sábado, dezembro 31, 2011

Feliz 2012!



O Keyzer Soze deseja a todos um Feliz e Próspero Ano Novo, repleto de concretizações e de muitos bons filmes!

sexta-feira, dezembro 30, 2011

2011 no Cinema (2ª Parte)

2011: OS MELHORES

Apesar dos tempos conturbados que a Sétima Arte parece enfrentar — desempenhos irregulares de bilheteira, a "morte" da película, o constante sentimento de desconforto na indústria —, permanece na memória o melhor que se viu e produziu em 2011.

Segue-se a habitual selecção do Keyzer Soze dos 10 melhores filmes estreados comercialmente no nosso país em 2011, justificados (e esta é a novidade deste ano) através de sequências representativas dos títulos eleitos.

O rol de obrigatórias menções honrosas, para uma efectiva compreensão do ano cinematográfico prestes a encerrar, é apenas consequência da variedade qualitativa a que assistimos.

Para debate, refutação e memória futura:

10º
POST MORTEM (Pablo Larraín)






INSIDIOSO (James Wan)






JANE EYRE (Cary Fukunaga)






SUBMARINO (Richard Ayoade)






UMA SEPARAÇÃO (Asghar Farhadi)






CISNE NEGRO (Darren Aronofsky)






O ATALHO (Kelly Reichardt)



<a href='http://www.bing.com/videos/browse?mkt=en-us&vid=921c9214-8791-40d2-b0d0-3ea47ff469cb&src=v5:embed::' target='_new' title='&#39;Meek&#39;s Cutoff&#39; Clip: &quot;Chaos and Destruction&quot;' >Video: &#39;Meek&#39;s Cutoff&#39; Clip: &quot;Chaos and Destruction&quot;</a>


ROAD TO NOWHERE — SEM DESTINO (Monte Hellman)





ex-aequo
VALHALLA RISING — DESTINO DE SANGUE (Nicolas Winding Refn)





DRIVE — RISCO DUPLO (Nicolas Winding Refn)






A ÁRVORE DA VIDA (Terrence Malick)





Menções honrosas para (e por ordem de estreia no nosso país): o melancólico e trágico BIUTIFUL (Alejandro González Iñárritu); a crueza da natureza humana em DESPOJOS DE INVERNO (Debra Granik); a sublime descoberta da beleza em POESIA (Chang-dong Lee); o onirismo do jovem protagonista de MEL (Semih Kaplanoglu); a retórica da lei da bala em TROPA DE ELITE 2 — O INIMIGO AGORA É OUTRO (José Padilha); o formalismo histórico de 48 (Susana Sousa Dias); a anarquia artística de BANKSY — PINTA A PAREDE! (Banksy); o terrorismo globetrotting de CARLOS (Olivier Assayas); a descomprometida intensidade de EU VI O DIABO (Jee-woon Kim); Hemingway, Dali e Fitzgerald em MEIA-NOITE EM PARIS (Woody Allen); o real social de SANGUE DO MEU SANGUE (João Canijo); e aquilo que não se revela à superfície em UM MÉTODO PERIGOSO (David Cronenberg).

quinta-feira, dezembro 29, 2011

Add to Cart #27



«If indeed we are approaching the end of cinema — it can be argued that the 2000s were the last decade of cinema as we knew it, before technology altered it beyond recognition and the movie theater was superseded by the computer screen — then this study is both a celebration of moviemaking and an elegy for a soon-to-be-lost art.»

2011 no Cinema (1ª Parte)

2011 EM PORMENORES

O bom, o mau, o surpreendente e o banal estão sempre nos detalhes... Do cinema estreado comercialmente no nosso país em 2011, eis quinze "categorias" analisadas e que falam por si:

O Filme Mais Subvalorizado do ano:



. INSIDIOSO (James Wan), é o POLTERGEIST (Tobe Hopper, 1982) do Século XXI, o género de filme a que poderíamos fechar os olhos e permanecer em inquietação por sua causa. Thriller que aborda o género da "casa assombrada" com os habituais mecanismos das portas rangentes e abundantes sobressaltos nocturnos, também nos cativa, contudo, pela sua atmosfera totalmente despretensiosa e por uns quantos sussurros escutados através de um intercomunicador de bebés...

O Filme Mais Sobrevalorizado do ano:



. FILME SOCIALISMO (Jean-Luc Godard), genuíno mau filme que confunde ainda mais pela respectiva recepção positiva que lhe é granjeada pelas variadas listas de melhores do ano. Não se procure aqui preciosos achados de semântica, olhemos para o filme tal como ele é: um art film assinado por um indivíduo cada vez mais determinado em não comunicar com qualquer (a sua?) plateia.

O Melhor Filme do ano que não conheceu estreia em Portugal:



. SENNA (Asif Kapadia), exemplo vivo do poder dramático das imagens de arquivo, é um documentário com ritmo de épico histórico, uma história de motores, máquinas e política desportiva que revela a espantosa humanidade de Ayrton Senna.

A Interpretação Masculina do ano:



. Alfredo Castro em POST MORTEM (Pablo Larraín), a transportar o conceito de "anti-herói" a um nível quase pérfido.

A Interpretação Feminina do ano:



. Anabela Moreira em SANGUE DO MEU SANGUE (João Canijo). Desde Ana Moreira em OS MUTANTES (Teresa Villaverde, 1998) que não se via tal entrega e descomprometimento por parte de uma actriz lusitana.

O Actor do ano:



. Ryan Gosling, exemplo de versatilidade com BLUE VALENTINE — SÓ TU E EU (Derek Cianfrance), AMOR, ESTÚPIDO E LOUCO (Glenn Ficarra e John Requa), NOS IDOS DE MARÇO (George Clooney) e DRIVE — RISCO DUPLO (Nicolas Winding Refn) - tendo estreado, directamente no mercado de DVD, ENTRE SEGREDOS E MENTIRAS (Andrew Jarecki).

A Actriz do ano:



. a omnipresente Jessica Chastain, que viu estrear, em 2011, A DÍVIDA (John Madden), A ÁRVORE DA VIDA (Terrence Malick) e AS SERVIÇAIS (Tate Taylor) - já para não falar dos (ainda) inéditos em Portugal TAKE SHELTER (Jeff Nichols), CORIOLANUS (Ralph Fiennes) e TEXAS KILLING FIELDS (Ami Canaan Mann).

O Regresso do ano:



. Monte Hellman regressa ao activo, após vinte e três anos de "reclusão", com o enigmático e brilhante ROAD TO NOWHERE — SEM DESTINO.

A Revelação do ano:



. Susana de Sousa Dias, documentarista a ter em conta pelo seu inovador "formalismo da realidade" patenteado em 48.

A Desilusão do ano:



. AS AVENTURAS DE TINTIN, ou como Hergé estava enganado acerca de Steven Spielberg.

A Interpretação Histórica do ano:

. Salvador Dali por Adrien Brody, em MEIA-NOITE EM PARIS (Woody Allen).



A Banda Sonora do ano:



. Jane Eyre por Dario Marianelli.

O Plano-Sequência do ano:

. HANNA (Joe Wright):



ex aequo com AS QUATRO VOLTAS (Michelangelo Frammartino):



O Animal de Estimação do ano:



. Arthur, em ASSIM É O AMOR (Mike Mills).

O Adereço do ano:



. o casaco envergado por Ryan Gosling em DRIVE — DUPLO RISCO (Nicolas Winding Refn), invejável peça de seda branco-dourado à venda aqui.

quarta-feira, dezembro 28, 2011

A "Polémica" do Mês #7

Como a blogosfera cinéfila nacional divergiu, este mês, sobre DRIVE — RISCO DUPLO, de Nicolas Winding Refn.





«Terrivelmente belo, genialmente violento, assim é DRIVE — RISCO DUPLO, o exemplo do melhor cinema que se fez em 2011.»
Inês Moreira Santos, Espalha-Factos.



«Acima de tudo, talvez seja melhor dizer simplesmente que é um filme "estranho", e que deve ser visto para que decidam como o descrever.»
Carlos Martins, Um Dia Fui ao Cinema.



«Sem química que alimente a história de amor, resta a trama criminosa, que pode descrever-se por uma linha comatosa com alguns picos abruptos. Infelizmente, aqui também não há nada de novo.»
Ricardo Lopes Moura, axasteoquê?!?.

terça-feira, dezembro 27, 2011

Curiosidade da Semana



David Lynch em Quatro Movimentos, um tributo vídeo ilustrado pelas icónicas partituras de Angelo Badalamenti da autoria de Richard Vezina, pretende invocar os temas e obsessões visuais do realizador de VELUDO AZUL (1986) e MULHOLLAND DRIVE (2001).

E apesar da sua duração (20 minutos), revela-se um produto audiovisual obrigatório para fãs de Lynch:



O segundo movimento, intitulado «The Pink Room», é prodigioso na súmula do dinamismo que abunda na obra do cineasta...

[Fonte: Flickering Myth.]

#34



... segundo as palavras do derradeiro participante desta iniciativa — a saber, o ArmPauloFer, do blog Ecos Imprevistos:

Fazer uma escolha dos 10 filmes da minha vida não é uma tarefa assim tão simples quanto parecia. Perante tal dilema, decidi que os 10 filmes teriam de representar a evolução de quem sou e com isso serem escolhas irrevogáveis. Escolhas que, apesar de subjectivas, não mudem nem hoje nem daqui a 40 anos e por isso intensamente profundas para mim.

. SUPER-HOMEM
(1978, Superman, Richard Donner)



Ser criança, ler comics, ter o Super no top dos preferidos, tentar fazer desenhos dele... e um dia ver em imagem real que este homem realmente voa, segura um helicóptero com uma mão e faz de linha férrea para impedir o descarrilar dum comboio (e muito mais no mesmo decorrer de filme), com tudo tão bem feito, com uma icónica banda-sonora tão imponente que ainda hoje me arrepia (verídico)... foi memorável até hoje. Exibido numa Quarta-feira, na "Lotação Esgotada" da RTP1, fez com que na primária não se falasse de mais nada nos dias seguintes (o mesmo sucedeu com o Rambo...).

Em casa, andei muitas vezes com uma toalha pelas costas a fazer de capa, a desenhar montes de Superman e especialmente o "S" com obsessão. Ainda hoje o faço...
O verdadeiro primeiro filme da minha vida, pelo impacto que teve (as repercussões chegam até à minha profissão — artes gráficas) e um que relembro constantemente ao longo dos anos.

Ao lado deste e com igual impacto, o primeiro BATMAN de Tim Burton... ambos são inabaláveis.


. REGRESSO AO FUTURO
(1985, Back to the Future, Robert Zemeckis)



Este filme representa a primeira vez que fui ao cinema e a sair da sala totalmente maravilhado. Já tinha ido antes mas eu queria era mais maravilhamento, coisa que o MÚSICA NO CORAÇÃO não foi suficiente.

O Michael J.Fox no skate, a canção do Huey Lewis, as portas do carro que abriam para cima, que na verdade é uma máquina do tempo que deixa trilhos de fogo quando parte, um cientista maluco espectacular, paradoxos temporais e existenciais, diversas linhas temporais, uma grande aventura... isto era magia pura!!!

Era um puto de 10 anos em êxtase e o título do filme até serviu de razão para o professor de inglês, na preparatória, evidenciar as diferenças do inglês americano para o de Londres. A utilidade pedagógica do cinema...


. A LISTA DE SCHINDLER
(1993, Schindler's List, Steven Spielberg)



Com este filme Spielberg reúne tudo o que de melhor sabe e para mim ergue talvez mesmo a sua obra-prima de sempre. Não só é um belíssimo tributo a Schindler e ao legado deixado, como serve de visao personalizada da guerra, do holocausto nazi, da recessão, da fome, etc... como também por nos colocar junto das vitimas desafortunadas e sobretudo da tremenda luta que Schindler travou pelos "seus" judeus.

A "magia" visual de Spielberg também foi aplicada nesta obra ao preto-e-branco, pois o quanto nos marca e intriga os vislumbres da criança a cores...

Avassalador!


. PULP FICTION
(1994, Pulp Fiction, Quentin Tarantino)



Tinha ficado impressionado com o CÃES DANADOS numa exibição no Fantasporto e lá fui ver este, que até despertava curiosidade em ver como se safava a portuguesa Maria de Medeiros num filme americano. Quando saí da sala de cinema (o extinto Lumiere -Porto), estava de sorriso largo. Encheu-me as medidas este tremendo filme puzzle sem perder de vista a "pop culture" e mais que isso, que inesquecível banda-sonora!

Não foi à toa que foi o primeiro CD de uma OST que adquiri e também o meu primeiro DVD (nem leitor tinha sequer).

É para mim a obra-prima absoluta de Quentin Tarantino. Incontornável!


. TOY STORY: OS RIVAIS
(1995, Toy Story, John Lasseter)



Quando saiu fui ver e... naquele momento percebi claramente que esta animação era especial sob qualquer perspectiva. Um filme singular e sem igual, acima de tudo pela novidade de ser gerado inteiramente por computador e, apesar de todo o artificio técnico, sabia contar uma história com sub-textos de interpretação e sem esquecer o encantamento duma boa fantasia muito bem pensada. Revolucionário inquestionável!

Depois deste filme o nome Pixar ficou logo assimilado.


. ADEUS, PAI
(1996, Adeus, Pai, Luís Filipe Rocha)



Não foi o primeiro filme português que me levou ao cinema mas foi aquele que mais me impressionou e marcou. Um filme onde o termo "E se?" perdurou sempre na minha mente. No fundo, é uma criança que quer mais do seu pai... e o seu pai o atende mas tem um "adeus" no horizonte. Enternecedor, muito bom o exercício, magico e marcante. E surpreende com um final onde é o espectador que leva consigo a missão de aprender algo com esta história. Grande cinema moderno português!

. A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES
(1958, Vertigo, Alfred Hitchcock)



A semente cinéfila desenvolveu-se imenso nesta fase, desde as conversas com outros estudantes. Foi sobretudo, quando o grande cinefilo-critico Bénard da Costa, conduzia os seus programas cinéfilos na RTP2, gradualmente apresentando obras para a descoberta acontecer no espectador com entusiasmo.

Naquela altura, aqueles programas foram autênticas aulas de cinema, funcionavam por ciclos semanais e passando por diversos nomes importantes por semana, do Orson Welles a todos os outros, mas o desfile Hitchcock foi tão forte que parava ali quieto para nada perder, sendo o culminar a forma apaixonada como Bénard da Costa apresentou VERTIGO, onde primeiro contextualizou o que iríamos ver e depois de exibido regressaria para o debater, dando ênfase aos pontos chaves desta magnifico filme de Hitchcock. Gigantes: filme, realizador e o critico-didáctico.


. O QUARTO MANDAMENTO
(1942, The Magnificent Ambersons, Orson Welles)



nesquecível. Este é o filme de Welles que mais me impressionou, especialmente pela narrativa. Tenho a impressão que ficou sempre na sombra do CITIZEN KANE mas deixou-me encantado totalmente. Welles trata esta obra sobre a ascensão e queda de uma família, como um verdadeiro épico, que atravessa os tempos pontuado pela voz-off do realizador. Considero-o uma obra-prima!

. MATRIX
(1999, The Matrix, Andy e Larry Wachowski)



"What is the matrix?" era esta a pergunta que nos entregava o marketing, que de uma assentada só colocava o cerne da intriga na mente do ansioso espectador. E eu era um desses ansiosos em 1999. Digo, da minha apreciação que me significou imenso, maravilhou-me a todos os níveis a pontos de ser um pessoal standard cinéfilo de entretenimento de acção que atravessa tantos outros géneros com brilhantismo, tudo isto numa narrativa muito elaborada e com imensos sub-textos dignos de reflexão.

. DISPONÍVEL PARA AMAR
(2000, Fa yeung nin wa, Wong Kar Wai)



Tenho um fascínio tremendo por esta obra. A dolência da imagem, o apuro visual, a precisão da banda-sonora, o design de produção, o vestuário e toda a classe que emana num historia marcante onde a honra e princípios sociais retiram o poder de entrega física a duas pessoas que sabem terem sido traídas pelos cônjuges e acabam ambos descobrindo um verdadeiro amor mútuo... mas impedem-se de consumar tão forte amor. Magnífico!

--//--

Obrigado, Armindo, pela tua participação!

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Agenda Cinematográfica

:: 9500 CINECLUBE DE PONTA DELGADA ::

UIVO (2010), de Jeffrey Friedman e Rob Epstein



São Francisco, 1957. Uma obra-prima é julgada e esse é um momento decisivo para a contra-cultura americana.

O filme recria a vida de Allen Ginsberg e do poema Howl, explorando géneros e temas que ainda hoje são actuais: a definição de obscenidade, os limites da liberdade de expressão, a natureza da arte.



Hoje, pelas 21h30, no Cine Solmar.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Feliz Natal!

A árvore já está composta...



Um Natal muito cinéfilo para todos!

Hollywood Buzz #151

O que se diz lá fora sobre THE GIRL WITH THE DRAGON TATTOO, de David Fincher:



«Under the direction of David Fincher and with a screenplay by Steven Zaillian. I don't know if it's better or worse. It has a different air.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«There are waves of brilliantly orchestrated anxiety and confusion but also long stretches of drab, hackneyed exposition that flatten the atmosphere. We might be watching "Cold Case" or "Criminal Minds," but with better sound design and more expressive visual techniques.»
A.O. Scott, The New York Times.

«DRAGON TATTOO is too neatly wrapped up, too fastidious to get under your skin and stay there.»
Todd McCarthy, The Hollywood Reporter.

«Fincher has made THE GIRL WITH THE DRAGON TATTOO into an electrifying movie by turning the audience into addicts of the forbidden, looking for the sick and twisted things we can't see.»
Owen Gleiberman, Entertainment Weekly.

«This is an immersive and powerful thriller, driven by terrific leading performances. It's mostly really good and then it wears out its welcome.»
Andrew O'Hehir, Salon.com.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Curiosidade da Semana



Michel Gondry assinou, em 2008, BE KIND, REWIND, curiosa e surreal comédia sobre dois gerentes pouco competentes de um videoclube que decidem recriar filmes, como ROBOCOP ou MISS DAISY, através de meios artesanais, num processo apelidado de "sweded".

Três anos depois, Gondry parece não ter abandonado aquele projecto. Prova disso é esta versão "sweded" do clássico TAXI DRIVER de Martin Scorsese, interpretado pelo próprio realizador e em francês:



No mínimo, muito colorido...

[Fonte: P/]

Add to Cart #26





segunda-feira, dezembro 19, 2011

Agenda Cinematográfica

:: 9500 CINECLUBE DE PONTA DELGADA ::

PEDRO CALAPEZ - TRABALHOS DO OLHAR (2009), de Luís Miguel Correia



Pedro Calapez é um dos artistas portugueses com maior destaque internacional. A sua obra, plasticamente poderosa, tem-se desenvolvido de forma consistente desde os anos 70. Mas o seu percurso é rico em alterações, mudanças, invenções, continuidades, uma experiência permanente ao nível da cor, do desenho e dos materiais.

O filme olha de perto o artista no seu atelier ou na montagem de uma exposição, revelando o seu processo de criação, indagando a própria especificidade da pintura. Ao mesmo tempo, é-nos dada a riqueza e as dimensões do trabalho artístico de Calapez, numa viagem que vai da exposição na Galeria Max Estrella, em Madrid, à Casa da Cerca, em Almada, mas também olhando um trabalho cenográfico e revelando as obras públicas, nomeadamente os trabalhos efectuados no Mosteiro dos Jerónimos, na Igreja da Santíssima Trindade, no santuário do Fátima ou na praça em calçada portuguesa na Porta-Sul da Exposição Internacional de Lisboa de 1998.

Hoje, pelas 21h30, no Cine Solmar.

domingo, dezembro 18, 2011

Críticas da Semana

Breve resumo dos principais filmes visualizados esta semana:

. THE FUTURE
. BLUE VALENTINE — SÓ TU E EU
. CONTÁGIO
. HABEMUS PAPA — TEMOS PAPA
. ISTO NÃO É UM FILME

--//--


. THE FUTURE (2011), de Miranda July



Quando um casal (Miranda July e Hamish Linklater) decide adoptar um gato, a sua perspectiva de vida muda radicalmente, culminando numa literal alteração do curso normal do tempo e espaço.



Quando Miranda July estreou EU, TU E TODOS OS QUE CONHECEMOS, em 2005, não haviam dúvidas que — permitam-me a piada — o "futuro" da jovem realizadora afigurava-se interessante. A sua vontade em inovar a narrativa cinematográfica era revigorante e palpável. No entanto, esse talento parece, agora, resultar num descalabro de maneirismos irreconhecíveis em seres humanos e na atitude estanque de concordar, simultaneamente, com tudo e com nada como se daí fosse possível enunciar qualquer filosofia útil de vida.

Se o referido intuito de trazer algo de novo ao cinema independente norte-americano até poderia ser benéfico, o paradoxo de THE FUTURE reside em sofrer dessa ânsia: injecta surrealismo no quotidiano de personagens — felinos incluídos — que perseguem, voluntariamente, o pessimismo e a melancolia, busca em desespero aquilo que alguns apelidam de 'quirky' e, quando consegue exibir algum momento inspirado, regressa novamente ao vazio emocional e de ideias onde nos situa durante todo o filme. A evitar.

. BLUE VALENTINE — SÓ TU E EU (2010), de Derek Cianfrance



Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams) tentam salvar o seu casamento. Justapostos com cenas lúdicas que traçam o seu namoro romântico de seis anos, o casal viaja através do desgosto brutal de promessas quebradas e de um amor que está perto do fim.



Mais do que o retrato do colapso de um matrimónio, esta é uma visão desencantada e áspera da classe média norte-americana — será por acaso que a separação do casal protagonista ocorre durante as celebrações do 4 de Julho? — unida ao realismo cínico e segurança narrativa de Cianfrance. E, apesar do sofrimento e crescente desdém conjugal a que assistimos, é impossível não nos identificarmos com o desenrolar de BLUE VALENTINE, de não pensarmos (e, quiçá, lamentarmos) em todos os planos e decisões tomadas no passado e que influenciam o nosso presente.

Se as razões da degradação do casamento de Dean e Cindy estão em profundo contraste com os primeiros dias de felicidade (observados em flashback), tal deve-se ao impressionante trabalho de Ryan Gosling e Michelle Williams, dois case studies de violência psicológica e desonestidade humana fomentada pela ausência de comunicação perante os que mais estimamos. E realismo cinematográfico, quando não exposto através de documentário, é isto. De visualização obrigatória.

. CONTÁGIO (2011), de Steven Soderbergh



À medida que um vírus desconhecido se espalha a uma velocidade nunca vista no mundo contemporâneo, os aspectos menos lisonjeiros da humanidade vão-se revelando.



Pouco recomendado a germofóbicos e cinéfilos em geral, CONTÁGIO é uma mera checklist dos dramas que associamos a este sub-género do filme-catástrofe: do pânico urbano até aos interesses políticos que se delineiam nos bastidores e a (suposta) luta de quem pretende denunciar toda a verdade, sem recorrer a uma montagem especialmente habilidosa nem se centrando numa personagem ou situação em particular.

Não é novidade que Soderbergh se distingue pela variedade de registos, que vão do experimental (SCHIZOPOLIS, 1996) ao entretenimento pointless (OCEAN'S ELEVEN — FAÇAM AS VOSSAS APOSTAS, 2001) com o mesmo à-vontade. Todavia, em CONTÁGIO, o cineasta aparenta somar mais um item à sua carreira — o de "tarefeiro", que reúne uma série de actores consagrados na concepção de uma obra que, só a espaços, revela-se minimamente interessante.

. HABEMUS PAPA — TEMOS PAPA (2011), de Nanni Moretti



O novo papa eleito (Michel Piccoli) sofre um ataque de pânico no momento em que é suposto aparecer na varanda da Praça de São Pedro para saudar os fiéis. Os seus conselheiros, incapazes de o convencer de que ele é o homem certo para o cargo, procuram a ajuda de um conhecido psicanalista (Nanni Moretti).



Apesar de não ser dos meus cineastas de eleição, sempre admirei a coesão que Nanni Moretti ostenta quando aborda a "sátira humanista". E o cenário de um Papa recém-eleito mas acossado por ataques de ansiedade prometia mais do que é aqui concretizado. Ou seja, nem sátira nem paródia, muito longe de se assumir como visão crítica do Vaticano, que falha parcialmente nos momentos deliberadamente construídos como humorísticos mas certeiro na observação das crises de identidade que podem atingir qualquer um de nós.

É nesse aspecto que HABEMUS PAPAM se demonstra um óptimo filme, nomeadamente porque tem a seu favor o rosto e talento de Michel Piccoli e em quem toda a narrativa deveria centrar-se. No fim, o psiquiatra (interpretado pelo próprio Moretti) não chega ao estatuto de caricatura, há uma diversidade de sub-plots cujas intenções nunca são devidamente justificadas e a verdadeira mensagem do filme — a redescoberta do indivíduo — quase passa despercebida. Vale mesmo pelo protagonismo de Piccoli.

. ISTO NÃO É UM FILME (2011), de Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb



Jafar Panahi — cujas obras examinam de forma crítica a realizade social do Irão —, condenado a prisão domiciliária e proibido de filmar durante os próximos 20 anos, decide "contar" um filme em vez de o "fazer".



"Isto Não É Um Filme" porque nele não reencontramos o charme e a elegância que caracterizam a carreira cinematográfica de Panahi. Aqui, o cineasta iraniano é um indivíduo quase amedrontado, obviamente frustrado e sedento de expressão criativa. As "encenações" do filme que o impedem de materializar — uma história de amor com um ligeiro toque à Chekhov — representam as alturas mais dinâmicas da vida de um artista obrigado a reaprender os moldes mais básicos de interacção social.

Apresentado clandestinamente no estrangeiro, é um tributo à liberdade de expressão, cujos ideais serão (têm de ser!) estudados no futuro. Muito recomendado.

Creative Commons License
Keyzer Soze's Place by Sam is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported License.
Based on a work at sozekeyser.blogspot.com.