terça-feira, agosto 23, 2011

#21



... segundo o João Lameira, do blog Numa Paragem do 28:

Para evitar os óbvios escolhos das escolhas, criei para mim mesmo um critério: seleccionar filmes formativos da minha cinefilia. O que implica, obviamente, escolher algumas obras que, nesta altura da minha vida, já não considero primas. (Mas negá-las seria negar-me). Não vou destacá-las, descubram quais são. Nos outros filmes, continuo a vislumbrar grandeza: alguns foram vistos recentemente (um, dois anos), mas não são menos marcantes.

. BLOW OUT — EXPLOSÃO
(1981, Blow Out, Brian De Palma)



O final mais triste do cinema: não é unhappy, é sad. Ou como um grito é, ao mesmo tempo, instrumento de trabalho e de maceração. Depois de OBSESSION, a descida a fundo à obsessão De Palma (a que o próprio só voltaria e força anos mais tarde com FEMME FATALE).

. ERA UMA VEZ NA AMÉRICA
(1985, Once Upon a Time in America, Sergio Leone)



A memória (deturpada), a nostalgia (desfocada), de todos os yesterdays, sobre uma amizade masculina muito perto do amor homossexual. A mulher, aqui, é só mais uma arma de arremesso.

. RIO BRAVO
(1959, Rio Bravo, Howard Hawks)



De novo, a amizade masculina: um xerife, um bêbado, um coxo e um imberbe cantor vão passando o tempo enquanto não são atacados. A mulher, aqui, não assume o mesmo papel do homem, mas batalha com ele.

. OS CHAPÉUS DE CHUVA DE CHERBURGO
(1964, Les Parapluies de Cherbourg, Jacques Demy)



O amor romântico e juvenil, e o seu reverso: a vida. A gasolina nunca cheirou tão bom, assim (en)cantada.

. CONTO DE VERÃO
(1996, Conte d'été, Eric Rohmer)



Amores juvenis e pueris numa estância balnear. Melvil Poupaud haveria de regressar à praia, para morrer. Mas, neste filme, a morte ainda vem longe e é a vida pequenina (a vida) que comanda.

. PARA ALÉM DO PARAÍSO
(1984, Stranger Than Paradise, Jim Jarmusch)



Jovens perdidos em amores mais do que de amores. Lurie, Balint, Edson. Três músicos à deriva no grande mapa americano. A Nova Iorque dos anos 80 ergue-se para a nostalgia que não tardaria.

. BASQUIAT
(1996, Basquiat, Julian Schnabel)



A nostalgia da Nova Iorque dos anos 80 em flor. Schnabel disfarça-se de personagem e filma um dos poucos artistas que foram maiores do que ele (mesmo que tivesse de morrer). Jeffrey Wright mostrou-se como o grande actor da sua geração.

. OS DIAS DA RÁDIO
(1987, Radio Days, Woody Allen)



Outra nostalgia. Outra Nova Iorque. Queens dos anos 40, ou melhor, os sons que se ouviam em Queens nos anos 40. A melhor versão de AMARCORD.

. A COMÉDIA DE DEUS
(1995, A Comédia de Deus, João César Monteiro)



Ainda outra nostalgia: de uma Lisboa que se foi e não existe, que a morte de César Monteiro ajudou a empurrar. O segundo tomo, e o melhor, da grande trilogia do senhor João de Deus.

. SYNDROMES AND A CENTURY
(2006, Sang sattawat, Apichatpong Weerasethakul)



A grande revelação dos últimos dez anos. Um prazer no e pelo cinema que não sentia há muito, o maravilhamento absoluto.

--//--

Obrigado, João, pela tua participação!

1 comentário:

Loot disse...

Basquiat continua a ser o melhor filme de Schnabel para mim. E Jeffrey Wright está grande sim senhor.
Estranho o filme não ter uma pintura dele, penso que são todas feitas por Schnabel.

Ao tempo que quero ver o Conte d'été mas não sabia o título só tinha as imagens na cabeça. Obrigado ;)

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