consultada aqui.
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