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quinta-feira, julho 07, 2011

#16



... segundo o Jorge Rodrigues, do Dial P For Popcorn:

1. 2001: ODISSEIA NO ESPAÇO
(1968, 2001: A Space Odyssey, Stanley Kubrick)



O mais admirável e grandioso, para mim, da riquíssima filmografia de Kubrick, este filme é uma experiência sensorial fascinante, que junta, de forma maravilhosa, riqueza visual e portento sonoro. Uma ode a uma técnica prodigiosa, este é sem dúvida o filme que me mostrou a mim que nunca haverá um realizador tão dotado e visionário como este. Uma obra-prima imortal.

2. 8½
(1963, , Federico Fellini)



Contado da perspectiva do realizador (cuja personagem, subentende-se, é uma encarnação do próprio Fellini, supostamente perdido na sua carreira), este é o melhor filme que já vi sobre cinema. Relatando a história privilegiando imagem sobre conteúdo, baseando todo o filme no limbo entre a fantasia e a realidade, o processo de Fellini é irrepreensivelmente fascinante, quase mágico até – ele revela, ele desconstrói, ele só mostra o que nos quer deixar ver. Este é um filme para se deixar levar – e se maravilhar. Quando termina, faz-nos sentir como se tivéssemos chegado de uma viagem longa mas surreal.

3. EVA
(1950, All About Eve, Joseph L. Mankiewicz)



Rico em discussões, discórdias e confusões, cheio de inteligência, elegância, fluidez e muita personalidade, um argumento sagaz e muito perspicaz na forma como analisa os bastidores do teatro e da fama e celebridade e um confronto que faz a tela pegar fogo. Na teoria, este filme tinha tudo para dar certo. Mankiewicz e o elenco deram 100% de si mesmo para assegurar a universalidade e a pertinência deste filme para muitos séculos que hão-de vir.

4. ANDREI RUBLEV
(1966, Andrey Rublyov, Andrei Tarkovskiy)



Brilhante em termos técnicos, de ritmo deliberadamente lento, uma história fascinante na forma como retrata a Rússia do século XV, ANDREI RUBLEV o filme mais enigmático e complexo do genial Tarkovsky, é pura poesia cinematográfica, uma película surpreendente sobre a transcendência na arte, na fé, na vida.

5. CHINATOWN
(1974, Chinatown, Roman Polanski)



Um thriller noir nada convencional que vive muito da capacidade perceptiva e mestria do grande realizador Roman Polanski (em topo de forma aqui, naquele que é o seu maior trabalho) e da interpretação fabulosa tanto de Jack Nicholson como de Faye Dunaway. Nota-se na forma cuidada como cada frame está disposto (uma composição imaculada), na subtileza de vários detalhes e na forma como o filme nos prende do princípio ao fim, envolvendo-nos numa trama sem par.

6. O MUNDO A SEUS PÉS
(1941, Citizen Kane, Orson Welles)



Tecnicamente perfeito, não desperdiçando um segundo sequer de película, exuberante na forma profunda como narra o passado de Charles Foster Kane, que ensina uma valiosíssima lição sobre a vida: nós só sobrevivemos nas memórias dos outros, não no que outrora possuímos ou fizemos. Seremos imortais porque assim nos tornámos no imaginário das pessoas. Charles Kane era um simples homem — mas na mente dos outros, tornou-se mais do que isso. A história extraordinária de um homem tão singular e único, CITIZEN KANE funciona como uma revelação, como um épico que de épico nada tem e que fica para sempre nos anais da história como um dos maiores filmes que o cinema alguma vez produziu.

7. ANA E SUAS IRMÃS
(1986, Hannah and Her Sisters, Woody Allen)



O filme mais maduro do enorme contador de histórias, narrador de neuroses suburbanas e de relacionamentos periclitantes que é Woody Allen, HANNAH AND HER SISTERS convence por ser genuíno, por ter um coração tão grande quanto a profundidade comédica do seu argumento, por aliar tão bem o intelectual com o enérgico, por retratar de forma tão curiosa e tão autêntica as complexas relações entre três irmãs e as várias pessoas que giram e se interconectam nas suas vidas. Apaixonante, igualmente divertido e sério, sobretudo sincero e honesto, este é o Woody mais completo que eu já vi.

8. NASHVILLE
(1975, Nashville, Robert Altman)



Nunca vi um filme como este e nunca mais, suspeito eu, irei ver. Robert Altman é único e este NASHVILLE é a sua obra-prima mais Altmanesca. Um elenco sublime e todos com participações gloriosas, num entrelaçar de várias histórias compilado que ajuda e muito na construção da atmosfera colorida, envolvente e tão peculiar pela qual a grande cidade do Tennessee, capital mundial da música country (que também tem um grande papel no filme), é universalmente conhecida e que o filme tão bem retrata. Influente, inspirador, desafiador de convenções, NASHVILLE é um dos clássicos modernos mais importantes do nosso tempo.

9. A MÁSCARA
(1966, Persona, Ingmar Bergman)



Hipnótico, complexo, absorvente, profundo, perfeito, PERSONA é a maior obra-prima do gigante do cinema universal que é Ingmar Bergman. Filmado experimentalmente a preto e branco, um exercício artístico assumido desde logo por parte do auteur, PERSONA impressiona e marca tanto pela sua simplicidade de conteúdo como pela complexidade das suas personagens e da relação estabelecida entre elas. Profundamente emocional, é uma experiência que dificilmente irei esquecer.

10. MADAME DE...
(1953, Madame de..., Max Ophüls)



Uma rica composição, excelente a conferir atmosfera e exímio na forma como explora a amplitude de movimentos da câmara, impressionante em termos visuais, esta obra-prima inesquecível de Ophüls, notável connaisseur do espaço e da emoção, capaz de criar o mais incrível dos dramas a partir da mais singela e vulgar ideia, hábil realizador consumido pela sua curiosidade e fixação pelos seus sujeitos, eternamente conhecido como o virtuoso cineasta do romance, é uma belíssima e arrebatadora experiência catártica.

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Obrigado, Jorge, pela tua participação!

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