quinta-feira, janeiro 31, 2013

A "Polémica" do Mês #19

Como a blogosfera cinéfila nacional divergiu, este mês, sobre DJANGO LIBERTADO, de Quentin Tarantino.





«É o exemplo paradigmático do génio de Quentin Tarantino, um filme soberbo, cheio de falas afiadas, violência, humor negro, acção, boas interpretações e muita genialidade. Assim vale a pena ir ao cinema.»
Aníbal Santiago, Rick's Cinema.



«Por um lado, não reconheço o génio neste filme como reconheci em filmes anteriores; por outro lado, creio que ainda assim consegue incutir frescura estética a um género difícil de inovar mas sem arrojo e entusiasmo desmesurados.»
Victor Afonso, O Homem Que Sabia Demasiado.



«A arrastar-se em vez de empolgar, esta frouxa pileca é manta de retalhos onde nunca caiu mancha tão grande, leia-se a carreira do seu realizador e argumentista.»
Ricardo Lopes Moura, axasteoquê?!.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

BARBARA (2012), de Christian Petzold



Verão de 1980. Barbara é uma médica que pediu visto de saída da República Democrática Alemã. Como castigo, foi transferida para um pequeno hospital na província, longe de tudo. Jörg, o seu namorado do ocidente, está a planear a fuga dela. Barbara aguarda. O novo apartamento, os vizinhos, o verão, o campo - nada disso lhe diz alguma coisa. — filmspot.pt



No seio da aparente normalidade social, reina o espectro da opressão política e humana.

Eis, em poucas palavras, BARBARA, um filme sobre a Guerra Fria sem os habituais mecanismos do sub-género. Ao invés da descrição pormenorizada da vigilância militante de AS VIDAS DOS OUTROS (2006, Florian Henckel von Donnersmarck) ou do calor quase nostálgico de ADEUS, LENINE! (2003, Wolfgang Becker) — só para citar dois títulos germânicos recentes —, BARBARA assenta no impassível e fleumático estilo cinematográfico de Petzold para encenar um retrato naturalista de perseguição e repressão, para o qual a contida interpretação de Nina Hoss, assim como o inteligente recurso ao som e à música diegéticos, muito contribuem para a envolvência do espectador no passado, presente e futuro da protagonista. E, por inerência, nos da própria Europa.







É no drama, encarnado por Nina Hoss, que o filme se desenrola. Virtualmente omnipresente, carregando no seu semblante uma aura de simultâneo mistério e sensibilidade e, nas relações pessoais que alimenta, a possibilidade de ser promotora e vítima de jogos de espionagem dos quais somente apreendemos a superfície, BARBARA permite-nos a "redenção" da personagem — talvez, uma das criações femininas mais complexas que o ano transacto ofereceu — como desfecho surpreendente, mas gerador de outras dúvidas: redenção de quê e face a quem? E tratar-se-à mesmo de redenção, ou apenas um novo capítulo no pesar ideológico de Barbara?

É através da subtileza que se captura a aspereza e tirania da era retratada, elegantemente consubstanciada em Hoss e merecedora de atenção pública. O triunfo crítico está garantido.

Curiosidade da Semana



Cinco posters para cada um dos nomeados a Melhor Filme nos BAFTA (British Academy of Film and Television Arts).

E em boa hora chegaram para nos desafiar os sentidos e memórias sobre os títulos em competição:


ARGO


LINCOLN


00:30 A HORA NEGRA


A VIDA DE PI


OS MISERÁVEIS

[Fonte: Collider.]

Fevereiro na Cinemateca Portuguesa



RETRATOS DE INFÂNCIA segundo John Ford, Vittorio de Sica, Sam Wood, Jean Renoir, Volker Schlöndorff, Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Tim Burton, Albert Lamorisse, Jacques Demy, Frederick Wiseman e Nagisa Oshima. Entre muitos outros.

Programação completa.

sábado, janeiro 26, 2013

Hollywood Buzz #195

O que se diz lá fora sobre BROKEN CITY, de Allen Hughes:



«It's pretty trashy and sometimes stupid. But there was never a moment when I wasn't entertained on one level or another.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«Hughes visual choices can feel borrowed and clichéd, but his regard for beauty often compensates for his blunders, as does the sturdy, reliable appeal of another story of good and evil, men and women, light and dark, glass and steel, sex and power. As it turns out, there are eight million and one stories in the naked city.»
Manohla Dargis, The New York Times.

«Competent but juiceless New York melodrama, an unpersuasive marriage of head-slamming action and middling civic intrigue that treats issues like gay rights and public housing as red herrings rather than actual talking points.»
Justin Chang, Variety.

«Would have made for a fine film noir 60 years ago but feels rather contrived and unbelievable in the setting of contemporary New York.»
Todd McCarthy, The Hollywood Reporter.

«The truth is that we're way past being outraged by these sorts of Crimes of the One Percent, not because they don't happen, but because the real version is so much more interesting.»
Owen Gleiberman, Entertainment Weekly.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

DJANGO LIBERTADO (2012), de Quentin Tarantino



No Sul dos Estados Unidos da América, dois anos antes da Guerra Civil, Django (Jamie Foxx) é um escravo com um passado de violência às mãos dos seus proprietários. O Dr. King Schultz (Cristoph Waltz), um caçador de prémios de origem alemã precisa da ajuda de Django para capturar os perigosos irmãos Brittle e compra-o com a promessa de o libertar assim que receber o dinheiro pela captura dos criminosos. No entanto, após o sucesso da missão, os dois decidem não se separar. Schultz torna-se mentor de Django e os dois percorrem o Sul perseguindo os fora da lei. Mas Django só tem um objetivo em mente: salvar a sua mulher, Broomhilda (Kerry Washington). — filmSPOT.



O "d" no nome do protagonista até pode ser silencioso, mas Quentin Tarantino ensaia em DJANGO LIBERTADO um sonante e explosivo espectáculo cinematográfico, onde as habituais referências invocadas pelo cineasta — que, cada vez mais, tanto se assemelham a descaradas imitações como a algo de inteiramente inaudito — são um prazer no interior dos inúmeros prazeres de uma obra simultaneamente superficial e complexa.

É impossível — para Spike Lee, foi irresistível — não tentar dissecar as implicações morais de um filme que escolhe os violentos tempos da escravatura nos EUA como cenário para o seu argumento. Mas o tom 'pulp fiction' em que DJANGO LIBERTADO se inebria cedo nos indica que, aqui, não existem pretensões de emitir juízos de valor nem quaisquer observações de justiça histórica.

Da mesma forma, esta é uma obra que não se cinge apenas ao Western Spaghetti, apesar de ser o género, visual e referencialmente falando, predominante — não falta, sequer, um cameo por Franco Nero, o DJANGO original. Homenageia-se, também, o blaxploitation, o grande cinema clássico de Hollywood (há deliciosas alusões a O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO e E TUDO O VENTO LEVOU), o universo do obscuro cinema de série B e Z, a filmografia do próprio Tarantino e, inclusive, narrativas Wagnerianas.







Esta miscelânea de menções cinematográficas poderá ser considerada desviante, espirituosa, vertiginosa e profana na sua aparente aleatoriedade, com harmoniosa sede pelo anacronismo (assim se explica a presença na banda sonora de nomes como Anthony Hamilton, James Brown ou John Legend, ao lado das óbvias selecções de temas por Ennio Morricone e Luis Bacalov) e possuidora de um feroz poder de entretenimento como tem sido raro avistar, nos últimos tempos, no cinema norte-americano de grande orçamento. Mas, ao mesmo tempo, Tarantino consegue produzir — e reitera-se a muito provável inexistência dessa "consciência" — uma observação mordaz e original sobre a memória de um país em constante gládio com os seus fantasmas, sejam eles "bons, maus e vilões".

Num ano em que Hollywood encontrou inspiração acima da média na História do seu país (de LINCOLN a de THE MASTER, de ARGO até 00:30 A HORA NEGRA), DJANGO LIBERTADO é o ponto alto desse tendência. Brindada por uma fabulosa direcção de fotografia (e em película) de Robert Richardson e, como já é apanágio com Tarantino, memoráveis desempenhos secundários de Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson, eis um dos grandes filmes de 2012.

terça-feira, janeiro 22, 2013

Add to Cart #53



«Murray’s moment in the spotlight was fleeting. The introduction of talkies, a string of failed marriages, a serious career blunder, and a number of bitter legal battles left the former star in a state of poverty and mental instability that she would never overcome.

In this intriguing biography, Michael G. Ankerich traces Murray’s career from the footlights of Broadway to the klieg lights of Hollywood, recounting her impressive body of work on the stage and screen and charting her rapid ascent to fame and decline into obscurity.
»

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Agenda Cinematográfica

:: 9500 CINECLUBE DE PONTA DELGADA ::

OBSESSÃO (1942), de Luchino Visconti



O primeiro filme de Visconti, uma das suas obras-primas absolutas, foi realizado em plena guerra e adaptou o romance «O carteiro toca sempre duas vezes», de James Cain.

O filme costuma ser considerado um precursor do neo-realismo, interpretação que se justifica, na medida em que Visconti mostra um mundo totalmente oposto ao das amáveis comédias italianas do período, com personagens pobres, desempregadas, homicidas. "A Itália não é isto", teria dito Mussolini ao ver o filme. Inegavelmente realista,
é também impregnado por algum fatalismo, próximo do cinema francês dos anos 30, e ilustra o culto dos corpos e a mística da carne, que estão no cerne do cinema de Visconti.



[Hoje, pelas 21h30, na Sala 2 do Cine Solmar.]

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Hollywood Buzz #194

O que se diz lá fora sobre MAMA, de Andrés Muschietti:



«Movies like MAMA are thrill rides. We go to be scared and then laugh, scared and then laugh, scared and then shocked. Of course, there's almost always a little plot left over for a sequel. It's a ride I'd take again.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«Instead of delivering buckets of guts and gore, this ghost story offers a strong sense of time and place, along with the kind of niceties that don't often figure into horror flicks, notably pictorial beauty, an atmosphere throbbing with dread and actors so good that you don't want anyone to take an ax to them.»
Manohla Dargis, The New York Times.

«Mama, for all her digital and prosthetic creepiness, is finally a bit of a bore.»
Justin Chang, Variety.

«Mama represents a throwback and a modest delight for people who like a good scare but prefer not to be terrorized or grossed out.»
Todd McCarthy, The Hollywood Reporter.

«Nothing in the movie is quite original, yet Muschietti, expanding his original short, knows how to stage a rip-off with frightening verve.»
Emily Rome, Entertainment Weekly.

00:30 A HORA NEGRA (2012), de Kathryn Bigelow



A caça ao lider da al-Qaeda, Osama Bin Laden, iniciada após os atentados terroristas de 11 de Setembro, preocupou o mundo e dois Governos Americanos durante mais de uma década. Por fim, foi uma pequena e dedicada equipa de operacionais da CIA que o conseguiu localizar. — filmspot.pt



A ambiguidade moral do realpolitik da Guerra ao Terror encontra em 00:30 A HORA NEGRA objecto sagrado, um filme onde as desventuras de uma década da CIA pelo Médio Oriente até ao assassinato de Bin Laden são cimentadas pela árdua recordação dos eventos que conduziram uma nação àquele estado de espírito — a audição, logo nos primeiros minutos, das gravações verídicas de vítimas do 11 de Setembro não deixa margens para dúvida quanto a essa postura artística — e que trilha, corajosamente, uma linha ténue entre o semi-documental e o propagandístico.

No entanto, a robusta atitude cinematográfica de Kathryn Bigelow (demonstrada cabalmente em títulos como DEPOIS DO ANOITECER, RUPTURA EXPLOSIVA e o oscarizado ESTADO DE GUERRA) perante o tema converte 00:30 A HORA NEGRA numa obra cuja tensão é gerada pela mera observação de "procedimentos", movida a bom ritmo sem sonegar a reflexão ética em torno dos métodos utilizados (tortura, vigilância, contra-informação) para o desfecho que todos conhecem — o assalto ao bunker no Paquistão onde o fundador da Al-Qaeda se refugiou, ou trinta minutos de cinema de acção como só Bigelow, no actual panorama do cinema norte-americano, consegue produzir — e que transporta para Jessica Chastain (segura e eficaz, caindo por vezes em algum overacting quase imperceptível) o estatuto de personagem-tipo e fusão dos diversos intervenientes envolvidos na caça a Bin Laden.







Almejando dois fabulosos trabalhos de fotografia e sonoplastia, 00:30 A HORA NEGRA, na forma e conteúdo, está longe de ser o típico filme de acção e, por aqui, privilegiar-se-à sempre qualquer excepção às "normas". Todavia, a sua natureza moral é "movediça", atraiçoando, nesse processo, a verosimilhança e previsibilidade de um argumento «baseado em depoimentos» e que, no cômputo geral, revela-se acentuada e exclusivamente fabricado para uma apreciação positiva pelo público norte-americano.

A ameaça do terrorismo é internacional, 00:30 A HORA NEGRA dificilmente merecerá tal adjectivo. Mas eis o óptimo filme de guerra sobre a guerra invisível que apenas jaz na nossa imaginação.

terça-feira, janeiro 15, 2013

Jukebox #35

(«Jukebox»: boa música e os videoclips mais criativos do ponto de vista cinematográfico).

. Monarchy feat. Dita Von Teese, «Disintegration»



2013 mal começou, mas há fortes probabilidades de já termos encontrado um dos videoclips mais sugestivos do ano.

O duo electrónico Monarchy une-se à estrela do burlesco, e ex-Mrs. Marilyn Manson, Dita Von Teese, que empresta a sua voz ao tema «Disintregation» e a sua presença física ao respectivo vídeo musical (realizado pelo jovem Roy Raz), no papel de uma improvável dona-de-casa que, como não poderia deixar de ser, revela-se absolutamente susceptível a todo um compêndio de sensuais duplos sentidos visuais.



sexta-feira, janeiro 11, 2013

Hollywood Buzz #193

O que se diz lá fora sobre GANGSTER SQUAD, de Ruben Fleischer:



«To be fair, this tawdry dose of pulp fiction ("inspired by real events") is not a complete waste of time. It offers the marginal pleasure of an all-star cast slumming their way through a thicket of routine plotting, almost laughable dialogue and the constant blaze of tommy guns.»
Roger Ebert, Chicago Sun-Times.

«Too self-serious to succeed as pastiche, it has no reason for being beyond the parasitic urge to feed on the memories of other, better movies.»
A.O. Scott, The New York Times.

«The cops play things as dirty as the crooks in GANGSTER SQUAD, an impressively pulpy underworld-plunger that embellishes on a 1949 showdown between a dedicated team of LAPD officers and Mob-connected Mickey Cohen (Sean Penn) for control of the city.»
Peter Debruge, Variety.

«Made up of synthetics rather than whole cloth, this lurid concoction superficially gets by thanks to a strong cast and jazzy period detail, but its cartoonish contrivances fail to convince and lack any of the depth, feeling or atmosphere of genre stand-bearers like L.A. CONFIDENTIAL.»
Todd McCarthy, The Hollywood Reporter.

«Brolin and Gosling are both supposed to be playing World War II veterans who bring their knowledge of battle into the tough turf of the streets, but that's just a concept that the sketchy, half-baked script tosses out there.»
Owen Gleiberman, Entertainment Weekly.

quarta-feira, janeiro 09, 2013

"Óscares" de Marketing Cinematográfico [5ª Edição]

É com enorme prazer que o Keyzer Soze's Place volta a desafiar, pela quinta vez consecutiva, a comunidade blogger cinematográfica e generalista a votar no melhor que se concretizou, durante o ano de 2012, em termos de promoção cinematográfica.

Da análise feita, e que resultou nas selecções abaixo apresentadas, os últimos doze meses não ficarão registados como dos mais fulgurantes no que toca a marketing de cinema. Reflexo da crise económica e/ou criativa da indústria — e tendo Hollywood como exponente máximo da actividade mundial —, basta observar as edições anteriores desta iniciativa e perceber como os nomeados de 2012 para Melhor Poster, Trailer, Site Oficial e Campanha empalidecem quando comparados aos dos anos anteriores.

Apesar desta conjuntura, os indicados a Melhor Poster, Melhor Trailer, Melhor Site Oficial e Melhor Campanha Publicitária de 2012 — em cada categoria, é permitida o voto noutro caso meritório de reconhecimento, estreado comercialmente em Portugal no ano passado, na própria janela de votação — aqui estão.

Os dados estão lançados e a "urna" estará aberta até ao dia 31 de Janeiro.
O Keyzer Soze agradece, desde já, a vossa participação.

--//--

A) Melhor Poster de 2012

Nesta categoria, os nomeados são:

1) AMOR



2) ATTENBERG



3) A CASA NA FLORESTA



4) POLISSIA



5) VERGONHA






B) Melhor Trailer de 2012

Nesta categoria, os nomeados são:

1) CRÓNICA



2) ENTER THE VOID — VIAGEM ALUCINANTE



3) LOOPER — REFLEXO ASSASSINO



4) MILLENNIUM 1 — OS HOMENS QUE ODEIAM AS MULHERES



5) VERGONHA






C) Melhor Site Oficial de 2012

Nesta categoria, os nomeados são:
(para acederem aos sites, basta clicar na imagem que acompanha as nomeações)

1) CLOUD ATLAS

Página com visual ambicioso, a apresentação das personagens ecoa as várias linhas temporais da narrativa e é impossível não destacar o interessante mosaico que se pode formar, neste local do site, ao som do sexteto que dá nome ao filme.



2) LOOPER — REFLEXO ASSASSINO

Uma das propostas de site oficial mais desafiantes do ano transacto, que convida o visitante a uma longa viagem — dependendo da perspectiva, também pode ser do tempo — pelos diversos focos de interesse do filme.



3) OS DESCENDENTES

Leve, de navegação quase intuitiva e narrado pelo próprio George Clooney, converte o álbum de fotografias de família — um "festim" de material audiovisual — do protagonista do filme nas diversas secções do filme.



4) PARANORMAN

Nenhum aspecto promocional (personagens, trailer, fotos, featurettes) é esquecido neste site que, adoptando o esquema de filme dentro do filme, revela-se absolutamente interactivo e quase tridimensional.



5) PROMETHEUS

Estruturado como se fosse um site institucional (a empresa anunciada é a "infame" Weiland), nenhum aspecto institucional fica de fora: da apresentação comercial até ao recrutamento, o filme de Ridley Scott é "vendido" da forma mais subtil possível.






D) Melhor Campanha Publicitária de 2012

Nesta categoria, os nomeados são:

1) JOGOS DA FOME



A campanha viral do filme, sedeada em diversos microsites e redes sociais (1, 2, 3, que podem ser acedidos a partir do site oficial), revela a vida, costumes e cenários do Capitólio, interiorizando no espectador o ambiente em que a narrativa se desenrola.

2) MILLENNIUM 1 — OS HOMENS QUE ODEIAM AS MULHERES



As diversas etapas da produção do filme, explanadas em quatro endereços (1, 2, 3, 4), constituiu uma das estratégias mais cativantes de promoção cinematográfica do ano transacto.

3) PROMETHEUS





Numa campanha onde o marketing quase se tornou extensão do próprio argumento do filme, a TEDTalk de Peter Weyland (interpretado por Guy Pearce) foi um dos pontos altos do marketing de cinema de 2012. Destaque para os vários microsites virais (1, 2, 3), que destacaram o protagonismo de Noomi Rapace ou o "robot" de Michael Fassbender.




terça-feira, janeiro 08, 2013

Add to Cart #52



With Hollywood's Last Golden Age, Jonathan Kirshner leaves little doubt that he believes that '70s films represented the last golden age, and that there will likely be no additional golden ages in Hollywood’s future. He ends the book with an epitaph for the '70 films, "The American film culture had change. It wasn’t about anything anymore."

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Agenda Cinematográfica

:: 9500 CINECLUBE DE PONTA DELGADA ::

A ARCA DO ÉDEN (2012), de Marcelo Félix



A ARCA DO ÉDEN é um filme-poema sobre a memória e a preservação. Através de uma analogia discreta entre os problemas da conservação na botânica e no cinema, e seguindo os passos de um viajante indeciso entre guardar e descobrir, o filme liga o passado e o futuro, ambos míticos, da nossa luta com a perda do que nos rodeia e faz parte de nós.



[Hoje, pelas 21h30, na Sala 2 do Cine Solmar.]

Por uma definição justa de pirataria

A pirataria é um mal que paira sobre a Humanidade. Todas as semanas, navios de praticamente todas as nacionalidades correm grandes riscos de serem abordados por piratas somalis nos Mares Arábico e Índico. Enquanto isso é um atentado à integridade física de pessoas e um roubo de produtos físicos — e a também antiga contrafacção de artigos coloca em risco a vida ou a saúde das pessoas — os governos e entidades mais ou menos oficiais preocupam-se principalmente com um tipo de pirataria bem mais ofensivo ou perigoso: a democratização do conhecimento cultural, através da partilha de conteúdos digitais.

Os conteúdos digitais foram uma invenção da indústria. Dando variedade de formatos e portabilidade, tencionavam vender mais, mais depressa e com maior lucro. E tal como no tempo dos gravadores de VHS, os consumidores contornaram as regras. Se há vinte anos as revistas apoiavam o consumidor fornecendo capas e códigos para gravar à hora certa, agora são os próprios fornecedores de serviços televisivos a permitir a gravação e visionamento posterior com um mínimo de esforço. E isso é legal porque, apesar de os fabricantes de conteúdo não gostarem, como são empresas que o fazem pagam impostos, continua a ser negócio. Os consumidores agradecem o serviço prestado.

Vender DVD contrafeitos é ilegal. Porque nesse cenário não ganha quem faz o conteúdo, nem quem o vende paga impostos sobre o seu trabalho. O consumidor agradece pagar menos do que por um bilhete de cinema ou uma cópia oficial e, como os tempos estão difíceis, já sente que é justo cortar numa despesa "supérflua" como é o entretenimento. Disponibilizar conteúdos online equivale ao anterior porque, atingindo determinada escala, começa a arrecadar quantias consideráveis de dinheiro com a publicidade.

E se quem os coloca online não estiver a ter lucro, nem a roubar a ninguém? Esse era o caso do blog My One Thousand Movies.



Os três mil filmes que tinha eram clássicos que não se encontram à venda nem passam na televisão. Pretendiam dar a conhecer o património cinematográfico da humanidade. Serviam para descobrir cineastas esquecidos e obras de culto, mas com pouca resolução para que ninguém se sentisse tentado a ficar com essa versão em vez de se dedicar a procurar no mercado convencional de importação uma versão melhor. Outra vantagem é que no My One Thousand Movies todos os filmes tinham legendas em português ou numa língua mais ou menos compreensível. Na importação não.

Dia 16 foi fechado pela Google sem qualquer aviso por incentivo à pirataria. Estamos a falar de filmes quase impossíveis de encontrar no mercado, que em nada rivalizavam com a versão comprada, se existisse uma, e que tinham no máximo uma centena de downloads provenientes de todo o mundo, não apenas de Portugal.

O que o My One Thousand Movies fazia era complementar (ou substituir) a missão da deficiente televisão pública de educar cinéfilos. Muitos bloggers recorreram a este repositório para rever um título acarinhado, ou, a partir do filme e da pequena resenha que o acompanhava, fazerem publicações com as quais muitas outras centenas de pessoas ficaram com vontade de descobrir um cinema marginal e esquecido.
Isto não é pirataria, é serviço público, e é preciso (re)definir o enquadramento legal adequado.

Se alguém errou no meio disto tudo foram as distribuidoras que não viram interesse em comercializar os filmes. Ninguém o pode ver porque não compensa comprar os direitos e fabricar para pouca gente? Sugeríamos que houvesse um videoclube online no qual, por um valor simbólico, se pudesse ver o filme contribuindo para a distribuidora.

A distribuidora não teria encargos com a manufactura de cópias físicas que ficariam a ocupar espaço em armazém. Os consumidores exigentes encontrariam o que queriam imediatamente sem remexer em caixotes de promoções nas superfícies comerciais. Os retalhistas não estão interessados em ter uma cópia única de milhares de filmes que poderão nunca vir a comercializar, mas estariam interessados em vender cartões pré-pagos de acesso a esse serviço, como fazem para as consolas.

Se o preço fosse suficientemente baixo toda a gente poderia espreitar e talvez descobrir algo único.

Enquanto este tipo de serviço não existir, estaremos sempre dependentes da boa vontade, dedicação e cultura de pessoas como o autor do My One Thousand Movies. Mesmo que achem que isso vai contra a lei. De todos nós, obrigado.

Signatários:
Ana Sofia Santos Cine31 / Girl on Film
André Marques Blockusters
António Tavares de Figueiredo Matinée Portuense
David Martins Cine31
Francisco Rocha My Two Thousand Movies
Gabriel Martins Alternative Prison
Inês Moreira Santos Hoje Vi(vi) um filme / Espalha-Factos
Jorge Rodrigues Dial P for Popcorn
Jorge Teixeira Caminho Largo
Luís Mendonça CINEdrio
Manuel Reis Cenas Aleatórias / TV Dependente
Miguel Reis Cinema Notebook
Nuno Reis Antestreia
Pedro Afonso Laxante Cultural
Rita Santos Not a Film Critic
Samuel Andrade Keyzer Soze's Place / O Síndroma do Vinagre
Victor Afonso O Homem que Sabia Demasiado

sexta-feira, janeiro 04, 2013

A Angústia do Blogger Cinéfilo no Momento do Penalty: Quartos-de-Final



O sorteio foi realizado e os desafios que compõem os quartos-de-final do torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo no Momento do Penalty já são conhecidos.

Assim, coube ao Keyzer Soze ter como "adversário" a equipa delineada pelo Jorge Rodrigues, do blog Dial P For Popcorn.

As equipas entrarão em "campo" com os seguintes alinhamentos:

Keyzer Soze's Place (a azul) vs. Dial P For Popcorn (a preto)



Se acreditam que Jafar Panahi é guarda-redes para deter qualquer tentativa de golo por parte de Todd Haynes e que o samba impetuoso de José Padilha fará o cinismo defensivo de Michael Haneke claudicar, então coloquem o vosso voto, até ao próximo dia 11 de Janeiro, no onze do Keyzer Soze aqui.

Boa sorte para todos as equipas cinéfilas em competição!

Creative Commons License
Keyzer Soze's Place by Sam is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported License.
Based on a work at sozekeyser.blogspot.com.